novembro 22, 2024

CECÍLIA MEIRELES

Foto Felipe Pitol


  

Morro do que há no mundo:
do que vi, do que ouvi.

Morro do que vivi.

Morro comigo, apenas:
com lembranças amadas,
porém desesperadas.

Morro cheia de assombro
por não sentir em mim
nem princípio nem fim.

Morro: e a circunferência
fica, em redor, fechada.

Dentro sou tudo e nada.

MAS NÃO ERA O CASO DE UM PRONUNCIAMENTO EM REDE NACIONAL?

Foi seguramente o fato mais grave da nossa vida política desde o atentado do Riocentro, aquela frustrada tentativa de recrudescimento da linha dura, ainda durante os estertores da dita-cuja, que só terminaria (formalmente) alguns anos depois. Sem eleição direta, apesar do clamor nacional. Sem Tancredo, internado no dia da posse, para ter a morte anunciada no Dia de Tiradentes. E sem – muito menos, imagine – qualquer julgamento dos responsáveis pela perseguição, prisão, tortura e morte dos opositores do regime.

A recente descoberta do plano de golpe, com um triplo assassinato – dos presidente e vice-presidente eleitos e do então presidente do TSE –, urdido por militares membros do governo recém-derrotado nas eleições, o caso mais grave da nossa vida política desde o Riocentro não seria motivo para um pronunciamento em rede nacional?

(Eu ia dizer “cadeia nacional”, mas preferi evitar o duplo sentido para não excitar expectativas).



Um pronunciamento curto e contundente, em que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República fizesse saber que a Polícia Federal havia descoberto a trama golpista e assassina, que era mais grave do que se pensava, que por um triz não levou o país a mergulhar em novo período de trevas, que as investigações prosseguiam e os acusados seriam julgados nos termos da lei?

Um pronunciamento por acaso (e aqui não vai ironia) coincidente com a reunião do G20, e que por isso teria repercussão internacional, apesar da desleal concorrência das peripécias na Ucrânia?

Um pronunciamento que animasse entidades da sociedade civil, outrora tão atuantes, a se manifestar? Que pudesse despertar nas pessoas a consciência da importância da democracia e da necessidade de sair às ruas para defendê-la?

Não. Melhor aparecer sorridente, na estética “paz e amor”, melhor trazer para o lado pessoal, “humano”, dar graças a Deus por estar vivo, mostrar que é boa gente, um cara legal que escapou de boa e não quer envenenar ninguém, só quer o bem de todos e a felicidade geral da nação.

Melhor despolitizar.

Não foi assim agora, agorinha mesmo, quando se desautorizou qualquer evento oficial que demarcasse os 60 anos do golpe?

Não é assim que se mantém na Defesa um ministro que insiste na tese dos “fatos isolados” e das “ações individuais”? Porque afinal não foi a instituição, foram apenas “CPFs” que conspiravam contra a democracia?

Não é assim que o ministro “iluminista” abre a sessão do CNJ com o cenho franzido e muito polida e delicadamente se diz “estarrecido” com a notícia daquela manhã, quando soubemos que estivemos “mais próximos do que imaginávamos do inimaginável”, mas que aquele atentado nada tinha a ver “com ideologia ou com opções políticas”, pois era “apenas a expressão de um sentimento antidemocrático e do desrespeito ao Estado de Direito”, e o que se estava descobrindo eram meros “crimes previstos no Código Penal”?

 

Devemos então entender que uma conspiração contra as instituições democráticas não tem nada a ver com ideologia ou política, é uma coisinha pouca, um crime comum, não um atentado à Constituição? É assim que pretendemos continuar a bebericar em paz nosso cafezinho?

Costuma-se dizer que as coisas são assim porque a correlação de forças é desfavorável.

Certamente é.

Se não se trabalha para alterá-la, se não se age com a devida contundência quando o momento exige, quando vai mudar?


