setembro 15, 2021

EUGENE IONESCO

“Aqui está uma coisa que eu não entendo. No jornal eles sempre colocam o falecimento de uma pessoa, mas nunca um novo nascimento. Isto não faz sentido.”

* Peça A Cantora Careca.
 

IRENE BRIETZKE, EVOÉ!




Minha homenagem a grande dama do teatro gaúcho, Irene Brietzke, que partiu silenciosamente, ontem.

Conheci o trabalho de Irene, no inicio dos anos 80, quando veio a Lajeado com o seu grupo Teatro Vivo. Apresentaram   "A aurora da minha vida", de Naum Alves de Souza,  no  Cine Alvorada. Com ela, as talentosas Mirna Spritzer e Denize Barella, que depois foi minha professora de teatro e com quem muito aprendi  sobre ética teatral.

Quando falarem de teatro no Rio Grande do Sul, falem do Teatro Vivo, de Irene e de uma multidão de alunos que tiveram a sorte de terem convivido com ela no DAD.

TEATROGRAFIA

"Almas gêmeas", de Martha Medeiros,

"Rio Grande do Sul em música e dança",

"Trem-bala", de Martha Medeiros,

"Noite Brecht", a partir de canções de Brecht e Weill,

"Biba, Dudu, Molenga e Chorona" (infantil),

"O menino maluquinho, de Ziraldo (infantil),

"Um homem é um homem", de Brecht,

"Parentes entre parênteses", de Flávio de Souza,

"Peer Gynt", de Henrik Ibsen,

"Mahagonny, de Brecht e Weill,

"A aurora da minha vida", de Naum Alves de Souza,

"O casamento do pequeno burguês (segunda montagem),

"No natal a gente vem te buscar", de Naum Alves de Souza,

"O rei da vela, de Oswald de Andrade,

"Happy end", de Brecht, Weill e Elisabeth Hauptmann,

"Salão grená", a partir de canções de Brecht e Weill,

"Praça de Retalhos", de Carlos Meceni (infantil),

"Frankie, frankie, Frankenstein", baseado em Mary Shelley,

"O casamento do pequeno burguês", de Brecht,

"A cantora careca", de Ionesco – sua primeira montagem.

"Ana Stein compra uma calça e vai jantar comigo"
Ida Celina, Sergio Silva e Irene Brietzke


Irene Brietzke fez cinema e televisão e recebeu vários prêmios pelo conjunto de sua obra:

1990 - Prêmio Qorpo Santo, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre,

1991 – Prêmio  Na-Amat, da organização internacional As Pioneiras,

1998 -  Prêmio Ieacen, do Instituto Estadual de Artes Cênicas,

2009 -  Prêmio Joaquim Felizardo, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre


Um novo renascimento para Irene Brietzke.

DIA DE ÁUDIO CRÔNICA


 O ESPETÁCULO CONTINUA

“Para que fingir no palco, se fingimos todos, diariamente?

Se a própria vida é um fingimento da natureza,  cuja única verdade é a morte?” - pergunta o dramaturgo Eugene Ionesco, Pai do Teatro do Absurdo.

Dizem que a vertente filosófica do Existencialismo surgiu para explicar o espanto do homem após a 2ª guerra e seus horrores bélicos. Sem esperança, os homens foram obrigados a contemplar o seu próprio vazio, a sua própria desumanidade e a sua falta de comunicação num mundo sonâmbulo.

Em 1961, em plena ditadura, o gaúcho Walmor Chagas montou O Rinoceronte, de Ionesco. Sobre o que se tratava?

Um pesado rinoceronte surge na rua de uma cidadezinha. Algumas pessoas acham que aquilo é uma miragem. Outras, que é preciso chamar a policia.

As pessoas discutem amenidades sobre aquela aparição animalesca que não vai embora. Até que o rinoceronte surpreende a todos e  esmaga com a sua pata, um gato.

Aos poucos, as pessoas sentem os sintomas  de uma rinocerontite e se transformam no animal. Menos o personagem Bérenger.

O rinoceronte é uma grande sátira ao nazismo, ao pensamento fascista.

Os eleitores de Bolsonaro talvez não soubessem do que esse rinoceronte seria capaz de fazer. Votaram nele. E continuaram a tocar a vida.  Fizeram o mesmo que os personagens passivos de Ionesco:  ignoraram o paquiderme criminoso. E logo as autoridades, a imprensa, as instituições também se viram bolsonerontes.

Até o infeliz Bèrgere  fica na duvida se não seria melhor ele também ter um chifre na testa, a pele dura e gestos animalescos,  como todos aqueles que se transformaram em rinocerontes.

Essa peça teatral é uma crítica aos conformados, aos alienados que acham que o rinoceronte que elegeram é um sonho. Mas é um pesadelo.

Não duvido que a pata de Bolsonaro, e seu paquiderme exercito, nos esmague.

E, talvez,  nós sejamos os anormais que não viraram rinocerontes, e por isso  precisam ser eliminados.

Mas, Bèrgere não se entrega e diz:

“A mim é que vocês não pegam! Eu não vos seguirei! Eu não vos compreendo! Continuarei como sou. Sou humano, um ser humano!”

Ahhh, o teatro... Tão sofrido teatro, sempre.

Trilha sonora:  Além do arco íris, com Yo-Yo Ma e Kathryn Stott .

https://www.youtube.com/watch?v=03GpPfOsFkQ








#PRIMAVERA DAS AVESSAS


 Tenho tanto orgulho da lajeadense Telma Scherer! Foi atras dos seus sonhos....

 Fez teatro, fez filosofia, fez doutorado, foi embora dessa cidade... zinha, de pensamentinhos curtos, ambiciosa, de invejas & picuinhas e de racismo abertamente declarado. 


Mora em Floripa. E seu último livro As Avessas, traz esse mundinho que a gente tão bem conhece, entremeado com personagens de outros romances e questionando o leitor. Adorei.

Sobre isso falaremos na próxima 4ª feira.

CIDADE... ZINHA.

 

Uma coisa leva a outra, uma coisa leva a outra, uma coisa... Recebi um e-mail  questionando onde moro.

Não respondi. Por que  vejo que os bolsonaristas andam muito agressivos na minha cidade. 

Para quem tá de passagem por esse humilde blog, respondo que moro em Lajeado, cidade com 85 mil

habitantes. Sendo que, 71,65% dos eleitores votou num integrante da facção Vivendas da Barra.