Guardachuvadelaura
junho 09, 2009
Inquietudes
O cineasta Ingmar Bergam proferiu a frase e o diretor João Moreira Salles se apropriou na voz do seu mordomo Santiago, que dá nome ao documentário rodado em 2007:
“Somos mortos insepultos apodrecendo debaixo de um céu cruel e vazio.”
Visitei a casa onde João morou durante 20 anos e Santiago trabalhou por mais 30. Na subida da Gávea, no Rio, “perto da Rocinha” - disse o motorista de táxi.
Hoje, o Instituto Moreira Salles.
É uma mansão moderna, dos anos 60, chuto.
Com todas as peças abertas para um pátio interno, onde se avista um painel de Burle Max junto a um espelho d’água.
Imensas e belas árvores, um pedacinho minúsculo da mata atlântica e um córrego deslumbram até os mais insensíveis.
Aberta ao olhares curiosos do povo em 2002, com apoio da Petrobrás, protege o arquivo pessoal de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e outros, em salas de acesso proibitivo.
Abriga um cinema, em reformas e com reabertura prevista por estes dias.
No Instituto, um acervo fotográfico com mais de 450 mil imagens. É o que eles chamam de
Reserva Técnica Fotográfica e uma Reserva Técnica Musical.
Apenas para os olhos dos eleitos.
Caso alguém se interessar, confira: http://ims.uol.com.br/ims/
Entrei na casa e visitei a exposição do fotógrafo Paul Strand e as bandeirinhas em guache do pintor Volpi, produção dos anos 50-60. Fantástico.
Na saída, num estranhamento que atestava minha condição de colona, não resisti e perguntei onde ficaria o acervo de Érico Veríssimo.
Um recepcionista respondeu que estavam restaurando a sala...
A frase pinçada pelo mordomo Santiago - “morto insepulto” - cabe direitinho ao escritor de O Tempo e o Vento.
E aos gaúchos, a eternidade do céu cruel e vazio sem a herança de seu maior escritor.
O MELHOR CONSELHO DE BAUDELAIRE...
Embriague-se
É preciso estar sempre embriagado.
Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
"É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".
junho 08, 2009
TODA MULHER TEM O CANALHA QUE MERECE?
O poeta gaúcho Carpinejar escreveu um livro chamado “Canalha!”
Não li. Ainda.
Converso com amigas que estão na noite e ouço suas decepções:
- Homens canalhas...
Sim, brincam com os sentimentos das mulheres.
Aproveitam-se da sua paixão.
Enrolam, deturpam, enganam: jurando que ela é a única.
Homens canalhas são prepotentes quando se fazem de bonzinhos.
Oferecem migalhas, horas entre os lençóis, beijos românticos.
Mas os homens canalhas não conseguem amar:
- são desconfiados até com sua própria sombra.
Mal resolvidos, egocêntricos, o maior medo do homem canalha é o de ser traído.
E também já disseram que todo canalha é fruto de histórias ruins...
Canalha não é um rótulo, é um comportamento diferente do cafajeste.
Porque este promove algumas surpreendentes alegrias, enquanto que o primeiro,
só desilusão.
Cafajeste nunca some. Canalhas sim.
Você já viu uma mulher de personalidade forte com um canalha?
O que já disseram e escreveram por aí:
Equivalente feminino: “safada” (quando solteira), “sua safada” (quando casada).
Lema: conversar antes do sexo melhora a transa. Conversar depois do sexo piora a transa.
Segredos: nunca dirá com quantas mulheres dormiu. No máximo, dirá por quantas mulheres ficou acordado.
Onde encontrar: vive em pet shop, onde aluga cachorro para investida. Ataca à luz do dia, quando ninguém espera.
Futebol: usa como álibi o jogo com amigos de segunda-feira.
Despedida: não se despede. Cria a expectativa infindável do próximo encontro, que talvez não aconteça.
Casamento: acredita. Canalha que nunca se casou ainda é pilantra.
Macetes: aprendeu que a mentira é detalhista e que homem quando mente começa a rir.
Ponto fraco: as sobrancelhas da mulher, onde descobre a cor da nudez dela.
Ponto forte: não tem pressa. Seu maior prazer é assistir ao prazer feminino.