Guardachuvadelaura
dezembro 20, 2013
IMIGRANTES ITALIANOS & MOINHOS...
No Google é assim, uma coisa leva a outra, a outra... Intrigas da Colônia II.... Essas circunstâncias que a gente não sabe onde vai dar. Chego
à imigração italiana no Brasil. O ápice desse movimento aconteceu durante
o período entre 1880 e 1930.
Conforme o historiador Emilio Franzina, 30% dos nossos
imigrantes vieram do Vêneto – região essencialmente agrícola, das
mais pobres e atrasadas de toda a Itália. Fugiam da fome e da miséria que
assolava o país e quase a Europa.
Sempre é bom reforçar que em 1850 o Brasil proíbe o tráfico
negreiro. Ahã, então vamos escravizar os recém chegados nos cafezais paulistas...
Só láááá em 1902, o governo da Itália emitiria o decreto Prinetti,
proibindo a imigração até então subsidiada. Como fenômeno de massa consta a
época de 1887 a 1902, influenciando
decisivamente no aumento da população brasileira.
Os imigrantes de Antonio Rocco
É em 1875 que os primeiros italianos desembarcam no Rio
Grande do Sul. Estima-se que até 1910 imigraram para cá cerca de 100 mil
italianos. Vinham para substituir os colonos alemães - que a cada ano chegavam
em menor quantidade- atraídos para trabalhar como pequenos agricultores nas terras selvagens da serra gaúcha. Com o tempo foram subindo as encostas migrando para várias
regiões do Rio Grande, entre elas o Vale do Taquari, onde me perco.
As famílias venetas eram grandes. Em média, 12 a 15 pessoas vivendo
em torno de uma pequena propriedade, trabalhando como meeiros na terra de outros. Coisa de 1885.
A imigração italiana no Brasil se expandiu até a década de
1920, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a
controlar o entra-sai da bota. Após a segunda grande guerra ainda chegaram
106.360 italianos, encerrando o grande fenômeno migratório no país de Epitácio
Pessoa.
Familia Postali, 1911, Caxias do Sul
Atualmente vivem no Rio Grande do Sul três milhões de
italianos descendentes, representando cerca de 30% da população do estado.
É graças à imigração italiana que eu conheço o panetone de
Natal.
Alias, os da minha mãe são imbatíveis.
Tutto questo per arrivare a questa conclusione?
Fonte: http://pt.wikipedia.org
TRISTE CAMINHO DOS MOINHOS...
Ilópolis fica 200 km de Porto Alegre, 82 km de
Lajeado...
No ano de 2004 é formada a Associação dos Amigos dos Moinhos do Vale do Taquari que adquire o Moinho Colognese com recursos doados pela Nestlé Brasil através de um projeto da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Em fevereiro de 2008, foi inaugurado o conjunto do Museu do Pão, a Oficina de Panificação e o restauro do Moinho Colognese.
Visitei o sofisticado complexo arquitetônico do Museu no ano de sua inauguração e assisti ao excelente documentário “O Milagre do Pão”, de Isa Grinspum Ferraz. Voltei mais quatro vezes à cidade como guia turística deslumbrada.
Visitei o sofisticado complexo arquitetônico do Museu no ano de sua inauguração e assisti ao excelente documentário “O Milagre do Pão”, de Isa Grinspum Ferraz. Voltei mais quatro vezes à cidade como guia turística deslumbrada.
Na primeira vez que estive por lá também fui à Anta Gorda.
Conheci o belo cenário onde foi erguido o moinho Vicenzi. Conheci seus proprietários
e suas agruras. Nunca mais voltei. E soube agora que, desiludidos, os
proprietários proibiram a visitação ao seu reduto. Toda razão a eles.
A recuperação dos moinhos coloniais no alto do Vale do Taquari não veio para todos.
Apesar do texto esclarecedor de Manuel Luiz Touguinha no
livro “Museu do Pão – Caminho dos Moinhos”, com ensaio fotográfico de Nelson
Kon:
“Naturalmente que o
seu caráter patrimonial é inquestionável, uma vez que representam a memória de
um povo (a história da imigração italiana no Rio Grande do Sul (1875); as “colônias novas” (1909) de Ilópolis,
Arvorezinha, Anta Gorda, Putinga, Relvado, Itapuca e outras localidades da
região), a sua história econômica e social, a sua história tecnológica e,
frequentemente, o repositório de crenças, ditos e pequenas histórias e
estórias, que constituem parte do imaginário popular.”
Moinho Colognese, 1917, no centro de Ilópolis. Restaurado.
Rua Padre da Silva Kolling, 1020
95990-000 Ilópolis Rio Grande do Sul
Telefone: 51 3774 1537
“A organização de um roteiro de visita passando por moinhos deve permitir o contato com o patrimônio natural, com paisagens espetaculares, com os caminhos tradicionais, com a arquitetura rural religiosa (capelas e capitéis em madeira) e profana (casas, galpões, pontes e outras edificações em madeira), patrimônio culinário da região (polentas, pães, broas de milho, massas, etc.) e o patrimônio imaterial com as estórias e lendas que lhes estão associadas, atingindo assim a sua plena integração e possibilitando um conhecimento mais aprofundado do passado dessas comunidades.”
