Guardachuvadelaura
setembro 30, 2023
DO MEU BLOQUINHO
... me perco observando o poente, o mato, e as galinhas. A natureza sempre ensina... Não sei como essa escapou do galinheiro. Ufa! Conseguiu. E passou o dia ciscando, feliz, feliz e livre. Enquanto o galo... Trancado no galinheiro, bufava de indignação. Cocoricozando alto chamando a galinha, durante todo o dia. Até deu nos nervos. E ela, nada.Vadia, ciscava tranquila, indiferente.
O galo, cada vez mais agoniado com a liberdade da galinha, não se deu conta: que mais vale uma galinha lá fora que três enchendo o saco dele, no galinheiro.
BOTERO
Fernando Botero... Vi no Museu, em Bogotá. Uma exposição deslumbrante. A mídia tem tanto medo de falar em gordo, gorda e se ver implodida que se refere ao pintor dos gordinhos. Fofa, a mídia.
Quando fotografei essa pera, lembrei dele. Modelos nunca faltaram para se inspirar.Tudo é gordo, amplo, majestoso, carnudo em Botero:
"Não pintei uma única gorda em minha vida. Expressei
o volume, busquei dar protagonismo ao volume, torná-lo mais plástico, mais
monumental, quase uma comida, por assim dizer, arte comestível. A arte deve ser
sensual, digo nesse sentido."
E A CLASSE MÉDIA?
Li sobre os “desclassificados” da classe média brasileira...
Edna Castro, a presidente eleita da Sociedade Brasileira de Sociologia, disse em uma entrevista:
* A gente sabe.
"A desigualdade é o retrato do abismo entre gerações,
entre bairros da mesma cidade e entre crianças do mesmo país.
Abismo difícil de ser ultrapassado, por ter raízes
profundas na própria história da dominação social.
Percebo, em geral, a classe média disposta a sustentar uma visão de mundo contrária às mudanças sociais.
A DESIGUALDADE SOCIAL SE AMPLIA TERRIVELMENTE NO PAÍS,
MAS PREDOMINAM OS VALORES DE DISTANCIAMENTO EM RELAÇÃO AO OUTRO –
o pobre, o negro, o indígena, o camponês – que, no entanto, são parte de um mesmo processo de formação da nação.
O Brasil é marcado pela justiça restrita, na qual NÃO cabem todos os brasileiros."
* Sim, a gente viu na reação estupida do prefeito dessa zinha de cidade.
SETEMBRO AMARELO
Termina o setembro amarelo...
Desde 2015, o mês passou a pintar o calendário.
Não sei por que associo como uma data de brancos. Sei que não devo, mas...
Moro numa região de descendentes europeus... Todos conhecidos q se suicidaram são brancos. Inclusive entre os familiares. Agora que setembro termina, lembro de uma notícia marcante, talvez no início dos anos 2000. A mídia deu destaque e fui procurar no google sobre o assunto:
“Os guaranis-caiovás do Mato Grosso do Sul ameaçavam suicidar-se, coletivamente, se fossem despejados das últimas terras que ocupam.
Outra longa história, com suicídio atrás de suicídio, centenas deles, ano após ano.
Os guaranis-caiovás não podem ser índios, porque as poucas terras que lhes restaram não lhes permitem viver como seus antepassados.
Fora de sua cultura, sem qualificação específica para outra, estão condenados à triste e quase fatal trajetória de bóia-fria, alcoólatra, mendigo, louco.”
Lembrei-me de umas pessoas que moravam no Mato Grosso e chamavam eles exatamente assim: um bando de vagabundos bêbados...
Em 2018, os suicídios indígenas bateram recordes. E até hoje, as estatísticas são altas. E nas instituições, os brancos ostentam uma fitinha amarela no peito.
UM SUICÍDIO
"Eu não tenho lugar", deixou escrito na areia,
sob seus pés, um jovem indígena recém-casado, que se enforcou numa árvore, em 2002.
Voltar no tempo... No ano de 1500 estima-se que havia no Brasil mais de 350 etnias, mais de 1.400 grupos, mais de 5 milhões de indivíduos.
Entre 1900 e 1957 desapareceram 87 etnias.
E a desgraça vai longe... Não bastou os portugueses assassinarem os brasileiros, no passado. Os que vieram depois, em nome do progresso, como os bandeirantes, os grileiros, os colonos, os latifundiários ampliaram o genocídio. Bota na conta dos ditadores militares e suas façanhas, o extermínio em larga escala.
Agora, o agropop
ou ogropop faz pressão para aprovar o
marco temporal, uma tese jurídica segundo a qual os povos indígenas têm direito
de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro
de 1988, data de promulgação da Constituição.
Pelo q entendi, cairiam todas as reservas.
E o setor imobiliário e rural fariam a maior festa.
É tudo muito violento e asqueroso.
Em 4 anos de governo bolsonazista, 535 indígenas se suicidaram.
Na maior parte, no estado do Amazonas, onde 208 suicídios foram registrados.
Os dados estão no Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário.