Sylvia Debossan Moretzsohn em Come Ananás

 




 

GILMAR


 

DO MEU BLOQUINHO

Desde o fim do ano passado venho rabiscando umas linhas sobre uma personagem, q exige de novo muita pesquisa. Não sei se vai resultar em algo, se um conto, uma novela ou um romance. Tateio... Quem sabe apenas um exercício literário? É que leva muito tempo para que meus riscados resultem em algo aceitável, convincente.  E às vezes nem isso.  È tanta coisa atravessando a gente... Quando não é as intrigas familiares são as intrigas nacionais, se pode chamar de intriga uma tentativa de assassinato do presidente, do vice, de um juiz do supremo. Com o aval de um ex-presidente. Vixi... Diz a crônica popular q Clarice Lispector escrevia enquanto atendia os filhos, o marido, o cachorro.  Não perdia o foco.  Eu não consigo e fico transtornada quando sou interrompida por eles, pela minha mãe ou pela merda do celular. Tudo se constrói muito, muito lentamente, de forma intuitiva na minha escrita.  Sem regras e esquemas literários.  Ó... Saber q Goethe  começou a escrever Fausto em 1775 e só saiu outro esboço 16 anos após? Comparo, pq lembro q escrevi um capítulo de “Engole esse choro” em 1992.  E incluí no meu livro 28 anos depois... E Goethe? Publicou Fausto em 1808.  Gestou  sua criatura durante 33 anos!  Mas e eu? Será q ainda estarei viva para publicar mais uma história que interessa a tão pouca gente ou a ninguém?

 

 

 



 

 

 

RAULZITO TINHA TODA RAZÃO



Mamãe, eu não queria
Servir o exército

Não quero bater continência
Nem pra sargento, cabo ou capitão
Nem quero ser sentinela, mamãe
Que nem cachorro vigiando o portão
Não!


Mamãe, eu não queria
Servir o exército

Desculpe, vossa excelência
A falta, a falta de um pistolão
É que meu velho é soldado
E minha mãe, pertence ao exército de salvação
Não! Oh mãe!


Mamãe, eu não queria
Servir o exército

Olha as crianças

Marcha soldado, cabeça de papel
Se não marchar direito vai preso pro quartel


Mamãe, eu não queria
Servir o exército

Sei que é uma bela carreira
Mas não tenho a menor vocação
Se fosse, tão bom assim mainha
Não seria imposição
Não!


Mamãe, eu não queria
Servir o exército

Você sabe muito bem que é obrigatório
E além do mais você tem que cumprir
Com seu dever com orgulho e dedicação 

Mamãe eu não queria

Servir o exército

Mamãe, mamãe
O exército é o único emprego
Pra quem não tem nenhuma vocação, mulé...

novembro 20, 2024

ANTONIO CÍCERO


 “Pra começar, quem vai colar

os tais caquinhos do velho mundo?

Pátrias, famílias, religiões e preconceitos

quebrou não tem mais jeito.

Agora descubra de verdade o que você ama

que tudo pode ser seu.

Se tudo caiu, que tudo caia,

pois tudo raia

e o mundo pode ser seu.”

INCONSCIENCIA BRANCA X CONSCIENCIA NEGRA


  

Em 1971, o professor, poeta, pesquisador gaúcho Oliveira Silveira já sugeria o Dia da Consciência Negra, para honrar o 20 de setembro, data da morte do líder Zumbi dos Palmares em 1695, na luta contra o sistema escravagista.

Em 2011, o 20 de setembro virou feriado em algumas cidades. Mas Oliveira Silveira não comemorou. Havia morrido em 2009.

Ano passado, o governo Lula oficializou o feriado nacional:

um dia para refletir a contribuição da comunidade negra para o Brasil.


"É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça social."

 Zumbi dos Palmares


Se você acha q isso tudo é passado, muito distante, vale lembrar as palavras da jornalista Glória Maria e sua trajetória exitosa:

"Tudo é mais difícil para um negro. Você tem que provar 100 vezes que você é o melhor. Se você não tiver uma força extraordinária, não consegue passar por isso." 

DO MEU BLOQUINHO

 

Não sou boa de conselhos. Mas ela veio morar em Lajeado e sente na carne as decepções. Com olhos aguados desfiava as dores. Querida... O que dizer? Não crie expectativas com migalhas, com ninguém. Não espere reconhecimento, elogios ou louvores. Não espere nada em troca. Tu vai perceber q é um alívio viver sem esperar qualquer tipo de recompensa. Deixe para os ambiciosos, os invejosos e os mesquinhos q circulam nas tuas proximidades. Paz de espírito é tudo e não engorda. Te liberta! A gente trocou um abraço e fomos se empanturrar de bala de goma da Docile enquanto escolhíamos um livro na Cometa.

