Guardachuvadelaura
fevereiro 28, 2025
VIRGINIA WOOLF
(Collage "Zulmira", em A falecida, de Nelson Rodrigues, 1953, Laura Peixoto)
“Você pode escrever para si mesma ou para um pequeno círculo de amigos íntimos; pode escrever porque sente que é um alívio da dor; porque sente que é uma necessidade, porque é um gesto de amor.
Mas a verdade é que as palavras que você coloca no papel tem o poder de moldar o mundo, de
mudar vidas, de acender chamas em corações que nunca conheceram a luz.
Escreva, mesmo quando duvidar de si mesma, mesmo quando o
medo sussurrar que suas palavras não importam. Porque há alguém lá fora, alguém
que precisa exatamente do que você tem a dizer.
E é essa conexão, essa coragem de compartilhar sua
verdade, que faz de você não apenas uma escritora, mas uma guerreira da alma.”
DO MEU BLOQUINHO
ÚTIL ATÉ O FIM
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te de que este corpo nasceu do amor de duas almas, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens.
Por certo amou e foi amado, e sentiu saudades dos que partiram.
Acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer.
Seu nome só Deus o sabe, mas o destino
inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele
passou indiferente."
A Oração ao cadáver desconhecido é praxe em aulas de anatomia no Brasil.
*
Será que no curso de medicina da Univates também rezam?
Li na Revista Piauí, que o Human Anatomy Center, de São Paulo, importa cadáveres e paga bem.
Os corpos são submetidos à técnica fresh frozen, ainda
pouco difundida na América Latina.
Congelados a temperaturas baixíssimas logo depois da morte, os cadáveres não precisam ser submetidos a conservantes tóxicos como o formaldeído. Disso resulta que os músculos e tecidos não ficam enrijecidos, como costuma acontecer em corpos tratados com produtos químicos.
Os fresh frozen oferecem aos cirurgiões a possibilidade de treinar operações em um corpo maleável, parecido com os que encontrarão na mesa de cirurgia.
A importação é o recurso que resta porque, no Brasil, poucos estabelecimentos aplicam a técnica. Faltam até mesmo cadáveres embalsamados no modo tradicional, com formol.
Atualmente, de acordo com a Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA), há 41 programas de doação voluntária no país, todos ligados a faculdades de medicina.
Só a partir de 2019 começou o uso de corpos congelados no Brasil. Em São Paulo, hoje, além do Human Anatomy Center, o Instituto de Treinamento de Cadáveres (ITC) e a Faculdade CTA recorrem ao método.
A doação voluntária de corpos para a ciência foi
regulamentada no Brasil em 1992 e ainda é pouco conhecida pela população.
* Vou doar o meu aos alunos da Medicina da Univates.
Assim, quando verem uma chapa do tórax não vão se enganar, trocando a imagem do
coração por uma do pulmão... Ahã.
Sempre pensei em virar adubo para uma árvore, mas serei mais útil, em uma mesa de dissecação para os bisturis da galera mexerem à vontade.
Como proceder?
Para doar o corpo a uma faculdade, é necessário manifestar a
vontade de doar em vida, e, após a morte, a família deve autorizar a doação.
Testamento.
Escritura pública com registro em cartório.
Testamento vital (diretivas antecipadas de vontade).