A Ong Cirandar, em Porto Alegre, busca ser referência na promoção de leitura e cultura para todas idades, com destaque para os saberes comunitários.
São três unidades em Porto Alegre. Essa é na Andradas, mas com os dias contados porque o dono pediu o espaço de volta. Isso que entrou 20cm de água na ultima enchente, estragando o pouco do mobliário e livros existentes.
A ong promoveu durante dois dias uma oficina com Teresa Cárdenas, 54 anos, de uma nova geração de escritoras cubanas, e que já recebeu o Prêmio Casa das Américas e vários outros.
O escritor Caio Riter foi um mediador atento na oficina. Para mim, que sou fã da literatura de Teresa,
- Cartas para minha mãe, Cachorro Velho, Awon Baba, Meu avô Tatanene, Mãe sereia - foi uma honra ouvir e aprender com ela sobre a invocação da memória ancestral para transformar em literatura.
Fiquei me perguntando o que eu teria para furungar na minha ancestralidade branca?
Lembrei da Marcia Tiburi dizendo que "as merdas" na família é ouro para o fazer literário. Se assim, eu teria um tesouro para compartilhar em páginas.
Teresa contou que fugiu de Cuba, esse semestre. Com seus três filhos. De avião, com "baldeação" em outros países, pagando coiote até chegar ao Brasil. Moram no Rio: "lindo, mas perigoso. Não saímos à noite." Contou que muita gente está indo embora do país porque nunca foi tão dificil viver por lá. Os cubanos sofrendo com a fome, mas a casta militar por cima, não diferente do Brasil. Nem as doações chegam até o povo, que precisa pagar para receber o que os outros países enviam. Pensei nos conhecidos das redes sociais que postam fotos sorridentes em eventos realizados por lá. Sorrir não parece uma conveniência com a desgraça do povo? Ou com a ditadura castrista cujos seguidores continuam dando as cartas? Sim, a literatura não deixa de ser uma denúncia.