fevereiro 17, 2010

VIRGÍLIO

Photo by Pedro Martinelli
"Cada qual tem o seu prazer que o arrasta."
poeta romano, 70 a.C. - 19 a.C.

ESCUTAS NA COLÔNIA




Sentada no consultório, espero.

Revistas velhas.

Ventilador.

A secretária some.

As duas mulheres cochicham.

Consulto o relógio.

Atraso.

Revistas velhas...

Ventilador...

A secretária continua sumida.

As duas mulheres cochicham:

"Não chora. Não me vem aqui derramar uma só lágrima. Não vou admitir mesmo, porque na hora de trocar as fraldas dela nenhum de vocês apareceu. Agora deixem a morta aí no quarto que ela pode esperar. E vamos almoçar."

"Ele disse isso?"

"E fechou a porta deixando a esposa morta na cama."


Sentada no consultório, espero.
Lajeado é isso, também.

CAÇA AO TESOURO… *

Em 1950, o médico alemão Ernst Gräfenberg apresentou ao mundo o desconhecido e bem escondido Ponto G: “uma obscura zona erógena na mulher que se descobre no decorrer das nossas experiências sexuais” informou o doutor.

Uma grande maioria está procurando até hoje.

Melhor: um estudo britânico do King’s College, que analisou mais de 1,8 mil mulheres sexualmente ativas, concluiu que o tal ponto G era fruto da imaginação coletiva.

Putz... Então foi piada de alemão?

Os ingleses, tão lordes e formais, juram que a suposta zona erógena feminina, responsável por elevados níveis de excitação sexual e orgasmos, simplesmente não existe.
Agora, quando muitas já estavam se conformando,eis que surge um grupo de ginecologistas franceses que tentam provar o contrário: o Ponto G existe sim!

Bem, todo mundo sabe que são os franceses os fabricantes dos melhores perfumes, guardados nos limitados e menores frasquinhos… Como duvidar deles?

O cirurgião francês Pierre Foldès, co-autor de uma técnica para reparar os danos causados por excisões do clitóris, foi categórico:

"O estudo do King's College mostra falta de respeito em relação ao que as mulheres dizem. As conclusões estão completamente erradas porque foram baseadas somente em observações de ordem genética.”

Então é o seguinte: existem três idéias falsas sobre o Ponto G:

1 - pensar que ele está situado na mesma área em cada mulher.
2 – pensar que ele teria o tamanho de uma moeda de 5 centavos.
3 – pensar que ele permite ter sempre um orgasmo.

Para Foldès, o Ponto G “é uma área que cada mulher aprende a conhecer no decorrer das suas experiências sexuais. É provável que todas tenham um, mas apenas um terço delas conhece a sua existência”.

Pronto! Explicitaram de vez a galinhagem!
Já nem sei mais o que pensar, mas as comadres estão em polvorosas e a procura de.
Putz, tem gente que jura que já achou.

E se até o Luiz Inácio Lula da Silva já correlacionou o Ponto G e a Organização Mundial do Comércio, porque eu, em plena quarta-feira de cinzas, não escreveria?

Ainda mais numa época tão pertinente, não é mesmo?


* Minha crônica semanal publicadas nos jornais Opinião, de Encantado e A Hora, de Lajeado.

fevereiro 14, 2010

TITÃS

Photo by Mauro Vieira



Eu não sou da sua rua,

Não sou o seu vizinho.

Eu moro muito longe, sozinho.

Estou aqui de passagem.


Eu não sou da sua rua,

Eu não falo a sua língua,

Minha vida é diferente da sua.

Estou aqui de passagem.

Esse mundo não é

Meu, esse mundo não é seu.

ASSISTA...

Tartarugas Podem Voar, um filme de Bahman Ghobadi.