julho 13, 2024

VLADIMIR MAIAKOVSKI

Rafael Olbinski


 “Vê como tudo agora emudeceu?

Que tributo de estrelas a noite impôs ao céu?

Em horas como esta

eu me ergo e converso com os séculos,

a  história do universo.”

IA X IO

Minha collage  “Senhores da guerra” – sem poligenesia, suponho. 
 

Poligenesia?  É quando a pessoa cria algo muito parecido sem ter contato uma com a outra. Só que... Em tempo de redes sociais e de internet, parece q o conceito cai por terra. 

Dia desses um cartunista postou a comparação entre um cartum seu e de outro. Iguais. Não foi poligenesia, mas cópia mesmo. 

Em “collageadores” que sigo, vejo muita gente inspirada em collages de  artistas de renomes, com trabalhos em livros de arte. Até parece que o collage massificou como arte.  Também, só exige cola e tesoura e a porta aberta para a louca da casa fugir livremente -   lembrando Rosa Montero. 

A técnica do collage, como outro meio de expressão, dizem, inventada por Picasso e George Braque no século passado. Outros  afirmam que é do tempo da idade Média e considerada uma arte tão importante quanto o Pop Art. 

Com a evolução tecnológica surgiu o collage digital. Eu q mal consigo escrever um email, ou postar no instagran, sigo melecando os dedos com tinta e cola nesses tempos de Inteligência Artificial X  Inteligência Orgânica. E, se arte mesmo, que siga representando verdades e mentiras.

A FORÇA DO RIO TAQUARI

Acervo Jaeger, 11 de Agosto de 1912 

Já sussurava o poeta Wally Salomão, “A memória é uma ilha de edição”...  Em uma das enchentes, o Rio Taquari subiu até um descampado, atual Praça da Matriz. E com isso a  pequena embarcação  com  mercadorias atracou onde hoje existe o prédio da Brigada Militar. Se sabiam que o rio  transbordava no passado, o que levou os habitantes a construirem edificios e casas à margem? O que levou um prefeito a derrubar mais arvores e construir uma passarela para o seu ego? O que levou a aterrar um banhado para erguer  um chafariz de águas?  O dinheiro enterrado nesse parque com mísera sombra na cidade de 50º? Tudo com apoio da mídia chapa branca. Da promotoria. Da Fepam. E de todos vocês q assistiram calados essa tregédia ambiental. Chupem essa.

Conforme o ditado popular “ninguém faça que não pague”.

 

DAS REDES SOCIAIS


Aroeira

 



Jota Camelo

REPORTAGEM DO INTERCEP BRASIL


 Piauí, Santa Cataria, agora Goiás: estupro de menina de 13 anos, pelo pai, engravida. Vai ser mãe e irmã. A ficção não supera a realidade. E com ajuda da Justiça, a menina não consegue abortar.

Há 10 semanas que Julia (nome  fictício)  tenta executar o procedimento “negado pelo hospital e pela justiça – apesar de sua interrupção da gravidez ser totalmente legal".

A demora já fez com que a menina cogitasse fazer o aborto por conta própria, colocando sua vida em risco.”

Que mãe é essa - ou ela não vive mais? – que deixa a filha viver com o pai estuprador de 24 anos? Um pai que, com apoio de advogados cristãos, entrou na justiça para q o aborto  fosse adiado e o feto sobrevivesse. 

Nesse caldeirão asqueroso da justiça, da medicina e de estupradores privilegiados, junta-se  a esses fdp, um padre e uma freira fdp. Que sociedade de merda é essa q vivemos? Que atraso de gente é essa?

“O processo corre em segredo de justiça, mas o Intercept Brasil teve acesso à decisão da desembargadora que impediu o aborto e outros documentos relacionados e ouviu pessoas familiarizadas com a situação.

O caso mostra que, mesmo com a derrota do PL do Estupro – aquele que impunha uma pena maior à mulher que abortasse de um estupro do que de seu abusador –, os direitos das meninas e das mulheres está muito longe de estar garantido.”


DICA DO ROGER LERINA

Quadra Petrobras

Bacana, isso: um Museu da Cultura Hip Hop!

Foi inaugurado no dia 6 de junho com a exposição  Vai Ficar Russso: Três Décadas de Revolução RS, que integra o programa Vem Pro Museu, viabilizado pela LIC.


