Guardachuvadelaura
agosto 24, 2024
SCHRIFTSTELLER IN KLAMMERN
José Antonio do Vale Caldre e Fião
A Parêntese, revista semanal da Matinal
- todos os sábados - trouxe 4 edições de
uma pesquisa do professor Luís Augusto Fischer sobre escritores teutodescendentes
- uma forma literária de celebrar os 200
anos da imigração germânica no Brasil.
Fischer escreve no primeiro capítulo sobre “o primeiro romance escrito por um gaúcho, A divina pastora, de Caldre e Fião (1847), tem no centro do enredo o amor impossível de Almênio por Edélia — ele conhece outra moça, Clarinda, filha do velho Hendrichs, e vem a casar com ela. Uma germânica estava simbolicamente integrada ao mundo brasileiro, já naqueles tempos, em que a população dessa etnia deveria compor não menos de 10% do total dos porto-alegrenses, havendo nessa altura talvez mais de vinte representações consulares de língua alemã na capital do Rio Grande do Sul.”
O professor elenca vários autores
conhecidos das nossas páginas, mas pinçou outros tantos que eu nunca ouvi
falar, como Vivaldo Coaracy (Rio de Janeiro, 1882-1967), que viveu alguns anos
em Porto Alegre, autor de Frida Meyer, lançado em 1924 , “com um enredo
datado de antes da I Guerra, o romance tem no centro a figura do título, uma
jovem mulher que dirige uma pensão. Sua família de origem, assim como
frequentadores da pensão e alguns lugares identificados como germânicos em
Porto Alegre – bares, restaurantes etc. –, desfilam em suas páginas.”
Também fiquei curiosa para ler Suzana
Albornoz (Santana do Livramento, 1939), que escreveu Maria Wilker, de
1982 (vencedor de prêmio nacional no momento, o Cruz e Souza, de Santa
Catarina) ou Menalton Braff (Taquara, 1938) - com vários livros publicados,
ganhou o Jabuti em 2000 com À sombra do cipreste, primeiro livro
que assinou com seu nome verdadeiro, após outros livros publicados sob
pseudônimo.”
Citando tantos escritores gaúchos,
chama atenção quantos nasceram em Santa Cruz do Sul!
Lya Luft, Flávio René Kothe, Valesca de
Assis, Nilson May, Rodinei Kopp e “jornalista de formação, Laura Merten Peixoto
(Santa Cruz do Sul, 1958) vem publicando obras mergulhadas no mundo germânico.”
– essa menção me encheu de alegria! É
sempre um orgulho ser lembrada por Fischer, o que dirá, citada? O sábado, que
amanheceu nublado e frio, de repente se viu em primavera antecipada.
A RESSACRALIZAÇÃO DA NATUREZA
Toda estrutura de concreto esconde uma tristeza profunda,
que somos treinados a ignorar.
As paredes verticais à nossa volta, cinzentas e
sufocantes,
as calçadas sujas, cobertas pelos detritos da cidade,
os cheiros e barulhos,
o céu bloqueado pelos prédios,
a natureza entijolada e sufocada,
as pessoas fluindo pelas ruas com olhares vazios.
(...)
As cidades ditas belas são as que cultivam espaços verdes
variados,
as que deixam a natureza penetrar aqui e ali,
de avenidas largas repletas de árvores,
as orlas perfiladas de palmeiras,
os parques verdejantes com os bem-te-vis e os sabiás.
longo dos rios que cortam as cidades que se preocupam em
mantê-los
limpos, em fontes e chafarizes iluminados.
Não iremos nem precisamos, claro, abandonar as cidades.
Mas podemos nos comprometer em recalibrar nossa vida,
buscar ambientes onde a natureza nos encanta,
abrir espaço para mais verde e azul nas cidades,
as cores das florestas e do céu, que falam com o nosso
passado coletivo,
que nos conectam com as nossas raízes distantes.
* Marcelo Gleiser em O DESPERTAR DO UNIVERSO CONSCIENTE: um manifesto
para o futuro da humanidade.
ROSANE CARDOSO
A COR DO OPORTUNISMO
Todos os dias, injúrias e crimes de ódio escancaram um
Brasil racista.
A cada ano de eleição, novas manobras políticas colocam a
democracia à prova.
O descalabro da vez é o preteamento de candidatos. Nos
últimos 4 anos, de acordo com O Globo, cerca de 40 mil candidatos mudaram a
declaração de raça e cor. O mais recente é o prefeito de Porto Alegre,
Sebastião Melo que, depois de 9 candidaturas, "descobriu-se" pardo.
Além do óbvio oportunismo, existe, no fundo (ou na
margem) disso, um profundo inconformismo diante da reparação que o povo negro
conquistou. Em uma sociedade nostálgica da escravatura, as cotas continuam a
incomodar aqueles que acreditam que perderam oportunidades, concursos,
dinheiros.
Sem um pingo de vergonha, passam a disputar vagas que não
lhes pertencem, ressaltando, mais uma vez, o quanto o racismo, na nossa
sociedade, é uma ferida que sangra constantemente, o quanto a falta de
respeito, em relação a negras e negros, é um desafio diário.
Mas a luta contra isso, temos de lembrar sempre, não é só
da comunidade negra. É de se esperar que TODOS/TODAS se imponham contra a
desfaçatez.
