agosto 08, 2024

ANNA KULISCIOFF *


 “Um governo decidido a reprimir a violência fascista 
deveria estar disposto a enfrentar a guerra civil, 
porque os fascistas são fortes, audazes, 
cheios de vontades.

No fim das contas, é uma situação terrível, 
o país se aproxima do precipício dia após dia.”


* 1857-1925

MOISES MENDES


A impunidade dos golpistas grandões 
da terra de Fátima de Tubarão

 O grito de guerra de Fátima de Tubarão foi ouvido ao vivo, no ataque de 8 de janeiro a Brasília. 

Foi compartilhado nas redes do fascismo e depois apareceu até no Fantástico.

Pelo ativismo radical, pelos 67 anos, pelo apelido e por ser de Santa Catarina, a terra do mais estrondoso bolsonarismo, Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza ficou sendo a mais famosa entre todos os invasores de Brasília.

 


Fátima gritava: “Vamos para a guerra, é guerra agora. Vamos pegar o Xandão”. Nem ela, nem os mais de 5 mil invasores, nem os acampados diante do QG do Exército, nenhum deles seria capaz de pegar Alexandre de Moraes.

Mas os líderes, os que não apareceram em Brasília, os que levaram Fátima até lá e depois se esconderam, esses poderiam pegar quem quisessem se o golpe tivesse dado certo.

Como a condenada mais famosa é Fátima, o sistema de Justiça acaba sendo personagem de um constrangimento. 

A idosa é do reduto da extrema direita brasileira, o Estado com o mais descarado engajamento do poder econômico ao projeto de manutenção de Bolsonaro no governo a qualquer custo.

 


E ninguém da estrutura do golpe em Santa Catarina, montada muito antes do 8 de janeiro, foi indiciado até agora. Gente que, pela arrogância e por ter dinheiro e lugar de fala, fez até discursos explosivos em restaurantes pregando o bloqueio de estradas, depois da eleição. Porque a ameaça era o comunismo.

Itajaí, SC

Santa Catarina montou em Itajaí o maior acampamento golpista protegido pelos militares. Resistiu a desmontar barreiras de caminhões nas estradas. Comandou pregações nas redes e ações que impedissem a posse de Lula ou sua permanência no governo.

E Fátima de Tubarão é até agora a cara do extremismo catarinense já punido, condenada por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.

 A idosa sabia o que fazia quando agia em Tubarão como traficante e estelionatária e que por isso poderia pegar cadeia. Mas o que poderia saber sobre abolição violenta do Estado de direito, se nem os juristas se entendem se foi isso mesmo o que ela tentou fazer no 8 de janeiro?


Os invasores foram a arruela de um parafuso frouxo na engrenagem do golpe. Fátima foi usada para ajudar na provocação do caos, para que depois os golpistas decidissem o que fazer.

O caos foi uma baderna, os chefes a abandonaram e estão por aí. O poder econômico de Santa Catarina que financiou estruturas e planos da extrema direita, desde a formação do gabinete do ódio até a cena do patriota grudado ao para-brisa do caminhão, está impune.

Alexandre de Moraes sabe que há entre eles contrabandistas, sonegadores, agiotas, lavadores de dinheiro. As baleias-francas de Imbituba sabem. As gaivotas de Itajaí são sabedoras há muito tempo.

 


São os grandes financiadores, as vozes mais potentes e influentes, os mais respeitados em suas cidades. O bolsonarismo catarinense não existiria como o mais fiel e ativo do país sem o suporte dos seus poderosos endinheirados.

E todos estão até agora longe do alcance do sistema de Justiça que condena Fátima de Tubarão a 17 anos de cadeia, mas não consegue estender o braço para pegar os núcleos civil, militar, empresarial e miliciano da extrema direita em suas bases.

 


Coloquem uma tornozeleira em Fátima de Tubarão, para que volte para casa, e ofereçam a vaga dela na prisão aos grandes golpistas de Santa Catarina.

É improvável que Fátima venha a ser uma golpista reincidente. 

Mas os golpistas com dinheiro sabem bem o que fizeram. 

Sabem que estão escapando e se reestruturando e que poderão tentar fazer tudo de novo.



OLIMPÍADA

Dispensa legenda, né?
 

DO MEU BLOQUINHO


 Com tudo q vejo, que me contam, ouço e leio, não dou confiança a nenhum político, seja de q partido for. Nem para um presidente de bairro. Também não para os presidentes do Rotary  e do Lions. Não confio no açougueiro do supermercado. Não confio nos diretores de escolas. Nem nas diretoras. Não confio em presidente de clube. Nem no cara que vende vassoura de palha. Não confio em juiz do tribunal nem de futebol. Nem em promotor. Não confio em reitor nem em diretor de hospital. Também não confio nos presidentes das associações comerciais e industriais. E não confio nos diretores dos sindicatos. Não confio nos padres, nos pastores, nos bispos nem na imprensa. Não confio na Oab, Unimed, Senge nem nos apontadores do jogo do bicho.  Não confio em presidenta de clube de mães nem de comissão cultural alguma.  Não botaria minha mão no fogo por nenhum deles ou delas. Os poderes se cruzam nas cidades e um protege ao outro. Até de tentativa de extorsão, de abuso sexual, de destruição ambiental, atropelamento e de assassinato.