A mostra é composta por fotos, vídeos, cartazes, flyers de shows e outras dezenas de artigos e  faz referência à música Russo, do Revolução RS, que conta a história do grupo, que nasceu em 1992, no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, e se tornou uma das principais referências do rap no estado.

O Museu da Cultura Hip Hop RS é uma iniciativa da Associação da Cultura Hip Hop de Esteio e inspirado no The Hip Hop Museum, de Nova York.

 


Museu da Cultura Hip Hop RS

Endereço: rua Parque dos Nativos, 545 – Vila Ipiranga – Porto Alegre.
Data: até 22 de setembro de 2024
Visitação: de quarta a domingo, incluindo feriados, das 9h às 12h e das 14h às 17h.

Entrada gratuita

 

BILHETE DA DONA CHININHA

Compadre, saúde! Porque ando mal nesse frio que me xuleia os costados. É dor e dori. Pra levantar de manhã um sofrimento nas juntas. Qual a vantagem de viver se é pra arreganhar de dor? Essa semana acharam outro que se perdeu na enchente. Uma tristeza. Por falar ainda em enchente disseram que Lajeado atraiu garimpeiros pra furungar as aguas do Taquari atrás de dinheiro e de joias e de um cofre cheio ate com barra de ouro. Viu? Ninguém confia nos bancos. Tu sabe que a enchente pegou todo mundo ateéa casa do prefeito?  Pra  esse eu digo bem feito. Pena que não tapou a casa toda pra ele se isolar dentro do ginásio com os eleitores dele. Só pra ver as condições daquela gente. A região numa merda e eles insistindo numa feira industrial. Desculpe as palavras o azedume ta grande meu time perdeu. Aqui tem ladrão arrombando loja pra dormir no quentinho e motorista entrando de carro dentro da farmácia. Se arrevoltaram com os preço só pode. O Cirilo vai descer e deixa um saco de bergamotas e outro de aipim sem casca. Diz pra Ninita congelar. To mandando uma manta que tricotei. Te cuida cumpadre que a gripe ta derrubando. Fica bem com Nossa Senhora e tua família.
 

julho 09, 2024

VIOLA DAVIS

Alex Steffen


"Não viva a vida de outra pessoa 

e a ideia que ela tem

do que é ser uma mulher.

Ser uma mulher é ser você.

Uma mulher é tudo o que há dentro de você. "

MULHERES QUE INSPIRAM


Rosane Cardoso, 61, nasceu em Estrela, RS. Estudou nas escolas Nicolau Müssnich, Vidal de Negreiros e depois, no Castelo Branco, em Lajeado:  “No tempo em que cada etapa era em uma escola diferente.”

A filha do seu Mario e dona Celia se emociona ao falar dos pais quando pergunto por eles:

“Meus pais eram pessoas incríveis. Nunca entendi como duas pessoas analfabetas podiam ser tão inteligentes para a vida.”

No currículo de Rosane consta auxiliar de enfermagem no Hospital de Estrela durante 6 anos; professora de Ensino Médio na antiga escola da Fates, assim como no Martin Luther e, durante 26 anos lecionou na Univates.

Atualmente, dá aulas na Universidade de Caxias do Sul, além de ser professora colaboradora dos PPGs da Universidade Federal de Rio Grande e, desde 2010 na Universidade de Santa Cruz do Sul, no PPGL. No ano de 2007, concluiu o pós-doutorado em Teoria da Literatura, na Universidade de Granada, na Espanha.

Como acadêmica tem  vários trabalhos publicados, participa de bancas de doutorado e mestrado. Assim como envereda pela ficção com textos deliciosos que podem ser lidos em duas antologias da Editora Libélula.

Há um bom tempo Rosane mora no bairro Moinhos, em Lajeado.  É uma mulher batalhadora, generosa, solidária  e vê a maioria dos seus alunos tomar parte no seu círculo de amizades. São eles que a empurram para ocupar uma futura cadeira no Legislativo.

Recentemente, agraciada com um dos troféus Mulheres da Década, promovido pelo Grupo Independente, um reconhecimento bacana.

Rosane Cardoso é pré-candidata nessas eleições e, como sou uma de suas futuras eleitoras, algumas curiosidades:

A importância de uma mulher vereadora, negra, na Câmara de Lajeado? 

Um pontapé inicial: na (in)diferença, em vozes outras, na inclusão social e cultural, no desejo de dizer "nós também podemos. Nós somos parte."

Qual pauta deves trazer a público, caso vença essa eleição? 

