setembro 06, 2024

FELIPE CHARBEL


 “A literatura pra mim 

é extensão da amizade,

é a amizade por outros meios.”

ROSANE CARDOSO



Sempre admirei Silvio Almeida. Desde seu “aparecimento” como autor do livro “Racismo estrutural”. O conhecimento e a lucidez de suas palavras são inquestionáveis e a pesquisa nos levou à mais profunda raiz do racismo em nosso país. Almeida tornou-se uma referência mundial e hoje é um ministro dos direitos humanos que muito tem feito pela luta por equidade social.

Portanto, é extremamente doloroso saber que este homem abusa de seu poder, que assedia colegas e que esse comportamento é recorrente. 

Por mais que eu defenda a comunidade negra, defendo mais o direito de mulheres estarem em todos os espaços. É inadmissível que um homem faça uso do seu lugar – seja negro, branco, indígena ou asiático para justificar a violência contra a mulher. 

Assédio é uma questão de poder. 

Só o faz que está em situação de subjugar outros. 

Há poucos anos, outro reconhecido nome foi denunciado, o professor (branco) da Universidade de Coimbra Boaventura de Sousa Santos. Foram anos de silêncio porque suas alunas não tinham coragem de falar. Afinal, quem acreditaria nelas? 

Este é o principal trunfo de que se valem os assediadores: o medo de suas vítimas e, principalmente, a certeza de que ninguém acredita nas mulheres frente a um nome masculino importante. Com isso, a mulher torna-se vítima duas vezes e a violência toma a proporção de trauma.

Lógico, vivemos sob o manto do estado democrático de direito, em uma República com  Poderes constituídos, sendo o Poder Judiciário o competente para investigar, processar, condenar ou absorver qualquer cidadão. Não podendo, assim, ser cerceado o direito de defesa do Silvio Almeida, em apresentar o contraditório. Sendo condenado, comprovada a materialidade da denúncia, deverá ser responsabilizado como qualquer outro cidadão brasileiro.

Não existem panos quentes para quem assedia, estupra ou agride uma mulher, seja de que modo for. É uma verdadeira lástima que alguém como Silvio Almeida seja, ao fim e ao cabo, só mais um macho que não suporta ver mulheres no mesmo patamar que ele.


* É por essas que votarei na Rosane. Nao se esquiva. Diz o que deve ser dito. Na Câmara de Vereadores não vai passar pano pra ninguém.

 

QUEIMADAS


 Dálcio Machado

BILHETE DA DONA CHININHA

Alessandro Cenci  deu cara à dona Chininha!

Compadre, saúde e muita saúde porque a vida tá  realmente danada. Nem te conto. Lembra a Frau Berg viúva do Germano? Os filhos a salvaram da enchente no Passo lá onde não sobrou nada. Um deles levou ela pra casa em Arroio do Meio.  Disseram que a casa dela não existia mais. A coitadinha não se convenceu. Tá com 80 anos e pedia toda ora pra vê os restos do que sobrou.  Os filhos nada. Até na manhã que ela começou uma greve de fome pra valer.  No segundo dia saíram correndo pra mostrar o que ainda restava. Tu sabe da terra arrasada né? Nem a igreja escapou. Frau Berg olhou espantada pra única arvorezinha que marcava o pátio. Perdeu a voz. De verdade. Voltou muda no carro.  Não conseguiu falar mais nada e depois de 4 dias morreu. Tu acredita compadre? Néim néim néim coisa mais triste. Não morreu afogada na enchente. Morreu de espanto. Cirilo leva um saco de milho pros teus pequenos. Fica bem com Nossa Senhora e tua família.
 

ANAUÊ!

Das coisas que encontro entre as páginas dos livros doado à Biblioteca da Duque. Agora, em tempo de eleição... Só podia ser aqui que um núcleo bolsonarista daria tão certo.  Pra falar a verdade, nunca entendi o que seria a Ação Integralista, que visava um contragolpe no governo Vargas. E óia que havia facção integralista até no exército, que como se descobriu agora (sic) não é flor que se cheire. Li que os "plínios"  eram fascistas. Mas há quem discorde. 
 

BEIRA RIO


 Só agora, 4 meses depois da enchente, encorajei-me a andar pela beira do rio, no bairro Conservas, em Lajeado. É terra arrasada.  Mas guardava um temor... De que essa casa antiga, que li num livro da familia Oderich, de São Sebastião do Caí, onde morou Nora Oderich recem-casada, teria se perdido nas águas raivosas e vingativas do rio Taquari. Continua lá. Uma das poucas.



Nunca se energava Estrela, quando íamos a Cruzeiro. Havia mato.


Águas que levaram o asfalto, pontes, mais de 700 casas, 
quase 6 mil pessoas se viram desabrigadas, sem ter para onde ir.


Escadaria de Estrela...
"Promessas vazias, cheias reais"







Forno para fazer carvão...

Havia um sobrado no Passo de Estrela. Fora todo restaurado. Era bonito.
Não existe mais. Não consegui nem localizar onde...