DA MATINAL NEWS

 

O muro que limita a Praça Argentina da Avenida Osvaldo Aranha tem sido palco de uma disputa por críticas ao prefeito Sebastião Melo (MDB) nas últimas semanas. O local, que por cerca de cinco anos não havia recebido nenhuma pintura, foi coberto por uma tinta azul em duas ocasiões ao longo da última semana.

Na primeira, escondeu um grafite que mostrava o prefeito submerso na enchente (foto acima). 

Na segunda, apagou uma pichação que xingava Melo. 


Na manhã de ontem, uma tréplica exibia a seguinte mensagem: “Da memória ngm apaga” 

Não se sabe quem encobriu as primeiras manifestações. 

Secretarias da prefeitura que seriam responsáveis por um serviço deste tipo, SMSurb e Smamus, negaram que tenham feito o trabalho. A Santa Casa, que adota a Praça Argentina, também rechaçou ter apagado. 

Autor do grafite, Filipe Harp vê no episódio ações de censura ao seu trabalho, que considera um manifesto pós-enchente.

 * Vem pra Lajeado, Filipe Harp!

 


FLAVIO TAVARES

 


A família Tavares e eu na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, ontem, para a homenagem ao jornalista Flávio Tavares, uma proposição do vereador Roberto Robaina, do PSOL. A honraria destaca a contribuição de alguém ao desenvolvimento social, econômico ou humano da capital: o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre.

Em 2014, também pelo PSOL, Flavio Tavares já havia recebido o título de Cidadão de Porto Alegre, por ser um dos nomes mais importantes do Jornalismo gaúcho.

 


Que visão de mundo, de ideologia, tem um homem como Flavio que conheceu Darcy Ribeiro, Samuel Wainer, Getúlio Vargas...

 
... Che Guevara, só pra citar alguns?

Que acompanhou os golpistas do planalto em 1964? 

E viu os de 2023? 


Que viveu a Campanha da Legalidade entrincheirado no palácio do governo durante 8 dias, sem tomar banho e com revolver na mão esperando um ataque q não veio? “Aqui nasceu as raízes da volta da democracia, com um movimento civil.” – lembrou.


O escritor e jornalista viveu no exílio durante 10 anos. Conhece muito do Brasil. E também da China, de Portugal, Argentina, Uruguai e o México. 

Dono de excelente memória e de um pensamento que une o passado e o presente, ao ver tantas pessoas de diferentes idades, profissões e cores partidárias  se referiu ao encontro como um “verdadeiro ato ecumênico político“, representado pelos ex-governadores presentes, Olívio e Jair Soares, de quem é amigo de ambos. E lembrou:

Ex-governadores Jair Soares, Olívio Dutra e ver. Roberto Robaina, Flavio Tavares e a esposa Patricia.


“A desavença ideológica deve nos unir, a divergência somar, e isso é a democracia.”


Flavio é um cidadão plural e ecológico, quando se posicionou contra a maior lavra de carvão a céu aberto na região metropolitana de Porto Alegre apenas a um quilometro e meio do rio Jacuí e que afetaria a comunidade Mbya Guarani, muito próximo ao local.

 “Obrigada, Flávio, pela tua luta contra a mina de Guaíba”, disse a esposa Patrícia, em tom emocionado.

 Pra mim foi tudo que eu precisava ouvir. E só por isso, justifica a homenagem merecida.

 


E eu? Aproveitei pra tietar, claro!

E TU?


 

BILHETE DA DONA CHININHA


 Compadre, saúde! A comadre e as crianças? Cirilo ta passando aí pra deixar um saco de laranja umbigo. Todas sem veneno e do nosso interior. Vitamina c  pros meninos. Aqui o desanimo é grande. Muita roubalheira. Tem gente graúda que não perdeu nada e tá enfiando a mão no dinheiro do Lula. Tem ate morto pegando dinheiro. E o songamonga do prefeito fazendo campanha como se o dinheiro fosse dele. Tão bonzinho. O Cirilo teve aqui ontem pra pegar as laranjas e contou que o gerente da Caixa disse que mais de 2 mil pessoas já se mudaram de Estrela pra Teutônia atrás de casa e trabalho. O prefeito ta preocupado mas quer o  titulo eleitoral deles tambem. O probrema é que a  bandidagem também se mudou pra la.  Compadre ontem fui no sapateiro levar as pantufas pra colar  a sola. Aquele sapateiro bem na frente da igreja.  Vi uma gritaria. Fui espiar. Era um bingo só de véias. Tinha umas 40 gastando a aposentadoria delas. Não duvido que o padre não tá por tras disso. Por que a velhice é tao burra? É uma tristeza. Vou ficar assim também daqui uns anos? Deus que me perdoe compadre. O Cirilo me apressando aqui. A Veridiana manda um abraço pra comadre. Fica bem com Nossa Senhora e tua família.

agosto 06, 2024

HILDA HILST

 

Todos irão sempre contra ti

porque hás de querer um mundo novo e diferente.

