AUTORIA INCERTA
feche os olhos e pense,
estou falando de mim mesmo.
feche os olhos e pense,
estou falando de mim mesmo.
Filho da iyalorixá Nilcelina Gomes Ferreira,
Carlos Roberto de Oliveira, ou simplesmente Dicró, cresceu
na favela do bairro de Jacutinga, na cidade de Mesquita, no Rio de
Janeiro. No terreiro da mãe, o menino acompanhava também as rodas de samba. Para a escola da Beija Flor, um pulo como compositor. Depois, na Grande Rio.
No Piscinão de Ramos, manteve um trailer que juntava
sambistas e pagodeiros. A popularidade
cresceu quando passou a apresentar um quadro no Fantástico. Aquariano, humorista,
morreu com a minha idade, por complicações da diabete, por fim, infarto.
De língua afiada – O político, Cabide de emprego - suas letras bem-humoradas, outras de teor
duvidoso - Loura do pentelho preto - compôs Funeral do Ricardão, A hora e a vez
do samba, registrados em cds que vendia nas praças e esquinas do Rio, sentado
em uma cadeira de plástico.
O POLÍTICO
Dei cimento, dei
tijolo
Dei areia e vergalhão
Subi morro, fui em favela
Carreguei nenê chorão
Dei cachaça, tira-gosto
E dinheiro de montão
E mesmo assim perdi a eleição
Traidor, traidor
Se tem coisa que não presta é um tal do eleitor
Prometi a minha nega que ia ser a primeira dama
Porém quando eu perdi, ela perdeu até a
cama
E achei o meu retrato no banheiro da central
Vou dar um coro no meu cabo eleitoral
Traidor, traidor
Se tem coisa que não presta é um tal do eleitor
Hoje eu tenho meus motivos, para estar injuriado
Porque eu só tive um voto e mesmo assim foi anulado
Só tem gente canalha, como tem gente ruim
Nem a minha mãe votou em mim
Ô mamãe eu me admiro a senhora
Se meus inimigos não votarem em mim tudo bem
Mas a senhora que depende de mim, não votar é sacanagem
Eu hein...
Os eleitores que não te conhecem, não votaram
Eu que te conheço vou votar?
Ah! Tô fora...
Morreu nesse domingo, dia 13, aos 73 anos, de falência
múltipla de órgãos, o maior publicitário do Brasil, o mais talentoso e o mais premiado.
Antes de sair de cena, Olivetto publicou na Folha de São Paulo, em 2004, dez coisas que precisava fazer:
"Antes de morrer, preciso ver meus filhos Antônia e Theo (que vão nascer agora no segundo semestre) ficarem grandes, felizes e bem-educados.
Antes de morrer, preciso ver meu filho Homero, que já é grande, feliz e bem-educado, ser cada vez mais desse jeito.
Antes de morrer, preciso ver o Corinthians campeão muitas outras vezes.
Antes de morrer, preciso ver a publicidade brasileira voltar a ser respeitada
como negócio e internacional por ser local.
Antes de morrer, preciso ver o Brasil virar o país do presente.
Antes de morrer, preciso aprender a escrever como os caras que eu gosto de ler.
Antes de morrer, preciso ter mais tempo para minha mulher, para mim e para todo mundo que merecer.
Antes de morrer, preciso organizar tudo — para ninguém ter problemas depois.
Antes de morrer, preciso ver muita mulher bonita, porque eu acho lindo.
Antes de morrer, preciso não morrer."
Como vocês puderam eleger esse traste? Bem antes, lá no governo Sarney, seus desmemoriados, quando os partidos clandestinos como o Partido Socialista Brasileiro, Partido Comunista Brasileiro e o Partido Comunista do Brasil, foram legalizados, o medíocre escreveu na revista Veja um artigo sobre os salários defasados dos militares. Puxou cadeia durante 15 dias. Um ano depois, a Veja o acusou de planejar plantar bombas em unidades militares, o que ele negou. Minha prima viu ele ser expulso da Vila militar. Depois de ser condenado por isso, acabou absolvido pelo STMilitar. E o resto da tragédia vocês lembram, né? Foram ate fazer carreata na cidade por ele. Que vergonha, medeus!