Guardachuvadelaura
setembro 06, 2024
ROSANE CARDOSO
Sempre admirei Silvio Almeida. Desde seu “aparecimento”
como autor do livro “Racismo estrutural”. O conhecimento e a lucidez de suas
palavras são inquestionáveis e a pesquisa nos levou à mais profunda raiz do
racismo em nosso país. Almeida tornou-se uma referência mundial e hoje é um
ministro dos direitos humanos que muito tem feito pela luta por equidade
social.
Portanto, é extremamente doloroso saber que este homem
abusa de seu poder, que assedia colegas e que esse comportamento é
recorrente.
Por mais que eu defenda a comunidade negra, defendo mais
o direito de mulheres estarem em todos os espaços. É inadmissível que um homem
faça uso do seu lugar – seja negro, branco, indígena ou asiático para
justificar a violência contra a mulher.
Assédio é uma questão de poder.
Só o faz que está em situação de subjugar outros.
Há poucos anos, outro reconhecido nome foi
denunciado, o professor (branco) da Universidade de Coimbra Boaventura de Sousa
Santos. Foram anos de silêncio porque suas alunas não tinham coragem de falar.
Afinal, quem acreditaria nelas?
Este é o principal trunfo de que se valem os
assediadores: o medo de suas vítimas e, principalmente, a certeza de que
ninguém acredita nas mulheres frente a um nome masculino importante. Com isso,
a mulher torna-se vítima duas vezes e a violência toma a proporção de trauma.
Lógico, vivemos sob o manto do estado democrático de
direito, em uma República com Poderes constituídos, sendo o Poder
Judiciário o competente para investigar, processar, condenar ou absorver
qualquer cidadão. Não podendo, assim, ser cerceado o direito de defesa do
Silvio Almeida, em apresentar o contraditório. Sendo condenado, comprovada a
materialidade da denúncia, deverá ser responsabilizado como qualquer outro
cidadão brasileiro.
Não existem panos quentes para quem assedia, estupra ou agride uma mulher, seja de que modo for. É uma verdadeira lástima que alguém como Silvio Almeida seja, ao fim e ao cabo, só mais um macho que não suporta ver mulheres no mesmo patamar que ele.
BILHETE DA DONA CHININHA
Compadre, saúde e muita saúde porque a vida tá realmente danada. Nem te conto. Lembra a Frau Berg viúva do Germano? Os filhos
a salvaram da enchente no Passo lá onde não sobrou nada. Um deles levou ela pra
casa em Arroio do Meio. Disseram que a
casa dela não existia mais. A coitadinha não se convenceu. Tá com 80 anos e
pedia toda ora pra vê os restos do que sobrou. Os filhos nada. Até na manhã que ela começou uma
greve de fome pra valer. No segundo dia
saíram correndo pra mostrar o que ainda restava. Tu sabe da terra arrasada né?
Nem a igreja escapou. Frau Berg olhou espantada pra única arvorezinha que
marcava o pátio. Perdeu a voz. De verdade. Voltou muda no carro. Não conseguiu falar mais nada e depois de 4
dias morreu. Tu acredita compadre? Néim néim néim coisa mais triste. Não morreu
afogada na enchente. Morreu de espanto. Cirilo leva um saco de milho pros teus pequenos.
Fica bem com Nossa Senhora e tua família.
ANAUÊ!
Das coisas que encontro entre as páginas dos livros doado à Biblioteca da Duque. Agora, em tempo de eleição... Só podia ser aqui que um núcleo bolsonarista daria tão certo. Pra falar a verdade, nunca entendi o que seria a Ação Integralista, que visava um contragolpe no governo Vargas. E óia que havia facção integralista até no exército, que como se descobriu agora (sic) não é flor que se cheire. Li que os "plínios" eram fascistas. Mas há quem discorde.