Porque és estranho e diferente para o nosso mundo.

És quase um louco porque não dás atenção à toda gente.

Dirão que és poeta.

Porque a poesia aparece nos teus gestos

como aparece fé na oração de um crente.

SOBERANIA POPULAR?


 

Ouvi uma entrevista no Instituto Conhecimento Liberta (ICL) com o embaixador brasileiro Júlio Bitelli, em Buenos Aires.

Ele falou sobre a Venezuela e a posição do governo Lula de aguardar provas da lisura da eleição.

E confirmou que o governo brasileiro assumiu os interesses da embaixada argentina e do Peru, em Caracas. Como já tinha feito em Londres, no ano da Guerra nas Malvinas.

Javier Milei, depois de chamar Lula de idiota, dinossauro, q dialoga com criminosos, sem nunca pedir desculpas pela sua estupidez, agora pela rede X agradece  o apoio recebido na capital venezuelana.

Para o embaixador  Bitelli, as visões de mundo são muito diferentes entre os governos.

A Russia e a China reconheceram a vitória de Maduro, sem a comprovação dos resultados dos votos.  Ambas coerentes com suas visões ditatoriais. Já  a preocupação do Brasil é manter o diálogo com a Venezuela, como se sabe, dona das maiores reservas de petróleo do mundo. Mas também ele pede transparência no resultado da eleição presidencial.

Aí, tu pensa, um país tão rico e a maioria do povo na miséria? 

O povo fugindo? 

Os contrários ao governo presos?

Quando me posiciono contra a ditadura de Maduro, não significa q apoio a direita ou a intromissão americana na Venezuela. Até pq a política externa dos EUA é um nojo e todos sabem, criminosa.

 O que sei eu aqui do meu sofá? Sem nunca ter posto os pés na Venezuela?

Sei de duas pessoas da esquerda, q estiveram em Caracas e voltaram arrasadas com o que presenciaram na capital.  É a elas que dou ouvidos e não àqueles que inflam as redes sociais com seus megafones de certezas absolutas.

DÁLCIO MACHADO


 

DO MEU BLOQUINHO

As mulheres pretas. As mulheres brasileiras pretas no pódio dessa olimpíada. Orgulho de muitas de nós. A cada branca fascista e racista que vejo na minha cidade, mais feliz me vejo nessas olimpíadas. São anos de luta das atletas, com apoio mínimo, com pouca grana, patrocínios pífios, com locais de treinamento q não chegam aos pés dos centros europeus e americanos. São raçudas nossas meninas. Lutam contra o preconceito de todas as formas e gêneros. Só de estarem em Paris competindo já vale quaisquer medalhas. Mas as redes sociais, túmulo de  gente falsa e burra, tem a capacidade de criticar as poucas medalhas. Uns bostas q nunca fizeram nada pelo esporte e cultura do país. Por mais Bias, Rebecas, Flavinhas, Rayssas, Rafaelas, Tatianas, Izabelas e Melânias, Wandas, Aídas, Irenices, Daianes, Hélias, Janeths, Ketleyns, Adianas e tantas outras que ainda virão! Um país com mais de 215 milhões de habitantes, com 55,5% de negros ou pardos, o Brasil tem muito para mostrar ao mundo de sua arte e esporte. Oxalá!

 

E VOCÊ É?


 

MARCELO GLEISER


O que sobrou desse verde?

"Uma floresta é uma totalidade conectada de árvores,

fungos, bactérias, arbustos, animais, insetos e pássaros, 

cada qual com funções específicas, 

todas interdependentes.

 

Mesmo que cada indivíduo ou grupo trabalhe por si para se manter vivo, 

buscando comida, matando ou escapando, respirando, 

construindo ninhos, se reproduzindo, penetrando o solo 

ou se estendendo aos céus para beber a luz do Sol, 

vemos que existe uma união de propósitos dentro 

da diversidade de ações, uma mesma urgência de ser, 

de permanecer vivo.

 

Se eliminarmos uma espécie, ou se perturbarmos o ecossistema além

de um ponto crítico de instabilidade, a floresta é comprometida por

inteiro.

 

Quanto mais estudamos os ecossistemas, mais entendemos que a vida 

é uma coletividade de propósitos unificados pelo desejo de existir."

 

 O DESPERTAR DO UNIVERSO CONSCIENTE: um manifesto

para o futuro da humanidade.  Apoio de Adalberto Gomes, q leu e me mandou.


 

SEMPRE BRECHT

Tanta gente socada na prefeitura de Lajeado e nada do governo se mexer para trazer esperança para essa cidade. Plantio de árvores, urgente!
 

O GAÚCHO DE VASCO PRADO

 

Li na ZH sobre essa obra de  Vasco Prado, q havia concorrido com  O Laçador, de Antonio Caringi, há 70 anos para representar a gauchada. Pra ver como tem treta até em concursos culturais... O júri premiou as três estatuas de Caringi q representavam o gaúcho. Como se na base dessa narrativa heróica os indígenas não fossem os primeiros a vagar por aqui.  Hoje, o Gaúcho Farrapo pode ser visto no Margs e foi uma das primeiras obras do acervo.