“O Caminho dos Moinhos, partindo da restauração revitalização
do antigo moinho Colognese de Ilópolis e da constituição do futuro Museu do Pão
e da Escola de Panificação e Confeitaria em seu entorno, possibilitará como
objetivo um desenvolvimento sustentável da região, uma vez que a atração de
novos consumidores, e o prolongamento da permanência dos turistas, que
incrementará a atividade econômica local em projetos interligados ao incremento
das atividades culturais, turísticas e ao desenvolvimento da agricultura
familiar.”
“Não deve ser negligenciada a capacidade de atração que os
moinhos coloniais têm sobre as pessoas. As raízes rurais degrande parte dos
habitantes que ainda vivem nas “linhas” e, em especial nos centros urbanos,
tornam-nos particularmente sensíveis à imagem dos moinhos, que muitas vezes
evoca para eles a infância e a juventude. Além disso, o patrimônio molinológico
profundamente integrado ao ambiente natural efazendo uso de energias
renováveis, apela diretamente para os valores emergentes ligados às
preocupações ecológicas da sociedade pós-industrial. Esta capacidade de atração
já é visível em algumas regiões turísticas da Europa.”
“É urgente dar uma maior visibilidade e publicidade a este
valioso patrimônio construído pelo “saber fazer” de antigos e simples
imigrantes italianos que desbravaram o Alto do Vale do Taquari, a grande
maioria dele desconhecido ou esquecido, em que se aliam velhas técnicas de
construção tradicional e engenhosas obras de hidráulica, e cuja atividade
associada sempre teve uma grande importância na economia e na vida das
comunidades rurais. Eram muitas as famílias que exerciam a profissão de
moleiros, eram inúmeros os agricultores que tinham direito a moer no moinho
comunitário e a propriedade de um moinho era um fator de alguma importância
social e econômica.”
“Hoje em dia, tudo mudou.
O fim do isolamento das comunidades e da pratica da
agricultura de subsistência permitiu o acesso a outras formas de vida e de
consumo.
Com o advento da proibição da moagem do trigo em pequenos
moinhos coloniais, ocasionou-se o distanciamento de muitas pessoas aos moinhos
tradicionais e reduziu substancialmente o negócio dos moleiros.”
“O progressivo abandono da triticultura nas pequenas
propriedades rurais e o envelhecimento daqueles que dominam as técnicas e a
paixão por estes engenhos contribuiu para a degradação deste patrimônio.
Apesar de
tudo, ainda existem alguns rodízios a rodar e algumas mós a moer.
Talvez sejam os últimos e só subsistem à custa do empenho
pessoal e apaixonado de velhos moleiros.
É urgente valorizar e divulgar estas marcas do passado rural
das comunidades, mostrando-as às gerações atuais e futuras. O aproveitamento
deste patrimônio para fins didáticos, culturais ou meramente turísticos, pode e
deve ser a solução para permitir a sua preservação, podendo mesmo contribuir
para o próprio desenvolvimento local do Alto do Vale do Taquari.”
Manuel Luiz Touguinha
MOINHOS PELO CAMINHO...
MOINHOS PELO CAMINHO...
Moinho Marca, de
1950, Linha Carlos Barbosa, Putinga. A
ser restaurado.
Moinho Vicenzi,
1930, Linha Tunas, Anta Gorda. A ser
restaurado. Funcionando. Com muitas dificuldades.
Moinho Castaman,
1947, Linha Quarta Baixa, Arvorezinha. A ser restaurado.
Um investimento de R$ 2.8 milhões perdido, apesar dos
projetos de recuperação aprovados no Ministerio da Cultura. Claro, hoje já se
sabe que muita gente lucra em cima desses projetos que envolvem deputados
federais e agentes de cultura imorais.
O Escritorio Brasil Arquitetura teria pronto três projetos
de restauração dos moinhos Castaman, Marca e Dalé. Dizem que havia grana para
tudo, mas os prefeitos-caranguejos deram para trás. Devem ter seus motivos
nobres...
Para saber mais, aqui: http://www.ecoregional.com.br/noticias/6271/Caminhos_de_papel/Projetos_que_podem_mudar_o_destino_da_regiao_precisam_de_apoio_para_se_tornar_realidade#
Moinho Dallé,
1919, Linha Borghetto, Anta Gorda. A ser restaurado. Funcionando. Du-vi-do. Farinha La
Mama.
Moinho Fachinetto,
1947, bairro Moinho, Arvorezinha. Restaurado. Ou reformado? Funcionando. Farinha Vó Gentilia.
* Creio que o Caminho dos Moinhos emperrou.... Infelizmente. Apesar
dos esforços da professora e ambientalista Judith Cortesão, que na virada do século
XXI, no ano 2000, visualizou a urgência
da restauração, da pesquisa e divulgação dos moinhos coloniais.
Conseguiu,
conseguiram, como se viu, apenas em Ilópolis.