julho 12, 2019

MARIO QUINTANA



Esta vida é uma estranha hospedaria
‪De onde se parte quase sempre às tontas
‪Pois nunca as nossas malas estão prontas
‪E a nossa conta nunca está em dia.


BOLSOBOSTA



Parábola judaica:

“Um dia a Verdade e a Mentira se encontram. 
A Mentira diz à Verdade: 
‘Hoje está um dia maravilhoso!’. 

A Verdade olha para o céu e vê que o dia está mesmo lindo. Caminham juntas e chegam a um poço. 

A Mentira diz: “A água está muito boa, vamos tomar um banho juntas!”.

A Verdade, desconfiada, testa a água, que estava muito gostosa. 

Elas se despem e entram na água. 

De repente, a Mentira sai da água, veste a roupa da Verdade e foge. 

A Verdade, surpresa, corre atrás da Mentira, 
mas o mundo, vendo ela nua, logo a despreza com ódio. 

A pobre Verdade se esconde e desde então a Mentira viaja pelo mundo vestida de Verdade. 

O mundo não nutre o menor desejo de encontrar a verdade nua.”.

(Do face de Abrao Slavutzky)

Assisti ao documentário O Contador de Auschwitz, no Netflix.
Lembrei muito, muito  mesmo do Brasil Bolsonaro.


SAUDOSISMO

 Em Lajeado, o  Hospital Bruno Born numa Julio de Castilhos ainda sem calçamento.  Como foram capazes de destruir essa fachada tão histórica para fazer um prédio de vidro? Nas poucas vezes que fui no HBB, consegui vislumbrar a fachada. Agora nem sei se ainda existe.


Nem governo, nem empresários, ninguém tem interesse pela história e cultura dessa cidade. 



Por que não construíram um novo em outro local?


Prédios com fachada de vidro causam impactos ao meio ambiente? No podcast "Os Novos Cientistas", a arquiteta Rosilene Regolão Brugnera avaliou a relação:

Tem quem ache bonito caixas de vidro

Analisamos suas fachadas e como suas características influenciam no consumo de energia, nos impactos ambientais e no custo. A ideia do projeto foi trabalhar essas três variáveis de forma integrada ao longo de toda a vida útil do edifício”, explicou.


Brugnera fez uma avaliação do ciclo de vida dessas construções para seu estudo de doutorado no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP. Deve saber do que esta falando.

julho 09, 2019

JULIÁN FUKS

"A quem, é o que pergunto, quem se interessaria hoje por tão mesquinhos meandros de um tempo distante, e a resposta que meu pai repete é uma absurda mescla de devaneio e lucidez: 

as ditaduras podem voltar, eu sei, e sei que seus arbítrios, suas opressões, seus sofrimentos, existem das mais diversas maneiras, nos mais diversos regimes...” 
A Resistência

O BRASIL QUE DÁ CERTO



Geraldo Moreira Prado, o Alagoinhas, formou-se em História, na USP.

Embora sua vivência política e cultural tenha se dado em São Paulo, foi no sertão, em São José do Paiaiá, que Geraldo fez sua paixão pelos livros tornar-se palpável, com a criação de sua própria biblioteca. 

Hoje  é o responsável pela maior biblioteca comunitária rural do mundo, com 120 mil livros.


O povoado de São José do Paiaiá tem cerca de 600 habitantes e é ligado  ao município baiano de Nova Soure, com cerca de 20 mil moradores.



UM JOÃO GILBERTO? NUNCA MAIS.




 “Ouvir João Gilberto requer aprendizado. (...)

A vida enclausurada de João Gilberto foi constantemente incompreendida e criticada. Não se atestou porém que artistas excepcionais vivem à sua própria maneira, sempre na busca.

 Noel Rosa viveu 26 anos intensamente afogado na boemia, o que levou à breca seus pulmões, Lorenz Hart viveu embebido no álcool tentando resolver seu homossexualismo pecaminoso à época. 

E Picasso com suas mulheres? E Miles Davis? 
A arte é sublime. Queixas são infundadas.

Queixam-se que João quase não se comunicava exceto nas intermináveis ligações telefônicas de horas seguidas. Felizes os escolhidos nessas chamadas. (...)
poético cartum de Alberto Benett

Os mestres não se comunicam através de palavras. 

João Gilberto deu tudo de si para se comunicar com o que de melhor tinha, sua música. Sem nunca comprometê-la. 

Por isso precisava do melhor, a melhor sala, o melhor violão, o melhor microfone, o melhor som, o melhor técnico, sempre o melhor. João Gilberto era o melhor. (...)

O samba do Brasil teve raros momentos de ruptura a determinarem os capítulos de sua história. O mais revolucionário deve-se ao gênio que foi cantar noutra freguesia, João Gilberto.” 

Zuza Homem de Mello, n’O Estadão


Não tenho foto com João Gilberto,  mas tenho um filho com seu nome, assisti emocionada ao show de João na Fiergs, meu parceiro de cama e mesa toca bossa nova... Mas com Zuza tenho foto, livro e admiração!

NOSSO ÚTERO AFRICANO


Esta é a única foto (clandestina)  feita por Marc Ferrez, de um navio negreiro no Brasil, em 1882.

Ferrez é o principal fotógrafo brasileiro do século XIX, dono de uma obra que se equipara à dos maiores nomes da fotografia em todo o mundo.

No Rio, uma exposição de Ferrez até 25 de agosto de 2019, no Instituto Moreira Sales, na Gávea.




Ao chegar no Brasil e ver de perto a escravidão, o biólogo britânico Charles Darwin escreveu esse relato:

“Perto do Rio de Janeiro, minha vizinha da frente era uma velha senhora que tinha umas tarraxas com que esmagava os dedos de suas escravas.

Em uma casa onde estive antes, um jovem criado mulato era, todos os dias e a todo momento, insultado, golpeado e perseguido com um furor capaz de desencorajar até o mais inferior dos animais.

Vi como um garotinho de seis ou sete anos de idade foi golpeado na cabeça com um chicote (antes que eu pudesse intervir) porque me havia servido um copo de água um pouco turva…

E essas são coisas feitas por homens que afirmam amar ao próximo como a si mesmos, que acreditam em Deus, e que rezam para que Sua vontade seja feita na terra!

O sangue ferve em nossas veias e nosso coração bate mais forte, ao pensarmos que nós, ingleses, e nossos descendentes americanos, com seu jactancioso grito em favor da liberdade, fomos e somos culpados desse enorme crime.”

A Viagem do Beagle

"... O QUE FOI NUNCA MAIS SERÁ"

Minha lembrança do "Laçador" é anterior a essa foto. Tinha treliças azuis ao redor. Uma única vez entrei lá. Com meu pai, para comprar uma Grapette. Aí veio  o "progreço" e alisou o terreno. Tão liso quanto o pensamento dos construtores de Lajeado. Tão liso quanto o governo que aplainou o morrinho do Parque do Imigrante. Essa é a mentalidade de todos: rasa. 

Tudo que conferia um pitoresco à cidade, acabou. Lajeado é uma cidade feia. Com um centro virado em ferragens e fios. Mas tem quem ache lindo...