outubro 18, 2023

NELLY SACHS*


Povos da Terra

Povos da Terra
vocês, com a força do desconhecido
firmamento, envoltos como rolos de fios,
vocês, que costuram e de novo desfazem o cosido,
vocês, que adentram o embaraçado das línguas
como em colmeias,
para picar o açúcar
e ser picados –

Povos da Terra,
não destrocem o universo das palavras,
nem retalhem com as facas do ódio
o som, que nasceu com o sopro.

Povos da Terra,
ah, que ninguém pense em morte ao dizer vida –
e não em sangue, ao falar berço –

Povos da Terra,
fiquem as palavras na origem,
pois são elas que podem
aproximar os horizontes dos céus verdadeiros
e, pelo seu avesso,
como a noite bocejando atrás da máscara,
ajudar as estrelas a nascer –

* Nelly Sachs é judia e uma das mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1966. Uma de suas obras mais conhecida é Estrela escurecida, de 1949.

Sua poesia é elegíaca, profética e carregada de misticismo. Usa uma linguagem hermética, que funde o velho e o novo, aliando a ousadia de criatividade e de metáforas do modernismo aos simbolismos da antiga poesia bíblica. É o “lamento fúnebre de um povo”,  nas palavras do crítico alemão Eckart Klessmann, no jornal Die Welt.

TURISMO EM JERUSALEM

 

Fui a Israel em setembro de 2012. Com meu irmão, minha cunhada, outro casal e minha mãe.

Fiz a via sacra e me decepcionei.

As ruelas cobertas de bugigangas para turistas que mal dava para descobri o número da estação.

O lado muçulmano é de uma colorida algazarra

O lado judaico mais silencioso. 

Mas ambos sabem cobrar. Um peixe de cerâmica começava em 80 shekel. Acabei levando por 20.

As diferentes notas do Novo Shekel, desde 1985, já exibiram a imagem do escritor Shmuel Agnon, vencedor do Nobel de Literatura.

A outra serie continuou nessa linha:

A nota de 20 Shekel Novos traz a poeta russa Rachel Bluwstein. A de 50 homenageia o poeta ucraniano Shaul Tchernichovsky,  a nota de 100  coube a escritora Leah Goldberg, e a de 200 estampa o escritor e jornalista Nathan Alterman.

As homenagens renderam polêmicas. No início, as notas “femininas” apareceram rasgadas, em protesto.

Hoje não mais. Aqui no Brasil, a Cecília Meireles ganhou distinção nos anos 90.

Museu Yad VaShem


Essas fotos do museu não são minhas. Não tirei nenhuma. Quis internalisar a experiencia. Hoje me arrependo.

O Museu do Holocausto foi fundado em 1953, no sopé do Monte Herzl. 

Em 2005, ganhou casa nova e foi aberto ao público em um espetacular prédio projetado por Moshe Safdie, 85 anos,  arquiteto premiado em 2019 com o Prêmio Wolf de Arquitetura. É deslumbrante!

Suas obras são incríveis! Acesse: https://www.safdiearchitects.com/

O museu de Safdie é num formato de espinho e tem suas extremidades suspensas.

As galerias, dispostas ao longo da construção, apresentam a complexa vida judaica durante os anos espinhosos, de horror que os judeus viveram.  A exposição é multi e interdisciplinar, a partir de uma perspectiva judaica, enfatizando as experiências dos indivíduos, dos seus itens pessoais e testemunhos de sobreviventes.

A gente se emociona muito. Artefatos originais, documentos, filmes, diários, cartas e obras de arte ajudam a dar ao museu um aspecto mais humano da vida judaica na Europa durante estes terríveis anos. São mais de 100 vídeos com depoimentos de sobreviventes e pequenos outros registros visuais da época.

No final,  o hall dos nomes, um repositório com milhares de testemunhos das vítimas do Holocausto.  

A visitação acaba em uma linda vista do vale, q pra mim soou como redenção e esperança.