"UM POUCO DE UTOPIA"


Recuperei do meu próprio blog aqui, do dia 17 de março de 2010, uma crônica publicada nos jornais A Hora, de Lajeado e Opinião, de Encantado, com o título Um pouco de utopia:


Na semana passada, no dia dedicado as mulheres, a rádio Independente chamou para engatar um tricô descontraído nos microfones do programa de Zero a Mil, do colega Fabiano Conte.

Cheguei atrasada porque me embaralhei nas mudanças de trânsito que inventaram, dizendo que tudo melhoraria em Lajeado. Tenham dó...

Na emissora, esbaforida, dei de cara com a professora Nice da Rocha Werle, com a Secretaria de Educação de Imigrante, Edí Fassini e com a jornalista Dirce Becker Delwing. Ainda bem que nos últimos instantes desisti de comparecer ao programa com figurino de lavadeira, porque elas estavam bem comportadas. 

Achei que minha contribuição seria mais leve ainda do que foi: horóscopo, filhos, casamento & algemas. No final, sobrou uma provocação de arrepiar:

- E se fosse dada a oportunidade de ser prefeita de Lajeado durante uma semana? O que tu farias? – ironizou Fabiano.
- Eu...

Antes de abrir a torneirinha de asneiras à la Emília, ele interrompeu alertando que estávamos no ar, microfone aberto, quase pedindo cuidado com as palavras. 

O que aconteceu então? Engoli minhas excelentes ideias utópicas, meus sonhos de Q-boa e Omo.

Mas, como minha memória-flan não infunde respeito, acho que deixei escapar, e se não o fiz, faço agora, que a primeira atitude seria demitir os secretários Mozart, Simone, Guisch por total incapacidade de gerir a urbanização de Lajeado e por degradarem o meio-ambiente.

Como prefeita, eu pensaria em devolver a cidade a todos aqueles que realmente desejam bairros mais bonitos, mais charmosos e mais verdes.

Sim, uma luta contra o tempo. Afinal, só tenho uma semana. Trataria de aproveitar o sábado e o domingo, e as madrugadas.


1º canetaço: autorização para construir prédios só até cinco andares, com recuo para área verde e árvores, não só um mero jardinzinho.

2º canetaço: retirada das ferragens da Júlio de Castilhos e dos cabos elétricos e de telefonia - tudo seria enterrado, e plantio imediato de árvores nas calçadas, de ambos os lados, principalmente, na entrada da cidade.

3º canetaço: aquisição da antiga rodoviária de Lajeado na Borges de Medeiros, terminando com aquela zona de prostituição indecente que a prefeitura atual permite. Chamaria o pessoal que restaurou o Moinho de Ilópolis e pediria para construir não só um novo centro cultural naquele prédio, como transformaria a quadra em “Rua da Arte”.

4º canetaço: construção  – ou restauração – de Casas de Cultura em todos os bairros da cidade. Admissão imediata de oficineiros, que seriam encaminhados para cursos de aperfeiçoamento em Porto Alegre, nas respectivas áreas culturais.

5º canetaço: proibição total de asfalto nas ruas, com ressalva para ciclovias em diversos pontos da cidade.

6º canetaço: construiria um novo hospital.

7º canetaço: pediria ao Ministério Público uma investigação minuciosa nas contas da atual administração de Lajeado, sem se descuidar dos “laranjas”.




Aprovam? Bom, Fabiano me deu apenas sete dias...

Com mais sete chegaria aos esgotos, à arborização dos parques e da beira do rio; na despoluição do arroio que passa pelo Jardim Botânico;  no trânsito, nos postos de saúde, na restauração do Moinho do Engenho, exatamente como era no passado; reorganização de um plano diretor favorável aos moradores e não aos construtores; plano de ação para o turismo na região...

Ainda bem que o Fabiano me cortou.
Ainda bem.

 


BUUUMMMM



Eu posso imaginar o ódio dos bolsonaristas ao governo Lula.

Governo popular, bem recebido em todo mundo, apenas com o primeiro grau, etc, etc, etc... A elite odeia, odeia.

Mas posso imaginar raiva maior ao STF que detém um orçamento de 851,7 milhões pago com nossos sofridos impostos.

O STF -  vi no noticiário da Band - gasta mais do que a família real da Inglaterra, q custa aos cofres públicos 600 milhões de reais.  Parece que vão ter reajuste, no fim do ano.

