Guardachuvadelaura
janeiro 22, 2024
ÁRVORES, ÁRVORES...
Com a última tempestade, várias árvores caíram em Lajeado. A Zero Hora fala em 50. No Correio do Povo, 300... Não dá para se fiar em ninguém. Arvores e corrupção andam de raízes e mãos dadas. Algumas caíram porque não conseguem respirar, sufocadas pelo cimento nas calçadas. No clube da cidade, as que não desabaram naturalmente, aproveitaram a oportunidade para derrubar outras, culpando a fúria da ventania. É uma forma sofisticada de terminar com uma cidade, um clube, um parque: cortar árvores e erguer prédios e quiosques.
Minha conscientização da importância da árvore como um ser vivo, um cosmo vivo, não tem muito tempo. Tardiamente, talvez, há 25 anos quando me dei conta que a árvore é considerada o maior símbolo de vida que existe no planeta, símbolo das relações entre o céu e a terra. Embaixo, comunica-se com outras pelas raízes. Pela ramagem e galhos se comunica com a humanidade quando oferece sua sombra, frutos e flores. Dizem que espíritos e almas se valem das árvores para transitar entre esses dois planos: terra e ar. Ao derrubá-las, vocês acabam com essa comunicação.
Vocês matam um ser vivo, tão ser vivo como o teu cachorro ou gato. Se acontece algo com eles, vocês correm para as redes postar fotos, invocar polícia e denunciar. Com árvores, silenciam e tornam-se cúmplices. Árvores tem a ver com a ancestralidade, e por isso, usada como símbolo do crescimento familiar: a árvore genealógica. Lajeado vive uma crise de caráter sem precedentes. E tem uns que ainda querem concorrer à prefeito. Para terminar de destruir o que não conseguiram como secretario desambiental.
JUÍZA FEDERAL RAQUEL DOMINGUES DO AMARAL
Sentem o seu cheiro?
Os direitos são feitos de suor, de sangue, de carne humana apodrecida nos campos de batalha, queimada em fogueiras!
Quando abro a Constituição no artigo quinto, além dos signos, dos enunciados vertidos em linguagem jurídica, sinto cheiro de sangue velho!
Vejo cabeças rolando de guilhotinas, jovens mutilados, mulheres ardendo nas chamas das fogueiras! Ouço o grito enlouquecido dos empalados.
Deparo-me com crianças famintas, enrijecidas por invernos rigorosos, falecidas às portas das fábricas com os estômagos vazios!
Sufoco-me nas chaminés dos Campos de concentração, expelindo cinzas humanas!
Vejo africanos convulsionando nos porões dos navios negreiros.
Ouço o gemido das mulheres indígenas violentadas.
Os direitos são feitos de fluido vital!
Pra se fazer o direito mais elementar, a liberdade, gastou-se séculos e milhares de vidas foram tragadas, foram moídas na máquina de se fazer direitos, a revolução!
Tu achavas que os direitos foram feitos pelos janotas que têm assento nos
parlamentos e tribunais?
Engana-te! O direito é feito com a carne do povo!
Quando se revoga um direito, desperdiça-se milhares de vidas ...
Os governantes que usurpam direitos, como abutres, alimentam-se dos restos
mortais de todos aqueles que morreram para se converterem em direitos!
Quando se concretiza um direito, meus jovens, eterniza-se essas milhares vidas!
Quando concretizamos direitos, damos um sentido à tragédia humana e à nossa
própria existência!
O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve
algum significado!