Coerentemente com a minha trajetória, foco na educação: educação formal, cultural, antirracista. A educação não termina. É sempre caminho.

Já sofreste discriminação racial? 

Sim, todos os dias porque racismo não diz respeito a apenas uma pessoa. Sempre que uma pessoa negra sofre racismo, seja direto ou dissimulado, todos que somos negros sofremos discriminação. Estar em posição por vezes privilegiada não muda nada. Lutar contra o racismo pensando somente em si não faz sentido pra mim. 

 

Por fim, lembro de um questionário respondido pelo  escritor Marcel Proust, autor de “Em busca do tempo perdido”, que foi descoberto em um álbum encontrado em 1924. Suas respostas foram publicadas na revista literária francesa Les Cahiers du Mois.  De lá pra cá,  muitas personalidades já responderam também: Oscar Wilde, David Bowie, Karl Marx, Catherine Deneuve,  Keith Richards, Salman Rushdie, Madonna, assim como Jan Koch aqui nesse blog.

Questionário Proust

 1. Qual o aspecto mais marcante de sua personalidade? 

Humor (nem sempre agradável).

2. Qual é a qualidade que você mais gosta em um homem?

 Inteligência.

3.  Qual é a qualidade que você mais gosta em uma mulher?

 Inteligência.

4.  Qual sua principal característica? 

Resistência. 

5.  O que você mais valoriza em seus amigos? 

Solidariedade.

6. Qual é a característica que você menos gosta em você? 

Dispersão.

7. Qual seu passatempo favorito? 

Ouvir música.

8.  Qual sua ideia de felicidade? 

Sofá e chimarrão com cachorros.

9.  Qual sua ideia de tristeza? 

Saudade que não tem jeito.

10. Se não fosse você, quem gostaria de ser? 

Viola Davis.



11. Onde gostaria de morar? 

Nordeste.

12. Qual sua cor favorita? 

Vermelho.

13. Quem são seus escritores favoritos? 

Machado de Assis, Eliana Alves Cruz, Conceição Evaristo.

14. Quem são seus poetas favoritos? 

Drummond, Adélia Prado, Manuel Bandeira, Nancy Morejón.

15.  Quem é seu herói favorito da ficção? 

Prefiro vilões: Coringa.

16. Quem é sua heroína favorita da ficção? 

Emma Bovary.

17. Quem são seus pintores favoritos? 

Kandinsky.

18. Quem são seus heróis na vida real? 

Minha mãe e meu pai.

19. Quais são suas heroínas favoritas da história? 

Sojoumer Truth.


20. O que você mais odeia? 

Dor.

21. Quais são as figuras históricas que você mais despreza? 

Todos os ditadores que assolaram a América Latina.

22. Que talento você mais queria ter? 

Cantar.

23. Como você quer morrer? 

Dormindo.

24. Qual é seu estado de espírito atual? 

Desalento.

25. Por quais defeitos você tem mais compaixão? 

Burrice.

26. Qual é seu lema atual? 

Um dia de cada vez.


 


MARINA


 

TADÁSKIA

Tadáskía, artista plástica brasileira, com exposição no MOMA, uau! Coisa boa ler isso! Liberdade, coragem e sensibilidade definem o seu trabalho. A artista carioca tem chamado cada vez mais atenção por retratar a ambiguidade de forma poética. Em suas obras, é possível ver o encontro entre o familiar e o estrangeiro, o erro e o acerto, a natureza e a humanidade, o abstrato e o figurativo. Em 2023, seu trabalho expôs na 35ª Bienal de São Paulo. Agora, deixa sua marca nas paredes do Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, onde “Projetos: Tadáskía” fica em exibição até 14 de outubro.

Leia mais em: https://bravo.abril.com.br/arte/tadaskia-quem-e-exposicao-moma-obra-acervo-entrevista-perfil-analise/
 

REPARAÇÃO HISTÓRICA

 

Desde o fim de junho, os mineiros  podem conferir as estátuas da antropóloga Lélia Gonzalez e da escritora Carolina Maria de Jesus  inauguradas no Parque Municipal de  Belo Horizonte.

As duas foram eternizadas embaixo de uma  árvore em frente ao Teatro Francisco Nunes.

Esculpidas por Léo Santana, a ideia foi da jornalista e pesquisadora Etiene Martins.

Linda homenagem!

 

julho 07, 2024

RUTH GUIMARÃES

Foto de Sívia Feldens Wiehe

 “Ter dor de barriga é uma coisa.

