agosto 01, 2014

JOHN MILTON CAGE

"Não consigo entender 
por que as pessoas têm medo 
das novas idéias. 
Eu tenho medo das velhas." 

GLORIOSA POSTERIORIDADE

(clique sobre a imagem para ampliar)
Na minha cidade vivia um fotógrafo chamado Sebaldo.
A cidade o conhecia sem o reconhecer. Enquanto mais jovem, todos o ridicularizavam, o que hoje é conhecido como bulling. Sebaldo saiu pequeno da colônia para estudar num seminário. Criou-se ingênuo, simplório e humilde. Todos riam de seus trejeitos na hora de fotografar. As pessoas encomendavam as fotos e nunca buscavam. E quando o procuravam, roubavam as fotografias do pequeno estúdio onde ele trabalhava e morava. Criou o estilo Sebaldo de fotografar. Registrou casamentos, primeira comunhão, crismas. Recepções a políticos e desfiles de sete de setembro. Jantares em clubes e almoços no salão paroquial. Aniversários, festas em colégios, gincanas. Carnavais de salão e de rua. Bailes na colônia e de debutantes e concursos de miss. Fotografou padres e prostitutas. Mães e e seus filhos. Gente pobre e gente rica. Sebaldo morreu no verão do ano passado, mas deixou mais de dez mil fotografias que registram a sociedade desde o início dos anos 70 até o fim do século XX. São mais de 40 anos de fotografias guardadas em caixas no apartamento onde viveu quase até chegar a morte. Quase na penúria.
Sebaldo merece uma exposição permanente em Lajeado.
Poderiam dar significado a sua vida e significante a essa cidade sem preocupação alguma com sua história.

Dignificaria ambos.

EX-ARVORES



Duas arvores que não existem mais na calçada da escola Madre Barbara, na minha cidade, lembram o poeta Manuel Bandeira: "Que tempos são estes, em que uma conversa sobre árvores é quase um crime. Porque implica calar-se sobre tantas infâmias..."?