DO MEU BLOQUINHO
O espírito do tempo... L’ esprit du temps. Não é só o livro de Edgar Morin. Não remete só a Proust. É o que construímos hoje e nossas memórias. Ou, como escreveu a escritora francesa Annie Ernaux: somos atravessados pelas coisas e pelas ideias, pelos acontecimentos que constroem o espírito do tempo. Ah, Lajeado... Sempre, a cidade das enchentes. Todo mundo que viveu e se criou aqui, TODO MUNDO, sabe disso. Mesmo assim voltarão a reerguer suas casas em zonas alagáveis e construir indústrias e edifícios em terrenos que são abraçados pelas águas poluídas do rio Taquari. L’ esprit du temps dessa cidade é a cretinice que cresce e viceja em todas esquinas fedorentas, com seus bueiros entupidos, com o canal poluído por esgotos das redondezas.
agosto 20, 2024
SILVIO SANTOS: SOBE OU DESCE?
Não me comovi com a morte de Silvio Santos.
Não sabia dizer o porquê além de achar seus programas de péssimo
gosto “Quer namorar comigo?”e de humilhações
na hora do “quem quer dinheiro” ou do caso da apresentadora infantil Maísa, de
apenas 6 anos. Coisas que soube pela imprensa porque nunca assisti a cafonice
do seu programa que tem em Luciano Huck, um seguidor fiel. Detestava o Palhaço Bozo, cheirador. E ainda
tem o caso do Teatro Oficina e a pressão do apresentador para construir um prédio de mais de 100
andares ao lado do teatro de Zé Celso. O
bilionário plastificado Silvio Santos não precisava disso. É a ganância
superfaturada. Ainda bem que a justiça impediu.
Mas é o jornalista Solon Cardoso que melhor explica a
minha falta de comoção fúnebre na sua crônica do https://virtualidades.blog/ - “O que não foi dito sobre Silvio Santos”.
Tal como Solon, estranhei tanta babação global pra cima do
comunicador famoso. “Lobo não come lobo” questiona ele. Não tinha pensado
nisso. Minha ideia simplista foi q os Marinho querem comprar o Sistema Brasileiro
de Televisão, fundada em 1981 e “dada de mão beijada a Silvio Santos pelo
ditador João Baptista de Oliveira Figueiredo. O que ele precisava entregar em
reciprocidade ficava evidente em quadros como “A Semana do Presidente”, que por
20 anos divulgava atos do governo, sendo ainda patrocinado para tanto com
verbas federais um recurso para estimular o ufanismo e dar popularidade aos
militares. Em 2018, para agradar a Jair Bolsonaro, ele resgatou o slogan que
foi popularizado na Ditadura Militar: “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”. E emplacou um
genro seu como Ministro das Comunicações.” – virtualidades.blog.
Outros agrados e favores concedidos a Silvio Santos:
- 70 mil hectares de terras no Mato Grosso comprados de dois
usineiros paulistas que, por sua vez, haviam sido agraciados com elas, que eram
áreas públicas, por outro ditador, Emilio Garrastazu Médici. Sua fazenda
recebeu o nome de Tamakavy, o mesmo dado posteriormente a uma rede de lojas que
ele criou.
- o Baú da Felicidade. Autorizado pelo governo federal, ele
se constituía numa espécie de venda antecipada e parcelada de produtos, que
também oferecia prêmios. Entretanto, jamais foi fiscalizado. Depois disso ele
ainda foi agraciado com a permissão da Tele Sena, um modelo proibido de
apostas, que foi disfarçado como sendo “títulos de capitalização”. Só que nunca
teve o lastro legal exigido por lei.
- Sílvio foi responsável ainda pela devastação de enormes
áreas que eram de florestas preservadas, para a criação de gado. Negociava
produtos de agropecuária, entre os quais agrotóxicos.
- dono de um banco, o Panamericano, envolvido com fraudes
que causaram um rombo de R$ 4 bilhões e acabou vendida para o BTG Pactual,
fundado por Paulo Guedes (ex-ministro da economia no governo Bolsonaro).
Silvio Santos morreu negacionista e suas fiéis “coleguinhas de trabalho” não puderam acompanhar o enterro, por ordem dele, que já devia estar de saco cheio de todas, efusivas e ávidas por aviõezinhos...
BILHETE DA DONA CHININHA
Compadre, saúde! A Veridiana foi de carona com a ambulância hoje praí. Te entrega as jabuticabas e as roscas que tu pediu. Aos poucos ando mexendo na horta. Foi uma trabalhera tirar a terra morta da enchente e trazer do mato terra boa. Cirilo ajudou muito e troxe quatro saco de bosta das vacas no morro. Misturamos bem e plantamos as muda de milho nas covas. Daqui uns tempos mando umas espigas se deus quiser. Tu pediu do candidato comunista? Néim néim néim. Parece do partido do teu prefeito aí. Ontem recebi um santinho azul dos cupincha dele. Azul! Tu acredita? Com meia estrela e nada do partido escrito. Se juntou com um juiz de futebol pra vice. Quero ver apitar esse jogo. To pra te dizer que aqui a força do passado continua sendo a do presente. Não vai mudar nada. Coisa pra desesperança mesmo na colônia. Ô desanimo. Desculpe o queixume. Tem dias ingratos. Pra não dizer que não tem novidades conheci um rapazinho que veio trabalhar na budega do Astor. Ta difícil entendee. Ele fala ve ne zue la no. Toda família fugiu de lá e se espalhou. Coisa bem tristi. Até pareci que nunca tenho nada de bom pra te contá. A Veri ta aqui me apressando. Fica bem com Nossa Senhora e tua família.
FEIRA ORGÂNICA
Amanhã, quarta-feira, tem feirinha de produtos agrícolas sem veneno. A partir das 14 horas. Não, não é mais no bairro Americano.
Tanto fizeram que eles se transferiram para o São Cristovão, perto da Apae.
Eu só queria saber que fim levou a grana que o deputado federal Elvino Bohn Gass doou para os agricultores. Evaporou?
CADÊ AS MINHAS RITAS?