agosto 05, 2022

MARY ELIZABETH FRYE


 “Não chore à beira do meu túmulo,

eu não estou lá.

Estou no soprar dos ventos,

nas tempestades de verão

e nos chuviscos suaves da primavera.

Não chore à beira do meu túmulo,

eu não estou lá.

Estou no brilho das estrelas

e no cantar alegre dos pássaros.

Não chore à beira do meu túmulo,

eu não estou lá,

eu não morri.”

agosto 01, 2022

CAIO FERNANDO ABREU


  

“Quanto a vocês, salve-se quem puder.

Porque quanto a mim,

querida, querido, queridos – eu?

Ah: eu juro por todos os santos

que sei muitíssimo bem onde estou metido.”

DIA DE AUDIO CRÔNICA

Gilmar Machado

O PRESIDENTE DA MORTE


Em 2018, Bolsonaro  MATA no trânsito quando corta 6 mil radares nas rodovias federais.

Em 2019, Bolsonaro MATA quando aprova a vendas de armas a qualquer um.

Em 2021, Bolsonaro MATA o povo quando poderia ter evitado 4 em cada 5 mortes por covid  se tivesse apoiado as campanhas de uso de máscaras e distanciamento social,  e se tivesse acelerado a aquisição de vacinas. Pelo menos 400 mil pessoas não teriam morrido na pandemia.

Em 2022, Bolsonaro  MATA os indígenas quando incentiva  o avanço de garimpeiros sobre a terra dos Yanomamis. Mais de  100 moradores morreram em decorrência do garimpo ilegal só no ano passado, inclusive bebês.

Bolsonaro MATA os pobres: 33 milhões passam fome no país. 12 milhões convivem com algum grau de insegurança alimentar.

Bolsonaro  MATA o verde. 42 mil km2 desapareceram com o incentivo a madeireiros e garimpeiros ilegais, além do avanço desenfreado da agropecuária.

Cadeia é muito pouco para esse psicopata. 

A hora dele vai chegar.


Trilha sonora: Daniel Barenboim toca Beethoven Sonata No. 8 Op. 13


 

SOCORRO, MALVINA!


 Ando escrevivendo como dizia o finado Lino Grunewald, que nasceu no mesmo dia que eu. Buscando inspiração para desenvolver a história de Malvina em Cruzeiro do Sul. 

Tão solitário, tão dificil.

Aí me deparo com o que respondeu o escritor angolano José Eduardo Agualusa, em uma entrevista ao Fronteiras do Pensamento:

“Criar um romance é sobretudo o prazer da descoberta, descobrir uma história.

Eu escrevo porque quero saber o fim.

Tenho uma ideia, tenho um personagem.

E até hoje a minha maior surpresa, alegria e o grande fascínio da escrita é o momento em que as diferentes histórias começam a se amarrar e você não sabe como.

Podem demorar meses. 

Percebi desde muito cedo que não posso obrigar os personagens a tomarem caminhos. 

O que tenho que fazer é informar-me para seguir esses personagens nesses caminhos.

Vou montando a estrutura à medida que o livro avança.

É interessante ver o encontro do improvável.

Não é racional, é imprevisto. 

E é o imprevisto, a surpresa, que faz a boa literatura”.

 


BOFF


 

pEnsAndO Aki...


 Desde 1965,  o governo em Porto Alegre era da Arena. Tempo da “q.i.”

 Caio Fernando Abreu (1948-1996) escreveu em uma crônica no Estadão:

 “Toda vez que vou a Porto Alegre,

confirmo um negócio um tanto óbvio,

mas sempre curioso:

a loucura e a criatividade

 – de alguma forma não muito misteriosa –

estão sempre ligadas a decadência.

 Digo isso porque todo mundo sabe,

o RS é atualmente o estado

mais decadente do país.

 Decadente economicamente, ecologicamente

(o mais devastado, com desertos  enormes no interior

– para ira minha e do Dagomir Marquez),

politicamente, moralmente, etcteramente.

 Não falo por maldade, não.

 Além de ser verdade, tão gaúcho quanto eu

só a estatua do Laçador ou chimarrão.

O que em absoluto impede

nem sequer nubla

minha virginiana visão crítica, certo?

 Por estar tão decadente, Porto Alegre

 – ou Portinho ou Gay Port,

para os mais maldosos –

é tb a cidade mais punk do país.”




 *Em 1986, a eleição. As urnas elegem Collares, pdt. Depois, Olívio, Tarso, Pont, Tarso.

Não é por menos que destruíram a casa do Caio, em Porto Alegre,  apesar de, em uma entrevista:

 

“Eu me sinto totalmente gaúcho.

Em Santa Catarina, me sinto em pleno trópico. 

Sempre fui um estrangeiro em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

Eu voltei há cerca de um mês da minha cidade natal, Santiago,

e me senti tão revitalizado ao ver o pampa. 

Eu sou platino, sou da região de Quiroga,

do Borges, do Onetti, do Cortázar. 

E tudo isso é muito fundo.”