Não deixe de visitar os jardins do Museu. Várias homenagens aos Justos entre as Nações: “os não judeus que arriscaram a sua vida para salvar vidas judaicas. A eles, são plantadas árvores, como a alfarrobeira.”

“O Nome em hebraico do Museu, Yad VaShem, vem como uma referência da passagem de Isaias 56:5: Também lhes darei na minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome (Yad VaShem), melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.

 


Há mais 9 museus importantes e que merecem visita, como o  Museu da Tolerância de Jerusalém, inaugurado em 2004. Ninguem indicou e nem  vi a construção. Só decobri na volta... É um dos maiores e mais modernos de Israel. Ocupa uma área de 17mil metros quadrados no centro de Jerusalém e visa à promoção do Israel democrático, com respeito universal e a coexistência - dizem... Controversia à parte, sua construção está sobre um milenar cemitério muçulmano Mamilla. O q pensar?


TURISMO EM JERUSALEM 2



Cumpri todos os rituais... Bilhetinho no muro,  dedos nas oliveiras de 300 anos, rosto na pedra de não sei quem, usei lenço para ver a agua q brota, lágrimas no tumulo de não sei quem, 


Fui no Monte das Oliveiras, passei todos os dias pela Torre de Davi mas não entrei. Ouvi  o convite dos minaretes para as orações muçulmanas e os sinos dos católicos badalarem para o mesmo fim. 

Boiei no Mar Morto! A cada ano o seu nível baixa 1 cm pela evaporação. Vi beduínos em estado de miséria, q cobravam 5 shekel para da uma voltinha de camelo. Não fui. Deu uma tristeza. Lembrei-me dos nossos indígenas na beira das rodovias. 

Visitei a Fortaleza de Massada. Quase morri de calor. Desidratei. Subi pelo teleférico, mas vi corajosos na íngreme e estreita trilha Caminho da Cobra.

 


Jerusalém é repleta de muros e muralhas: do tempo dos hebreus, dos muçulmanos e da contemporaneidade.  Pedra é o q nunca faltou para construí-las. Toda nossa trip foi muito bem organizada pela minha cunhada e meu irmão. Claro q eu não tinha grana e a mãe me financiou. P.S. Continuo não tendo.

 

Associação de Jornalistas de Jerusalem

Se me comovi? Sou jornalista... E acredito q Deus faltou ao nosso encontro. Nem em Belém apareceu. Creio q tinha coisas mais inspiradas para fazer do q tentar me emocionar. Lembrando hoje o passeio,  não posso acreditar que o país foi bombardeado e está em guerra. E uma guerra que podemos acompanhar em tempo real pelas redes. Uma carnificina de ambos lados.  Dá raiva e uma tristeza imensa.

 


GILMAR MACHADO


 

O ANTISSEMITISMO É SECULAR


 Antes de Hitler, em 1879,  o historiador e escritor político alemão Heinrich Gotthard von Treitschke, formulou a frase “Os judeus são nossa desgraça”, assimilada por muitos.

Hitler, não menos fascista, considerava os judeus responsáveis por todos os males do mundo.  Por isso assassinou 6 milhões, incluindo outra minorias.

Como os alemães tão cultos idolatraram um monstro desses?

A guerra terminou em 1945. 

Mas a vitória chegou tarde para os judeus.

Sofreram tanto. Como podem revidar de forma tão violenta e encarcerar outro povo num gueto?  Pesquise  o Massacre de Jenin, na Cisjordânia.

CRIANÇAS

“Coletivamente, como nação, somos tão maus, tão histericamente, inutilmente maus...” diz o personagem von Lentz para Milkau, no livro Canaã, de Graça Aranha. Será q as pessoas pensam q de janeiro para cá, as crianças ianomamis ganharam peso e não passam mais fome? Penso nisso quando vejo as crianças palestinas e judias mortas. Alias, que fim levaram as crianças ucranianas? É revoltante a mídia. Volta seus holofotes para a proxima desgraça, como se essas já amenizadas.