Guardachuvadelaura
novembro 05, 2010
McCARTNEY NO MARACANÃ 1990
A gente sabe que nada volta. Nada se repete. Mas, daria tudo para que a minha esperança por dias melhores voltasse. Fragmentos de risos. Mais brilho no olho.
E vai explicar como?
novembro 02, 2010
O LEGADO DE CARTAGENA
Acredito que a maioria dos viventes não quer saber das viagens dos outros. E olhar fotos, então? Fora que tem gente que vê as façanhas de turismo como pura exibição. Mas eu gosto de ouvir as façanhas. As comadres já deram dicas valiosas. E como sou daquelas que conto moedinhas, toda hora consulto o “montinho” das milhagens pra ver se já consigo comprar uma passagem para qualquer lugar da América Latina, arrisco essa crônica-tour só para incentivar você – que chegou por acaso nesse blog – a conhecer a bela Cartagena, bem nas bordas turmalinas do mar do caribe colombiano.
Minha amiga Chica tinha avisado: duas estações em Cartagena. Quente e muito quente. Es cierto! Chegamos na estação quente: 36º. Logo descubro porque todos só usam roupa branca, chapéu e sombrinha.

E chegamos em plena época de comemoração do Bicentenário da Independência da Colômbia, com Simão Bolívar homenageado em todos os cantos do país.
Dica: você tem grana? Então fique num dos belos hotéis-butique no Centro Amurallado. Ou seja, no centro histórico. Não tem? Fique no Astória, da querida María, descoberto por acaso, nas andanças de turistas desorganizados que somos. Perto de tudo: do centro comercial na cidade nova, da “lagoa Rodrigo de Freitas” deles, e quase ao ladinho do mar. O Astória não tem água quente - e quem precisa naquele calorão? - mas tem ar condicionado e a simpatia do seu staff: Paula e José.
María de Salazar foi uma grande parceira quando enveredamos por uma aventura, que conto na próxima oportunidade. Dica: compre no bairro os recuerdos. São mais em conta de que na cidade velha. E não tome banho no mar, infelizmente, poluído e onde você é achincalhado pelos vendedores ambulantes e pedintes. A menos que você fique embaixo das árvores, na praia. Tem uma lei que proíbe a venda naquela área. Agora, foi para a beira do mar... se ferrou.
CARTAGENA
Só conhecia Cartagena pelo seu Festival de Cinema festejando esse ano a 50ª edição. Cidade portuária, fundada em 1533, com um povo tranqüilo, vendendo cafezinho e frutas geladas em cada esquina, herdou um passado de saques de piratas e intrigas religiosas. No bairro histórico os charmosos sobrados espanhóis com varandinhas, os balcones de madeira com boganvilles coloridas. Todos restaurados. Lindos. De copiar. Dica: Confeitaria Mila. Sugestão? Limonada de côco.

A muralha que cerca o centrinho tem 8 quilômetros e protege dezenas de ruelas que abrigam centros culturais, pousadas diferenciadas, igrejas e praças, museus, butecos e bistrôs. Descubra cada uma delas e se surpreenda com cada cantinho, sem receio de assalto. Sacumé, cidade turística preserva não só o patrimônio como também o turista. Dica: a Iglesia de San Pedro Claver, para quem não tem muito tempo ou prefere escolher apenas uma entre as oito igrejas da cidade velha.
Assim que chegamos na cidade, largamos as mochilas no Astória e fomos almoçar no amurallado, claro. Eram 5 da tarde e o Mediterrâneo, escondido no frescor da área interna de uma daquelas casas centenárias, com uma porta aberta para uma galeria de arte e outra para uma fabriqueta de charutos, revelou-se uma boa pedida. No preço e no sabor.
Nas andanças: antes um convento, agora uma faculdade particular, a Universitária Rafael Nunez. Entre e converse com os alunos. Ou apenas, se refresque do calorzão lá de fora.


Penso que quando conhecemos um novo lugar é importante adotar logo um buteco que tenha a “nossa” cara. Atraídos pelo som da salsa caribenha na Plaza da Aduana, descobrimos o bar “Donde Fidel”, com as paredes cobertas de fotografias de colombianos famosos e onde leio que há 22 anos, o buteco quebrou um tabu ao permitir o ingresso livre de mulheres no bar. O Fidel deixou de ser um exclusivo “bar de hombres” e abriu caminho para que outros botequins fizessem o mesmo. Aquele, de camiseta listrada, que parece um baiano, é o próprio Fidel...
(continua...)
Turista sem muito tempo? Vale contratar uma charrete para dar toda a volta pelo forte. No fim de tarde vira um passeio romântico. Dica: leve uma garrafa de vinho na bolsa.
Quando terminar o passeio, suba até as muralhas, sinta a brisa fresca e curta o por do sol como os cartageneros. Há muito tempo descobri que uma garrafinha de vinho na mochila e um cálice de acrílico são imprescindíveis para brindar momentos de bem com a vida. Nem que seja sozinha.
Uma visão geral da cidade?
Suba até o alto do Convento de La Popa, fundado em 1606. De lá a vista é simplesmente, deslumbrante. O Papa João Paulo também curtiu a vista...

No La Popa, durante dois meses em 1815, Simon Bolívar impediu as tropas espanholas de invadirem a cidade. As paredes falam por esses 400 anos de insurreições.
Dica: apesar dos táxis serem muito barato, combine sempre com o motorista o valor da corrida. Eles não usam taxímetro.
Ah, Cartagena...
O conceituado guia turístico americano Frommers, publicou em 2009 que Cartagena é um dos 12 destinos do mundo para ser visitado. Mesmo porque, a cidade foi tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade. Não é à toa que Gabriel García Márquez, Shakira e Julio Iglesias tem casas na cidade. Souberam escolher. Em qualquer época, Cartagena sedia congressos e festivais: de bolero, jazz, cinema, teatro.

Dica: renda-se ao clima cinematográfico da cidade. Compre um chapéu, uma roupa branca e entre no espírito. A vida quase sempre é tão breve e tão sem mistérios. E parece tão bom se perder, de vez em quando, da nossa sombra.
Agora, vá lá e confira suas milhagens. Quem sabe?