outubro 02, 2009

RUY CÂMARA

“...porque o silêncio não é somente ausência de barulho no espaço, mas a expressão tácita de uma cumplicidade.”

EDU & CHICO

O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim
Homens, eu nem fiz a soma
De quantos rolaram no meu camarim
Bocas chegavam a Roma passando por mim
Ela de braços abertos
Fazendo promessas
Meus deuses, enfim!
Eles gozando depressa
E cheirando a gim
Eles querendo na hora
Por dentro, por fora
Por cima e por trás
Juro por Deus, de pés juntos
Que nunca mais...


TDA & pequenos transtornos...

Em algum museu de Londres... by Salvador Dalí.


No consultório do médico, uma revista velha, sem capa.
Leio a reportagem... Foi preciso a ciência se valer de imagens de ressonância magnética para comprovar aquilo que muita gente já descobriu na pratica: chove idéias quando os devaneios se libertam da pressão, prazos, rotina, obrigações...



“Conclusão: distrair-se não é só coisa de gente preguiçosa ou lunática. Pode ser o caminho certo para resolver um problema.” – garantiu um especialista da Universidade Estadual de Campinas, Fernando Cendes.

Ou seja, para ser criativo é preciso parar com tudo, dar um tempo:
“Sem esse momento de dispersão, o cotidiano fica frio, concreto e racional demais. E a mente não dá conta. A consequencia pode ser a erupção de um transtorno como o pânico”, alerta o psicólogo especializado em neuroendocrinologia Esdras Vasconcellos, da USP.



Então... o meu sistema límbico, teoricamente responsável pelas minhas fantasias - da qual decorre a criatividade - não tem se alimentado de tempo suficiente para criar pequenas coisas notáveis. Às vezes fico com raiva porque nunca aprendi a crochetar...



Fora que na última veja, as amarelas entrevistam uma psiquiatra que durante infância e adolescência sofreu com o déficit de atenção. Mais isso...


Falei para o médico do mesmo problema, mas ele disse que já era tarde e me chamou de sequelada. E sequelada continuo...

O SILÊNCIO DOS POETAS

Photo by Manuel Navarro Focada


“Já reparaste que tens o mundo inteiro
dentro da tua cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da tua cabeça
é o teu mundo
e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro
dentro da minha cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da minha cabeça
é o meu mundo
o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos
mas através dos nomes
pois o que tu tens dentro da tua cabeça
e o que eu tenho dentro da minha cabeça
são os nomes do mundo em brutal compressão
como um filtro ou coador
de forma que nem és tu que conheces o mundo
nem sou eu que conheço o mundo
mas os nomes que tu conheces é que conhecem o mundo
e os nomes que eu conheço é que conhecem o mundo
o qual entra em ti e o qual entra em mim
através dos nomes que já tem...”

ALBERTO PIMENTA
1978

setembro 29, 2009

ROLAND BARTHES

Photo by Cartier Bresson
“Quem vê não é quem fala,
Quem fala não é quem vê
E quem escreve não é que é.”

VÁ ATRÁS DO SEU PIANO...

Quando li a crônica do jornalista Moisés Mendes, tempos atrás, afirmando "você deve ter o seu piano que nunca foi buscar, ou porque não teve dinheiro, ou porque fez outras escolhas" lembrei que também já fui atrás de um "piano"...

Subi e desci o Sena, querendo me perder entre as oito ou nove ruas na charmosa île Saint Louis, mais esvaziada de turistas, mais legítima, mais francesa. Foi por ali que provei o sorvete da Casa Berthillon, uma delícia e caro para uma colona latina como eu.

Andando pelas ruas atrás do piano que nunca encontrei acabei descobrindo a casa de Camille e lembrei que li sua biografia, assisti ao filme com Isabelle Adjani e agora quase entro em sua casa... Mais tarde, Camille ficaria internada por 30 anos num manicômio e ao morrer sua arte ainda seguiria em sombras.
A memória dos lugares

Viveu e trabalhou neste edifício ao rés-do-chão

sobre tribunal de 1899 a 1913.
Nesta data terminou a sua breve carreira de artista
e começou a longa noite de internamento.

Há sempre algo de ausente que me atormenta.
Carta a Rodin


E Rodin? Esse nunca abandonou sua mulher, Rose Beuret... Bem que Camille tentou manter uma relação com Debussy, mas em vão... A escultora não conseguiu abandonar o amante invejoso e egoísta. Sabemos que no fim de sua vida, madame Claudel é enterrada como uma reles indigente.
A vida só ensina.
Correr atrás de pianos pode ser muito perigoso. E triste.