junho 16, 2021

NISSIM SHARIM


 

 “Percorra os espaços escuros da existência, 

reúna os silêncios necessários, 

penetre nas superfícies das coisas, 

convoque homens e mulheres, 

invente a verdade, 

fale com eles devagar e com amor, 

transforme o mistério em conversa 

e depois transforme a conversa 

em algo que seduza, encante ou mova-se.

 Então você estará fazendo arte.”



UM CENTRO CULTURAL PRA CHAMAR DE NOSSO...


 Essa casa é de 1922.  É propriedade de um rico empresário. É gente de muito dinheiro. Mesmo que eles morram, não vai faltar grana para os familiares durante décadas. Nem para seus netos. É  gente boa. Talvez nunca tenham pensado na hipótese de transformar essa casa num centro cultural. Não seria lindo? Não seria muito bacana? Crianças e jovens da periferia participarem de oficinas de teatro, literatura, musica, artes?  Com acesso à exposições? Com oportunidade de registrarem a história dos antepassados que construíram essa cidade com a força de seus braços? 

A Casa de Cultura Conservas. 

Onde entra a arte, o esporte, a cultura, entra também a formação de caráter.

DIA DE ÁUDIO CRÔNICA

Photo by Chema Madoz

 

Desesperança

Ando tão descrente, tão cansada de tudo que só queria aquela pequena manivela de pegar no sono, que o poeta Manuel de Barros inventou...  Sabe, eu seria bem capaz de girar essa manivela até alcançar à escuridão eterna.

Foi num sábado, justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, saí para caminhar. Nem levei o celular. Não dei 200 passos e o barulho da moto serra machucou meus sentidos.

No limite do parque da minha cidade, um homem cortava as árvores do seu terreno. Não me aguentei, por quê? Por quê? Vendi o terreno, ele gritou.  Vou levar os troncos pra minha casa.

Aqui na minha cidade algumas árvores conseguem crescer – tem  sorte! 

Como esse homem, como as construtoras, como o governo municipal ... Todos pensam que a natureza é apenas um rascunho para eles traçarem os seus planos diabólicos de destruição.

Deu vontade de dizer por que tu não te enforca numa árvore dessas?

Mas engoli a raiva e segui em frente, com os olhos  aguados ...

Não, árvores não merecem cadáveres.

Merecem um balanço no mais alto galho, 

merecem um casal de namorados à sombra, 

merecem uma criança se dependurando de cabeça pra baixo 

vendo o mundo ao contrario, ao contrário do que  estão fazendo com ele.

Uma árvore merece sobreviver tanto quanto nós. Mas aqui... 

Aqui é só desesperança.

Boa 4ª-feira.

Som: Petite  Musique, de Federico Mizrahi





CHICO, HILDEGARD & ZUZU ANGEL