BEIRA RIO
Só agora, 4 meses depois da enchente, encorajei-me a andar pela beira do rio, no bairro Conservas, em Lajeado. É terra arrasada. Mas guardava um temor... De que essa casa antiga, que li num livro da familia Oderich, de São Sebastião do Caí, onde morou Nora Oderich recem-casada, teria se perdido nas águas raivosas e vingativas do rio Taquari. Continua lá. Uma das poucas.
setembro 02, 2024
13007
007 já interpretado por Senn Connery, David Niven, Roger Moore, Daniel Craig só pra ficar entre os atores mais conhecidos. O personagem do agente secreto, James Bond, foi criado pelo escritor Ian Fleming, em 1953. É o número da Rosane, minha candidata a vereadora em Lajeado. Rosane na “luta do bem contra o mal”!
"AINDA ESTOU AQUI"
Como em Lajeado só passa filme dublado, talvez tenhamos chances de conferir no cinema "Ainda estou aqui". Durante 10 minutos, o filme e as atuações de Fernanda Torres e Montenegro aplaudido de pé no mais antigo festival de cinema do mundo.
Tema do filme? Sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, durante a ditadura. A sua esposa Eunice e a busca pelo marido tem as atuações das Fernandas.
Talvez, o representante do Brasil para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro?
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Li q é preciso fortalecer o hábito de consumir
criticamente o que ouvimos e lemos na imprensa. Análise de conteúdo pesquisa as
entrelinhas dos artigos e notícias – cadeira de jornalismo que parece inexistir
hoje em dia.
Cacumigo... Um único jornal resiste nessa cidade de 90 mil habitantes. E três emissoras de rádio. Depois que o jornal O Informativo fechou suas páginas, o jornal A Hora assumiu o protagonismo. Minha mãe que tem assinatura, quando lembra, traz o jornal para eu ler. Constato: triste essa imprensa chapa branca, que defende os interesses do governo, das construtoras, do hospital, etc. Nada de oposição. $ão os cartilhistas da extinta Arena, da época da ditadura. E o que essa mídia prioriza? Que a “Arena” continue a dar as cartas. Então me detive a analisar a página do jornalista Martini, q traz tópicos dos três candidatos a prefeito dessa cidade.
Por fim, na base da página, à esquerda (irônico!), o projeto do candidato do PT que busca facilitar a vida dos menos favorecidos com o projeto “Tarifa Zero” para o transporte público coletivo – uma realidade em Camboriú e Garopaba e, como lembrou Martini, em Parobé.
Só botar no Google q surgem várias cidades onde não se paga para andar de ônibus. Mas o jornalista não aplaudiu o projeto q beneficiará o povo, apenas se mostrou “curioso”. Menos mal, a curiosidade é o motor da criatividade.
É difícil manter a isenção política na imprensa lajeadense e na imprensa brasileira - é mais fácil chover no Saara.
E resumindo: Schumacher apoia armar pessoas, Ranzi melhorar calçadas e rampas em vez de escadas e Knipoff, gratuidade no transporte. Não é difícil escolher entre os três quem visa melhorar a desigualdade social na cidade, né?
ENCHENTES
Postado nas redes pelo historiador Jandiro Koch, esse recorte de jornal sobre a enchente revela que “em 3 de outubro de 1873, Lajeado
experimentou a maior cheia de sua história”, conforme o entrevistado Jose Alfredo Schierholt:
“Durante uma semana
tudo despareceu embaixo das águas que atingiram 28,47m de altura. (...) De 1873
a 1990, pelo menos 11 inundações ultrapassaram a marca de 2m de altitude. Os
habitantes começavam perdendo as lavouras, depois o gado e, finalmente, pessoas
da família.”
* Assim mesmo, os lajeadenses construíram suas casas e empresas na beira do rio, destruindo a mata ao redor. Justificada a vingança das águas?
Na Univates, uma pesquisa realizada pelos professores Sofia Royer Moraes, Rafael Rodrigo Eckhardt, Walter Collischonn e o pesquisador Franco Turco Buffon, busca mais dados:
‘‘Para que isto possa ser afirmado, será necessário obter uma estimativa acurada do nível máximo atingido pelo rio Taquari durante a cheia de 1873, em um trabalho que ainda está em andamento’’.