Nós temos q estar phudidos mesmo pra sustentar essa realeza toda de juízes com seus penduricalhos, seus asseclas & aspones.

Até dá pra entender o homem-bomba catarino, bozonarento, né?
 

RIOCENTRO DOIS?


  “Chegaram muito perto”, disse  Lewandowski, o ministro da Justiça,sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.

 “Os fatos são gravíssimos, absolutamente inaceitáveis, e colocaram em risco não apenas as instituições republicanas, mas a vida do brasileiro, o cotidiano dos cidadãos e das cidadãs”.

 Bolsonaro deve estar cagado desde ontem...

Sim, os golpistas, torturadores e assassinos de fardas ainda estão aqui.

novembro 18, 2024

MARÍLIA PÊRA


“Gostaria de ir para um lugar civilizado, 
onde a cultura não andasse 
no último vagão de trem.”

I D A D E É U M S E N T I M E N T O...

... de emoções, de vivências, de desgostos, afinidades.

Pensei muito nisso quando assisti  na última quarta-feira, a estreia de “Idade é um sentimento”, texto da atriz canadense Haley McGee, de 2022, cujos direitos foram adquiridos pela atriz Gabriel Munhoz, de Lajeado.

Foi no Teatro da Santa Casa,  por conta da 18ª edição do Festival Palco Giratório Sesc.

Acompanho de longe a trajetória dessa minha ex-aluna – e lá vão tantos anos.

Vi seus outros trabalhos de palco e tela. E sempre me surpreendo. Mas agora, foi diferente. Uma Gabi madura assumiu uma personagem que  “rasga” a sua vida dos 25 anos até a morte, de forma sensível, potente, mas com respiros para a plateia sorrir.  E lá estamos nós absorvendo, sucumbindo, nos vendo nas histórias da personagem.  


É preciso falar da sintonia de Gabi Munhoz  e da cantora e performer Paola Kirst, que não só executa a trilha sonora como  contracena de forma elegante e mímica. Ambas brilham.


De pano de fundo, um vídeo do mar e de pessoas queridas do teatro gaúcho, em uma cenografia enxuta e bonita de Elcio Rossini. Iluminação objetiva, Ricardo Vivian.

O espetáculo traz a assinatura de Camila Bauer e da coreógrafa Carlota Albuquerque.

Você ainda pode conferir no 31° Porto Alegre em Cena, em única sessão no dia 23 de novembro (sábado), às 20h30min, também no Teatro da Santa Casa.


Espero que o SESC e o Teatro Univates  convidem a sua "filha" para apresentar aos conterrâneos...

 

 



 

"CABIDE DE EMPREGO"


Se não fosse o crime
Muita gente morria de fome
O vagabundo é quem garante
O pagamento dos homens

Porque um preso dá vários empregos
Você pode acreditar
É um polícia pra prender
Um delegado pra autuar

Um promotor pra fazer a caveira
Um juiz pra condenar
Um carcereiro pra tomar conta
E um advogado pra soltar

Se não fosse o crime
Muita gente morria de fome
O vagabundo é quem garante
O pagamento dos homens

Eu não faço apologia
Mas infelizmente é verdade
Existe o bem e o mal
Em todo canto da cidade

Quem nunca foi assaltado
Por favor, levante o dedo
A maré está tão braba
Que eu já ando até com medo.

Autor? 
DICRÓ 

AROEIRA


 No domingo só o que se viu nas redes é o vai siphude que a Janja mandou p o branco, milionário e asqueroso do Elon Musk.

Bolsonaristas ora se espantavam horrorizados, ora diziam “Óóó... viram? Uma primeira dama dizer isso?”

Até Lula criticou o linguajar. To com Aroeira: faço coro com a Janja.

E com td respeito: Lula vai tiphud também por criticar a tua mulher.



Enquanto isso o mudinho podre e interesseiro da política, da sacanagem e da corrupção vai de vento em popa. E com bombas jogadas no  STF  para espantar nossa letargia um pouco. Que catarino burro, né? Antes prendesse as bombas num drone e botasse para voar em cima da casa judiciaria, do congresso...

Mas não, o bolsonarista infeliz se implodiu.

ATUALIZANDO

No insta da  @esquerdasexy



BOLSONARISTA BURRA


 

AUTOR? BOLSONARO.