junho 03, 2016

JACQUES DERRIDA



"A história da mentira, 
quem ousaria contá-la?"

(Conferência em São Paulo, em 1995)


A FARSA REVELADA

O livro "A Verdade Sufocada" do coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto no ano passado é a sexta obra mais vendida do país.

O livro conta a versão histórica do coronel, quando ele chefiiava a tortura do DOI-Codi no Brasil, durante o regime militar. Esta semana entrou na lista dos mais vendidos da Folha de São Paulo.

A viúva Maria Joseíta ta faceira: a família pagou uma tiragem de 20 mil livros, do próprio bolso – juram. “Antes nem uma livraria queria vender. Agora, todas...”

Em um mês a Livraria Cultura esgotou a encomenda de 1.068 exemplares.


“A Verdade Sufocada desvenda os “justiçamentos” que eles praticaram em nome da “liberdade” e da “democracia”. Acaba com o mito de que as Forças Armadas lutaram com seus tanques contra estudantes armados de estilingue e meninos inocentes. Desvenda os “justiçamentos” que eles praticaram em nome da “liberdade”.” – diz o flyer literario.

 Os fascistas nunca foram tão cultos.

MARRETA & MARTELO

Lançado em 1979, o álbum The Wall do Pink Floyd traz dois martelos cruzados. O personagem do The Wall é um sujeito fascista.

(Ver: movimento político e filosófico ou regime  onde prevalece os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais, representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um ditador.)

Os martelos formam o logotipo do grupo americano Hammerskins, os "skins-neonazista". Muitos dos seus integrantes foram condenados por assédio, assaltos e assassinatos de pessoas negras. Ta tudo no wikipedia.

Talvez, por isso, chamou a atenção o símbolo usado pelos garotos da minha cidade no letreiro do seu bar. Não lembram marretas, lembram os martelos cruzados.

Não estranho nada. Vivo nessa cidade há mais de 50 anus...

Um bar que tem um decor bacana, mas na fachada um símbolo fascista, é a cara de Lajeado. Tudo muito conceitual, claro.

SÍNDROME DA PENÚRIA

 Talvez, cinquenta casos no mundo de uma doença rara chamada hipertricose: pelos no rosto, nas orelhas, nos ombros. E a gente acha que tem problemas...
Bithi, 12 anos, é de Bangladesh. Os pais conseguiram tratamento na capital e agora seu rosto e corpo vão iniciar um tratamento a laser, com mais de 20 sessões para retirada do pelo. E  mais uma série de cirúrgias. O tratamento não deve custar menos que doze mil dólares. O pai, motorista no interior do país, conta com uma rede de apoio de doadores particulares.
 O caso de Abul Bajandar já é mais difícil. Também  de Bangladesh, tem uma enfermidade conhecida como "doença do homem-árvore". Também impressiona a medicina.
Imagino que existe algo de muito podre e criminoso nas aguas poluídas do rio Buriganga que abastece doze milhões de pessoas. A poluição industrial, a maioria curtumes, pode ser responsável por doenças como a de Bithi e Abul. É o preço do progresso a qualquer preço. Vivemos a falência do planeta.

junho 01, 2016

PETER ADAMS


Widyantara
 


“Uma câmera não tira uma boa fotografia,
assim como uma máquina de escrever
não escreve um grande romance...”

REMEMORAÇÕES



 Luciano Teston

A memória me fascina. Porque aos poucos embaralha. Pessoas, viagens, festas e funerais. Tempo de escola - não lembro sequer da minha formatura em jornalismo. Desanimador. A hora e o dia anterior apenas como um vestígio autobiográfico. Uma pegada frágil. Talvez por isso ando relutando em escrever. Na maioria das vezes preciso da minha própria experiência para dar voz a personagens e fatos. Não posso só descrever, descrever.  Lembranças valem uma carta de amor. Recordações, um romance. Lembranças se prestam à verdade. Recordações se prestam às percepções... Aos pouco, volto à tona. Desembaraço.

maio 31, 2016

NOS DIAS DE HOJE





“Cai, o Rei de espadas
Cai, o Rei de ouros
Cai, o Rei de paus
Cai, não fica nada...”


Em 1978 fazia sucesso a música “Cartomante” de  Ivan Lins, interpretado por Elis Regina, sem nenhuma carta na manga que adivinhasse o trágico, quatro anos depois. Mas tempo antes, no vapor daqueles anos criminosos, o cantor carioca se viu estreito por causa de suas relações fraternas. Depois se reinventou com “Começar de novo” , tema de seriado na Globo. Mais uns anos e o compositor acabou nos Estados Unidos.  Grandes cantoras americanas acabaram gravando suas músicas. Na volta ao Rio, fundou  a gravadora Velas que já lançou muita gente por aí. Ivan Lins tem 70 anos, hoje. Não tenho mais nenhum vinil dele. Não cheguei  a comprar os lançamentos em cd - aliás, disponível no mercado livre por 29 paus. Algo inexplicável na época - descurti para sempre. Agora, com tanta maracutaia acontecendo nessa republiqueta, a previsão da “Cartomante” faz muito sentido.Taí algo que não deletei: memória musical.