Pronto, terminou setembro, agora tu pode tirar a fitinha amarela do teu peito.
Bota uma cor de rosa.
setembro 26, 2023
ERA UMA VEZ UM PREFEITO....
- Hoje é o limite.
- Tá e vamos pra onde?
- O limite pra sair daqui. Nós vamos fechar esse pavilhão.
Não vai ter alimentação. É o limite pra sair daqui.
- Mas o q a gente pode fazer? A maioria...
- Pode deixar aqui as coisas... Tudo certo (...) A policia
vai vir e nós vamos sair daqui.
- Vou chamar a imprensa...
- Pode chamar. Quer o telefone, quer q eu ligue para a imprensa?
(E prossegue o áudio postado pelo bar Volúpia, nas redes sociais.)
Impressiona a arrogância e a prepotência do prefeito Marcelo Caumo, sem empatia, sem humanidade pelas últimas famílias flageladas, no Parque do Imigrante.
Qualquer um que escutar sabe de que lado anda a "polícia" e a imprensa de Lajeado.
Como disse a jornalista Jurema Finamour: "Minhoca não nasce no asfalto."
MEMÓRIA
“As cidades sempre foram o lugar por excelência para abrigar
a memória individual e coletiva.
É nela que os cidadãos dão forma concreta às suas aspirações
individuais, familiares e comunitárias, o chamado palco da vida.”
(...)
“Todo dia ouvimos o discurso de que é preciso modernizar,
atualizar, deixar em dia com os novos tempos e outras expressões que não
significam nada mais do que subtrair as marcas do passado.
E todo dia vemos casas e prédios serem demolidos para a construção de um novo que logo será velho, num giro louco onde o capital cresce e a humanidade fenece.”
Flávio Kiefer - arquiteto, mestre em arquitetura (PROPAR/UFRGS), professor da PUCRS, em artigo na Revista Parêntese.
setembro 25, 2023
LAJEADO CADA VEZ MENOS VERDE
Cadê o mato que estava aqui?
Deu no Fantástico, ontem.
A criação de ilhas de calor nas cidades.
Ou seja, plantio de muitas árvores em város lugares da cidade. A criação de parques e a preservação de áreas verdes são medidas para diminuir a sensação termica.
Mas até nos clubes, sem chance para o verde que some aos poucos, por poda, exterminio ou queda natural. O matinho que estava se recuperando foi acimentado para mais um quiosque.Sombra para combater o calor de Lajeado que chega facil aos 45º. Na contramão, os estúpidos e gananciosos empresários da construção civil aliado ao governo burro dessa cidade, só destroem.
E o povo apalude.
DUMB WAYS TO DIE
Washington Olivetto, em artigo no jornal O Globo:
“Em 2012, a Metro Trains Melbourne, da Austrália, identificou um grande número de acidentes que aconteciam nas estações de trem, com pessoas distraídas olhando as telas do celular.
Existiam os choques, os encontrões, os tombos, os atropelamentos em cancelas, até mesmo gente que caía na linha dos trens.
O mais trágico era, entre esses acidentados, haver muitas crianças indo ou voltando da escola, que não tinham sido alertadas a respeito do perigo que é ficar olhando o celular em lugares públicos.
Preocupados, os diretores da Metro Trains procuraram a McCann de Melbourne, que aceitou criar, gratuitamente, uma campanha de utilidade pública combatendo o problema.
Baseado numa ideia simples e objetiva, o publicitário John Mescall criou a campanha Dumb Ways to Die ou, em português, “maneiras estúpidas de morrer”.
O trabalho inicial, na verdade, era simples: tratava-se de um desenho animado com traços quase infantis mostrando diversos tipos de acidente.
Tudo ao som de uma canção descritiva das cenas, cujo refrão se
repetia: Maneiras estúpidas de morrer.
A campanha conquistou muitos prêmios e contribuiu para diminuir o número de acidentes nas estações de trem e nos lugares públicos da Austrália.
Só que a campanha no Brasil deve ter um tema mais amplo e emocional, porque existe outra coisa que o celular em excesso está matando: a conversa.
Fica todo mundo olhando para o celular, e ninguém mais fala com ninguém.
EMPATIA
Ela respondeu que, em culturas muito antigas, o primeiro sinal de civilização pode ser o descobrimento de um fêmur quebrado e curado. E explicou.
No reino animal, se o bicho quebra uma perna, morre. Porque não vai conseguir fugir dos predadores, não conseguirá caçar ou ir até o rio beber água. A sobrevivência, comprometida.
Quando se fala em início da civilização, se um homem quebrou a perna e sobreviveu é porque outra pessoa o ajudou. E o manteve vivo e seguro durante esse tempo de cura.
"Ajudar alguém a ultrapassar as dificuldades é o ponto de partida da civilização, ao alcance da comunidade." - para Mead.
Pra mim, um estágio avançado de empatia entre seres humanos. Dou por civilização, quando os primeiros se depararam com uma situação de escolha consciente, e usaram sua capacidade de livre-arbítrio.