“Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilônia, tantas vezes destruída,
quem outras tantas a reconstruiu?
Em que casas da Lima Dourada
moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China,
para onde foram os seus pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os
ergueu?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A tão cantada Bizâncio só tinha palácios para os seus habitantes?
Até a legendária Atlântida,
na noite em que o mar a engoliu
viu afogados gritar por seus escravos?
Alexandre e Aristóteles
O jovem Alexandre conquistou as Índias sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua Invencível Armada se afundou,
Filipe de Espanha chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos sete anos.
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitória...
Quem cozinhava nos festins?
Em cada década um grande homem...
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias,
Quantas perguntas!”
(Bertold Brecht,1898-1956, dramaturgo aquariano...)
* Se vivo, Brecht se perguntaria, de onde um homem consegue tirar 44 bihões de dólares para comprar uma rede social edificada por milhares de palpiteiros, cujas armas são as palavras. E as fake news.