Pensar na dor de barriga alheia

é outra coisa muito diferente.”


BILHETE DA DONA CHININHA

Compadre, saúde! A comadre e as crianças? Óia recebeu o melado que o Cirilo mandou? É pras pipocas dos pitocos. Ontem a Veridiana chamou na internete dela e vi teu jornal. O mundo é do futuro mesmo. Por isso que ninguém mais tem papel pra acender as lenha no fogão nem pra tapar a fresta da porta. Eu me viro com as palhas do milho mesmo. Cumpadre eu não entendi. Tu sabe que a gente é tudo simples igual só uns mais estudado. O menino aquele Juremir sabe? Escreveu Ilusão derradeira do colonianismo. Ô coisa difícil. Ele ta falando dos nossos colonos? Só quem pode falar mal da gente sou eu que vivo aqui. Diz pra ele. Mostrei meu bilhete pra Veridiana. Ela quer me ajudar escrever limpinho. Deixo? Meio enxerida né? Toda vila vai saber. Compadre fui pra Coqueiro Baixo tu não vai acreditar. Agora tem um edifício.  Vão se empilhar. A Veridiana achou feio que escrevi caixa de sapato. É o sonho dela morar numa. Coqueiro Baixo é a cidade com mais velho no brasil. Voltei correndo renga da perna. Pelo Cirilo já me comprava um quintal. Net net net eu disse. Se tu não quer ler meu bilhetes compadre pega o telefone. Vou compra umas lã agora. To com o tricô atrasado que o medico da cabeça mandou fazer. Fica bem com Nossa Senhora e tua família.

 

PESSOA


 

FRANCESES


 A Democracia, com D maiúsculo mesmo, começou na Grécia. Mas, contudo, porém, hoje, a Inglaterra, com a esquerda no poder,  é a nação que tem a democracia mais antiga do mundo, seguida dos Estados Unidos e, por último, a França. E a França tem eleição hoje, 2º turno com o xenofobismo em alta por lá.  Bons tempos quando a soprano americana Jessye Norman cantou A Marselhesa, nos anos 80. Aliás, da época, a queda do muro, a peretroiska, a glasnot, o cara aquele q ficou conhecido como o Rebelde Desconhecido ou O Homem dos Tanques, fotografado durante os protestos junto a Praça da Paz Celestial em Pequim, tudo, tudo ficou para trás: “O fim da história se aproximava, a democracia avançava por todo o planeta” – escreveu Anne Ernaux no livro Os anos. E agora a gente vê os franceses escolherem uma fascista, a extrema-direita Marine Le Pen para governar o país. É impressionante o retrocesso. Pra phudê. A gente que o diga.

 Em tempo: Paul Quinio, no Libération, q vi no Moises Mendes:


Vitória adiada, disse Le Pen. VTNC*


HISTÓRIAS DA LITERATURA

Amadeu de Queiroz, escritor, farmacêutico e político brasileiro considerado um dos pioneiros do conto regionalista, escreveu:

“Encontrei-me num concerto com Mário de Andrade e, de passagem, ele me disse sem mais comentários:

"Mandei-lhe uma escritora novíssima - tenha paciência com ela."

 

 Alguns dias depois fui procurado pela novíssima, moça de óculos, retraída, falando pouco: o indispensável para expor o que pretendia - era Ruth Guimarães Botelho - como se apresentou.

Até aquele momento não a conhecia, nem de vista, nem de nome, não sabia da sua existência.

Contou-me ela que havia procurado Mário de Andrade para lhe pedir opinião sobre seu trabalho folclórico e que ele lhe havia dito que andava muito atarefado na ocasião, mas me procurasse, que eu, em matéria de folclore, era tanto como ele (pois sim!). Não conversamos mais porque a moça era de pouca prosa, e recebemos os originais, marcamos prazo para outro encontro.

O trabalho que escreveu era de quem começa, tinha apreciável merecimento, mas não me agradou muito - por motivos que agora não vem ao caso - e isso ela percebeu quando nos encontramos mais tarde e lhe dei minha opinião; não só percebeu como entristeceu também um pouco. Então lhe perguntei, por simples curiosidade, se não tinha algum outro trabalho escrito, e ela me respondeu com firmeza e simplicidade: "Tenho um romance”.



