Guardachuvadelaura
março 04, 2024
“SUA VISITA CHEGOU!”
Na infância, nossas férias de verão eram em Cruz Alta, na casa dos meus
avós paternos.
Lembro do quintal como se fosse hoje... Verde, misterioso, às
vezes a bruma fina da madrugada pairava sobre as árvores e os recantos quando eu madrugava para investigar o pátio.
Lembro da gemada bem branquinha no café da manhã e dos
sorvetes caseiros, antes de dormir. Das tardes no Clube Arranca e dos carnavais
d’água, em fevereiro. Das brincadeiras com primas e primos. Dos livros, muitos
livros, e os brinquedos que haviam pertencido aos nossos pais.
Quando algum adulto aparecia para ver minha vó, Maria a encaminhava
ao jardim de inverno, ou se muito importante, à impecável e sempre proibitiva saleta com sua porta dupla de vitrô.
A gente escutava lá do quintal: “Dona Normélia, sua visita chegou!”
A visitante podia ser dona Iracema, dona Mafalda ou o tio Luderites.
Relembro, porque criei a oficina literária “Sua visita
chegou!”.
A ideia surgiu de uma amiga, com os pais idosos.
Ela contou que ficava tranquila quando o educador físico vai a casa deles para exercitá-los: “Durante uma hora sei que estão bem acompanhados e relaxo.”
Exercícios físicos eu não posso ensinar.
Mas, fortalecer os neurônios com exercícios literários, posso!
Entra em cena a criatividade, as lembranças, o
desenvolvimento da psicomotricidade fina, das habilidades cognitivas, da
concentração e percepções que tanto ativam os neurônios.
“Sua visita chegou!” vai até você. Ou a sua mãe, o seu pai.
Durante uma hora e meia estaremos lendo, pensando e escrevendo, em uma verdadeira terapia literária! Porque escrever é afastar a solidão. É revirar os afetos e as dores. É fantasiar a partir do nosso íntimo.
Havendo interesse, entre em contato, agende a visita!
CENSURA VIVA
A diretora Janaína Venzon, da Escola Ernesto Alves de
Santa Cruz do Sul, publicou um vídeo em uma rede social criticando o livro “O
Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório: “vulgar, com um vocabulário de baixo
nível e inadequada para estudantes do Ensino Médio.”
O caso repercutiu e a diretora foi acusada de censura. O autor da obra também se manifestou após o vídeo que a diretora publicou.
Em nota, Tenório destacou que o livro foi avaliado pelo
governo federal em 2021, ainda no governo Bolsonaro, e a própria diretora
assinou a ata de escolha do livro.
Jeferson Tenório foi o patrono Feira do Livro de Porto
Alegre, em 2022 e o seu livro venceu o
Prêmio Jabuti de 2021, na categoria Romance Literário, quando faz uma crítica
ao racismo no Brasil. Os direitos de publicação foram vendidos para mais de 10
países, e já recebeu adaptação para o teatro.
E o escritor e cineasta Boca Migotto?
Muito “comunista”, né? Aí uma parcela do povo de Carlos Barbosa
pediu seu cancelamento de patrono da Feira do Livro. Isso que Migotto nasceu na cidade. Acabou a feira sem patrono. Fez bem.
É todo dia uma bomba cultural nesse país.
Vixi!
FORA CAUMO-SCHUMACHER
Em Lajeado, cidade 80% bozonarenta, com 90 mil moradores, faz de tudo para acabar com as poucas árvores que ainda resistem na cidade.
Na beira do rio Taquari, no bairro Carneiros, um novo recapeamento asfaltico. O lixo, o resíduo desse asfalto foi jogado sobre a vegetação da margem do rio. Com a próxima enchente, um pouco mais de poluição nas águas.
É o governo atual se esmerando para destruir a natureza enquanto acimenta ou asfalta tudo por aí.
O CASAMENTO DOS PEQUENOS BURGUESES
Ele faz o noivo
correto
E ela faz que quase desmaia
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a casa caia
Até que a casa caia
Ele é o empregado
discreto
E ela engoma o seu colarinho
Vão viver sob o mesmo teto
Até explodir o ninho
Até explodir o ninho
Ele faz o macho
irrequieto
E ela faz crianças de monte
Vão viver sob o mesmo teto
Até secar a fonte
Até secar a fonte
Ele é o
funcionário completo
E ela aprende a fazer suspiros
Vão viver sob o mesmo teto
Até trocarem tiros
Até trocarem tiros
E ele tem um caso
secreto
E ela diz que não sai dos trilhos
Vão viver sob o mesmo teto
Até casarem os filhos
Até casarem os filhos
Ele fala em
cianureto
E ela sonha com formicida
Vão viver sob o mesmo teto
Até que alguém decida
Até que alguém decida
Ele tem um velho
projeto
Ela tem um monte de estrias
Vão viver sob o mesmo teto
Até o fim dos dias
Até o fim dos dias
Ele às vezes cede
um afeto
Ela só se despe no escuro
Vão viver sob o mesmo teto
Até um breve futuro
Até um breve futuro
Ela esquenta a
papa do neto
E ele quase que fez fortuna
Vão viver sob o mesmo teto
Até que a morte os una
Chico Buarque
DO MEU BLOQUINHO
- De onde tu tirou esse nome, Lacônia?
- Lacônia, realmente existiu no período Idade das Trevas. Foi uma
cidade bem pequena, em uma região próxima ao mar Egeu, ao sul do Peloponeso. Datada entre 1000 e 700 anos antes de Cristo. Era governada ora por
reis, ora por piratas. Só acrescentei um dos pontos cardeais: Lacônia do Sul.
Quem nasce em Lacônia é lacão. Muito próximo à lacaio... No contexto do meu
livro, uma cidade lacaia da ditadura, até hoje no tempo das trevas.
- Onde tem ditadura tem corrupção.
- E como tu acha q as “nobres” famílias dessa Lacônia
real enriqueceram?
#FREEPALESTINA
Respeitando a proporção de mortos, lembro a aula de História
que nunca tivemos...
A Grande Fome, na Ucrânia entre 1932-33. Chamaram de Holodomor, que significa “matar pela fome”. Assim como Stálin, agora Netanyahu se utiliza da fome-terror para dizimar os palestinos.
Tento me colocar no lugar de uma mãe palestina...
Não consigo sequer imaginar o quão grande é essa dor e desgraça.
Os Estados Unidos continua o país mais criminoso do mundo. Com uma mão desova armamento para Israel, com outra lança kits de alimentação para os palestinos. A humanidade cada vez pior. Mas não deixam de passear na 5ª avenue...
Mao, Stálin, Hitler, Kadafi, Kim II-sung, Idi Amin assassinaram milhões de pessoas.
Agora sabemos: Putin e Netanyahu também.
Exterminando crianças e mães, o fim de uma etnia...