Guardachuvadelaura
janeiro 17, 2014
PRAGMATISMO: ARTE E VIDA
A vida. A morte. A arte. Sempre surpreendente e reflexiva. A realidade servindo de inspiração para a arte.
São Justino, filósofo e teólogo da Síria. Por acreditar e
divulgar Jesus foi decapitado no ano 165 d.C. Para o pintor, não só teve a cabeça
cortada como foi obrigado a carregá-la feito uma bola de futebol.
“É função do artista, violentar.” - diz Glauber Rocha, o cineasta baiano. Ninguém passa indiferente à vida e à arte. A menos que um alienado. E todo alienado é um bocó. Mas o Brasil não é um país de bocós?
Arte e vida como inspiração relativizada, autoriza citar Ivan Karamazov, de Dostoiévski: "Se Deus não existe, tudo é permitido." Então tudo é. Dada a largada ergueram a tampa da latrina do país das quimeras, do país dos bocós sarneysianos. Do país da copa brasileira.
BURNESHAS, AS VIRGENS JURAMENTADAS
Albânia. Maior que o estado de Alagoas. Menos gente mas
também tem seu litoral... Pertinho da Grécia, Mesopotâmia, Kosovo. Terra antiguíssima,
com gente que viveu antes de Cristo. Metade do povo é cristão, a outra islamita.
Já foi otomana, romana, bizantina, turca, italiana, comunista... Toda sua
população não chega a de Salvador, na Bahia, sendo que a maioria dos albaneses
moram na capital, Tirana. Tudo no wikipedia.
Leio que no século XV, as mulheres - sem muita opção de
independência ou nenhuma- se travestiam
de homens. Um crossdresser às avessas
que perdura até hoje. Pelo menos em algumas zonas rurais, ao norte do país."Virgem juramentada" é o termo usado para designar uma mulher albanesa que escolheu - escolheu? – em geral precocemente, assumir a identidade masculina na vida. Culpa do código Kanun que afirma serem as mulheres propriedade de seus maridos. Por isso, em uma família sem um patriarca ou herdeiro do sexo masculino, a transformação ou o risco de perder todo o patrimônio.
As 'burneshas” surgiram para resolver a situação, com todos os direitos e privilégios da população masculina. Elas se tornaram eles. Cortaram os cabelos, vestiram roupas masculinas, às vezes até mudaram seus nomes, incorporaram gestos masculinos e mais importante de tudo, através do celibato permaneceram castas durante toda a vida.
“O mais surpreendente - conta o fotógrafo Jill Peters que revelou em suas imagens as mulheres-homens
- é que elas não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros
sacrifícios pelos quais passam.
As meninas eram comumente
forçadas ao matrimônio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito
mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto
de virgindade, se tornando “burneshas”, o que elevava a mulher à condição de
homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população
masculina”.