outubro 23, 2021

VICTOR HUGO

Meus avós, em Cruz Alta


“É preferível a fome na floresta,

do que a escravidão num palácio.” 

 

SEU JOÃO


Andava por aí, pelo interior das nossas colônias...

E numa  dessas conheci o seu João *, na capina do potreiro, em frente a sua casinha. 

Parei, pedi uma orientação e a prosa afrouxou. 

Até que as palavras caíram naquele fosso... Vocês sabem qual. 

E ele, apoiado no cabo da enxada, olho na terra, ou nos meus tênis, disse.

 

-  Mas a senhora vê... Não adianta, todos os partidos são desonestos. É tudo igual.

- Sim... Concordo.

- Tem os partidos que roubam para os ricos.  E tem os que roubam para os pobres, certo?

- Não sei... - respondi.

- Sabe sim. – E me olhou bem firme nos olhos. -  Prefiro os que roubam pra  gente como eu.

 

Pensei se ele teria lido  “O Homem que ri”, de Victor Hugo, edição de 1869:

“A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a questão dos que têm e dos que não têm.” 


* Nome fictício.
 

MOHSEN NOURI NAJAFI





Mohsen  Nouri Najafi é um cartunista iraniano. 
Mora em Teerã.

Revirei a internet para descobrir mais sobre seu trabalho, mas não descobri.


Premiado em alguns  concursos.  



O que me deslumbrou foi seu olhar  sensível ao verde...

E o seu traço  tão sofisticado,


melancólico.


Triste. Muito triste.





 


 

Uma vez perguntaram ao poeta Vinicius de Moraes pq ele foi ser diplomata. E ele espondeu pq ele não sabia fazer nada...  E precisa?

 AUSÊNCIA

“Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.”

 Vinicius de Moraes

outubro 20, 2021

@HOSPICIO_BRASIL


 "A gente podia estar conversando sobre música,

poesia, literatura da boa e tal.

Mas somos obrigados a gastar

boa parte do nosso precioso tempo

falando de um clã brega, incompetente,

estúpido e armamentista,

que resolveu transformar este país numa pocilga.

Que tristeza, ó Deus..."

DIA DE AUDIO CRÔNICA

O devorador do nosso tempo

Peter Rubens é um pintor alemão, influenciado pelas  pinturas de  Michelângelo e Leonardo da Vinci, entre outros. Tem várias telas famosas. Se interessar, pesquise!

Em 1637, Rubens pintou uma obra espetacular “Saturno devorando o filho”. 

Tá lá  no Museu do Prado, em Madri.

Esses dias, vi a explicação dessa alegoria, e resumi: 

Saturno, o mais temido e tirano dos deuses, engole os filhos recém paridos por sua esposa Réia, que simboliza a Terra.

Saturno tem medo que os filhos cresçam e lhe roubem  o trono, roubem o poder. 

Réia, esperta, consegue salvar um deles, Zeus. E o receio de Saturno, se realiza.

Em grego, Saturno é Cronos -  o deus do Tempo. Ou seja, significa que todos nós seremos engolidos pelo Tempo. Ou destruídos por ele.

Mas eu viajei legal quando vi a explicação dessa tela...

Pensei nele, o deus da bosta, devorando os próprios filhos que um dia vão lhe derrubar... 

Até que Bostonauro foi esperto: fez com que todos eles seguissem a vida política. 

Então... Não duvido que um dia sejamos governados por suas crias monstruosas. Não duvido. 

Até porque na tela “Saturno devorando um de seus filhos”, de outro pintor famoso, Goya, a alegoria em questão se refere à monarquia,  ao Estado que devora seus súditos. 

Ou seja, o Brasil de bostonauro ainda vai ferrar  com a gente...

Adoro mitologia!                        


 

ARQUITETURA VERDE


 Aqui em Lajeado, os que se acham ricos são de uma pobreza imensuravel. A primeira coisa que fazem é cortar tudo no terreno: limpar. Aí, concretam sem deixar espaço para um pé de pitanga...

BENETT GENIAL

Tenho seis pontos inflamados no corpo. Dói pra caralho. Tô me entupindo de anti-inflamatório, de remédio para dor. Minha mãe disse que são as raivas. Sempre me prometo que não vou mais falar nada desse governo desgraçado, corrupto  e nazista. Que não vou mais me importar se cortam arvores nesse cu de cidade onde vivo. Que morram queimados. Vou botar um antolho só pra não enxergar nada. Pois é... Mas vou precisar entupir de algodão os ouvidos: vinha tranquila pela calçada quando ouvi um cara da vizinhança pedir ao pedreiro, de uma das obras ao redor, como fazia para matar o coqueiro na calçada dele. Juro! E o pedreiro disse: veneno na base.  Respirei fundo e pensei: foda-se.