Saraquá.
Criminosamente poluído.
Voltei calada pra casa.
Voltei para minha bolha.


setembro 02, 2024

MARGUERITE DURAS


 “Um escritor é algo curioso. 

É uma contradição e também um absurdo. 

Escrever é também não falar. 

É se calar. 

É berrar sem fazer ruído.”

13007

007 já interpretado por Senn Connery, David Niven, Roger Moore, Daniel Craig só pra ficar entre os atores mais conhecidos.  O personagem do agente secreto, James Bond, foi criado pelo escritor Ian Fleming, em 1953. É o número da Rosane, minha candidata a vereadora em Lajeado. Rosane na “luta do bem contra o mal”!


 

"AINDA ESTOU AQUI"


 Como em Lajeado só passa filme dublado, talvez tenhamos chances de conferir no cinema "Ainda estou aqui". Durante 10 minutos, o filme e as atuações de Fernanda Torres e Montenegro aplaudido de pé no mais antigo festival de cinema do mundo.

Tema do filme?  Sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, durante a ditadura.  A sua esposa Eunice e a busca pelo marido tem as atuações das Fernandas. 

Talvez, o representante do Brasil para  o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro?

ANÁLISE DE CONTEÚDO


Li q é preciso fortalecer o hábito de consumir criticamente o que ouvimos e lemos na imprensa. Análise de conteúdo pesquisa as entrelinhas dos artigos e notícias – cadeira de jornalismo que parece inexistir hoje em dia.

Cacumigo... Um único jornal resiste nessa cidade de 90 mil habitantes. E três emissoras de rádio. Depois que o jornal O Informativo fechou suas páginas, o jornal A Hora assumiu o protagonismo.  Minha mãe que tem assinatura, quando lembra, traz o jornal para eu ler. Constato: triste essa imprensa chapa branca, que defende os interesses do governo, das construtoras, do hospital, etc. Nada de oposição. $ão os cartilhistas da extinta Arena, da época da ditadura. E o que essa mídia prioriza? Que a “Arena” continue a dar as cartas.  Então me detive a analisar a página do jornalista Martini, q traz tópicos dos três candidatos a prefeito dessa cidade.


Pareceu favorável a “arenista” Tuta Schumacher (incrível a sede de poder dessa oligarquia!), com o tópico bem no centro da página, merecedor de palmas do jornalista: criação da guarda municipal ARMADA – isso q a gnt sabe que vai dar merda entre essa alemoada que, sem armas, destila prepotência. Imagina depois? Quando morrer um guarda, a prefa vai pagar muito caro e com o dinheiro do contribuinte. Tô pra ver que a “Arena” apoia uma futura milícia nessa cidade. 


Já no alto da página, no canto direito, meus olhos caem no tópico do candidato Ranzi que pleiteia o “Projeto Lajeado Acessível”. Martini não achou nada para dizer. Como se sabe, o vice de Ranzi é cadeirante e foi vereador nesse ultimo mandato. Fez algo pelo setor durante esses 4 anos?
 

Por fim, na base da página, à esquerda (irônico!), o projeto do candidato do PT que busca facilitar a vida dos menos favorecidos com o projeto “Tarifa Zero” para o transporte público coletivo – uma realidade em Camboriú e Garopaba e, como lembrou Martini, em Parobé.  

Só botar no Google q surgem várias cidades onde não se paga para andar de ônibus. Mas o jornalista não aplaudiu o projeto q beneficiará o povo, apenas se mostrou “curioso”. Menos mal,  a curiosidade é o motor da criatividade.  

É difícil manter a isenção política na imprensa lajeadense e na imprensa brasileira - é mais fácil chover no Saara.

E resumindo: Schumacher apoia armar pessoas, Ranzi melhorar calçadas e rampas em vez de escadas e Knipoff, gratuidade no transporte. Não é difícil escolher entre os três quem visa melhorar a desigualdade social na cidade, né?

 


O BRASIL PODRE


 

ENCHENTES

Postado nas redes pelo historiador Jandiro Koch, esse recorte de jornal sobre a enchente revela que “em 3 de outubro de 1873, Lajeado experimentou a maior cheia de sua história”, conforme o entrevistado Jose Alfredo Schierholt:

 “Durante uma semana tudo despareceu embaixo das águas que atingiram 28,47m de altura. (...) De 1873 a 1990, pelo menos 11 inundações ultrapassaram a marca de 2m de altitude. Os habitantes começavam perdendo as lavouras, depois o gado e, finalmente, pessoas da família.”

* Assim mesmo, os lajeadenses construíram suas casas e empresas na beira do rio, destruindo a mata ao redor. Justificada a vingança das águas?

 Na Univates, uma pesquisa realizada pelos professores Sofia Royer Moraes, Rafael Rodrigo Eckhardt, Walter Collischonn e o pesquisador Franco Turco Buffon, busca mais dados:

‘‘Para que isto possa ser afirmado, será necessário obter uma estimativa acurada do nível máximo atingido pelo rio Taquari durante a cheia de 1873, em um trabalho que ainda está em andamento’’.