julho 14, 2025

ÉRICO VERÍSSIMO

 

“Um diário não é apenas um escrínio

onde a gente guarda as raras joias

que a vida nos dá.

É também uma lata de lixo onde despejamos

a cinza de nosso tedio,

o cisco de nossas tristezas,

a aguada bile de nossos odiozinhos

e birras de cada dia.”

DO MEU BLOQUINHO


 Livros, dezenas de livros técnicos que embasaram seus laudos bem feitos. Com tanto picareta na área, ele se puxava para antes de assinar embaixo e conferia os locais, apurava as situações. Explicava  para meus ouvidos nem tão atentos acidentes de trânsito, cercas eletrificadas, sinistros, saúde do trabalhador que não seguia a orientação de dispensar o chinelo de dedo no chão da fábrica ou de usar protetor auricular.  Incontáveis perícias, dezenas de plantas que os bombeiros complicavam por detalhes. Resiliente, voltava, refazia. Nunca molhou a mão de ninguém. As plantas para instalação de extintores trouxe de reboque uma traição parceira. Conseguiu esquecer. Ajudou tanta gente. Tirou a Lori com os quatro filhos da enchente e deu uma casinha, em lugar seco. Foi professor - a gente ria porque a comunicação não era o seu forte. Exigente: em dez alunos, um tem interesse real em aprender. Agora, os livros... Tem tudo na internet - disse alguém. Só não tem ética, pensei. Os livros... Tenho que repensar minhas próprias aquisições. O que fazer com os livros?

MEDO


 

CENTRO POMPIDOU


 Tem um na Espanha, outro na China, Bégica, Arabia Saudita, em breve na Coreia do Sul e tudo indica que haverá um Pompidou  em Foz do Iguaçu.  No de Paris, enfrentei fila e foi o único lugar que vi um morador de rua, sujo, desgrenhado, coberto de sacolas pelo corpo, entrar tranquilamente, sem ser barrado por nenhum guarda, e sentar-se  em uma das mesas da biblioteca e ler o Le Monde. 

Mérito de quem no Ano Cultural Brasil-França?

Sim, do atual presidente.

HENRI CARTIER-BRESSON


"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar  outra vez. Não podemos  revelar ou copiar uma memória."



DAS REDES