Ora, eu que sempre fui curioso dessas coisas e gosto de procurar o que os outros evitam achar, pedi os originais para ler e, no dia seguinte, ela voltou com eles. Com a minha habitual disposição encetei a leitura e, ao chegar à página quatro voltei atrás para reler com toda a atenção, e assim fui indo - avançando e retrocedendo - até o fim do romance, alcançado em poucas horas. 

Não encontrei nele o que censurar, suprimir, acrescentar - a escritora havia escrito um romance, e dizendo isto tenho dito tudo. Só não gostei do título: chamava-se "Mãe d'Agua," Ou" Mão do ouro", não me lembro bem.

(meu exemplar comprado ontem!)


Cheio de entusiasmo por ter dado com um verdadeiro talento, procurei
  o Edgard Cavalheiro, crítico de longa prática, conciso e desabotoado, ao mesmo tempo representante da Livraria do Globo, de Porto Alegre. 

Contei-lhe o caso da moça e do romance, disparei-lhe em cheio o meu entusiasmo, ele também me disparou um olhar de espanto porque, tanto ardor assim, da minha parte, era de se espantar! Guardou os originais que lhe confiei, depois leu o romance e, a seu pedido, outras pessoas leram, inclusive o Jorge Amado, que andava por aqui e que foi até o meio [..] e todos, por fim, sem discrepância gostaram do livro. 

A escritora foi chamada, recebeu os merecidos cumprimentos de vários escritores, assinou um contrato com a Globo e o romance foi publicado com o título de Água Funda.

O resto é sabido.

Não descobri nem emendei, não corrigi nem apadrinhei a escritora Ruth Guimarães, encontrei-a moça de vinte anos e já romancista."

Ruth e Guimarães

* Apesar da crítica, a escritora não desistiu. E Ruth Guimarães tornou-se a primeira mulher negra a publicar um romance pós abolição, alcançando reconhecimento e ocupando mais tarde  uma cadeira na Academia Paulista de Letras.

Quando Guimarães Rosa lançou a obra Corpo de Baile, Ruth compareceu e ganhou uma dedicatória: 

 “A Ruth Guimarães – parenta minha; e uma das pessoas mais simpáticas que encontrei na vida; e que escreve como uma fada escreveria – com grato apreço e a amizade do Guimarães Rosa”

 


 


DIFICIL ESCOLHA

 

Biden não desiste,  
e o q se vê é a flutuação do dólar.

COLLAGES


 Nessa vibe de recortar e colar, destruir significados e reinventar outros, criei um "livro de recordações" com o livro q a Editora Lebelula lançou em 2023, com varios autores de Lajeado e Estrela, ou com ligações afetivas com a cidade, como  foi o caso do professor Fischer. O q eu não imaginava é que foi meu ultimo exemplar, e agora estou sem!



Valendo dos títulos, reescrevi a narrativa:

O mistério de Maria Julia era semelhante ao de Canjiquinha, embora a rouparia de dormir explicasse a vida reclusa de ambas. Cada uma com o seu sonho. Quando a barulhenta revolta dos cachorros ocorreu na vila – apoiado pel’o primogênito que gritava em alto e bom som sobre a escada que conversava com Nicky  – o rapazote da Força e Luz, feito o passageiro da vida mundana, desembarcou aqui entre as flores e os aviões inertes na pista de pouso. Um Franz enfatiotado desceu da pequena aeronave com dois chapéus, um na mão e outro deveras, para logo tomar um rasante d’o quero-quero que vigiava seu ninho, justo no campo de aviação recém-inaugurado na área ancha, encharcada e cheia. Barro pra meia bota. Maria Julia e Canjiquinha presenciaram a cena, afogueadas no riso. A cachorrada revoltada também se manifestava com medo do tóim-bam-bum do teco-teco ainda a bufar a hélice. Como se disfarçasse, o jovem consultou o relógio e as lembranças que o trouxeram a essa aldeola e logo foi de encontro aos senhores Schierholt e Jandiro, representantes da Cia da Colonização, que informaram sobre a recepção: depois da ceia o aguardavam no Salão Troller para uma bailanta à luz de lampiões. Mas, que soubesse, às nove da noite tudo deveria encerrar com a última dança a escolher entre Adélia, Amália ou Alice. E só no outro dia então, poderia consertar o fornecimento de luz em Lajeado.  Assim foi feito.  E quando o escuro reinou e o silêncio se fez, não é que a escada do Nicky iniciou uma longa conversa consigo mesma para quem quisesse ouvir?

A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”
Picasso