dezembro 04, 2024

TOM JOBIM

Ilustra de Claude Ramos Alphen 

 “O Brasil  odeia árvores.

Tem nome de árvore, mas odeia.

No futuro os homens vão replantar florestas.

(...)

O ser humano deu errado.

Por onde passou o homem

ficou só a terra arrasada.”

DO MEU BLOQUINHO

Plágio do cartunista romeno, Saul  Steinberg.    

 Às vezes tudo que desejamos é o distanciamento.  Porque anda difícil carregar nossos próprios ossos e tripas. Às vezes tudo que desejamos é o silêncio. Porque dói ouvir a insânia se repetir. Às vezes tudo que desejamos ver é a linha infinita que une o céu e o mar. Porque cansados nossos olhos da desalma ao redor. Repare... A desconsideração. Repare... A falsidade. Repare... A avareza.  Como conseguem conviver dessa forma? É preciso muita, muita hipocrisia. E às vezes não é que me vejo obrigada a puxar dessa mesma manta? Mas me faz tanto mal...  Sim, às vezes tudo que desejamos é sucumbir. E deixar que o abismo se mantenha de vez.

TeMPoS DE BaRBáRie




A Filosofia explica:




 

VIRGÍNIA WOOLF

 


Aconteça o que acontecer, fique viva.

Não morra antes de morrer.

Não se perca,

não perca a esperança,

não perca a direção.

Mantenha-se viva, consigo mesma,

com cada célula do seu corpo,

com cada fibra da sua pele.

Mantenha-se viva,

aprenda, estude, pense, leia,

construa, invente, crie,

fale, escreva, sonhe, projete.

Mantenha-se viva,

mantenha-se viva dentro de você,

mantenha-se viva também fora,

encha-se de cores do mundo,

encha-se de paz,

encha-se de esperança.

Mantenha-se viva de alegria.

Só há uma coisa

que você não deve desperdiçar da vida,

que é a própria vida.

O TERRORISMO VERDE EM LAJEADO



É isso o que acontece longe dos olhos dos eleitores 
e com o aval da Câmara de vereadores 
e da imprensa local.

 

ANTEVISÃO LITERÁRIA


 

IMPRENSA: A QUEM SERVES?

Repare... Quando a imprensa depende de governos e da publicidade - bancos, construtoras, etc - o leitor nunca vai ler algo crível. Sempre haverá concordância com a falcatrua, a corrupção e a destruição...



 

MOISES MENDES

Gilmar Machado

“Vi agora na internet o vídeo com reportagem da GloboNews sobre um grupo de policiais que cerca um rapaz sobre uma ponte em São Paulo, e um dos PMs joga o rapaz da ponte.

O vídeo que vi, com uma repórter narrando o fato e mostrando a imagem com os PMs e a cena em que o rapaz é arremessado, tem um minuto e 53 segundos.

A repórter conta todos os detalhes e diz que os PMs da polícia de Tarcísio de Freitas já foram identificados.

E o rapaz? Quem seria? Morreu? Está vivo?

A repórter não sabe.

Deveria, por lição básica do jornalismo, dizer que está atrás da informação.

Que essa é sua prioridade.

Mas a não identificação do homem é tratada com desleixo.

Ele é o personagem do fato.

E o resumo é esse mesmo: a vítima da violência policial não tem nome e ninguém sabe o que aconteceu com ela. É mais uma.

É a naturalização das invisibilidades.

Os PMs violentos têm nome, mas a vítima deles não tem.

E o jornalismo da Globo parece não querer saber.

Vítimas da violência da PM do governo bolsonarista de São Paulo geralmente não têm nomes, pelo ponto de vista das própria PM e dos jornalões.”
 

dezembro 02, 2024

FERREIRA GULLAR


 “Essa é a função da Arte:

a Arte não retrata a vida,

a arte inventa a vida.”

DO MEU BLOQUINHO

 

Quarta-feira de Novembro e os museus de arte em Porto Alegre fechados. A Biblioteca Pública, tão lindamente restaurada, sem climatização - as funcionárias com ventiladores no rosto. Passo mal. Abafado é pouco. Mas o silêncio é uma benção.  Sigo até  a Casa de Cultura Mario Quintana também sem muito pra mostrar a não ser uma ou outra obra nos halls de ligação da casa e uma mostra no 5º.  Fora, admiro a rua do grafite. Um catador de latinhas também. “Bacana, né?” Ele concorda com a cabeça e toma seu rumo. Na Praça da Alfândega, resíduos da Feira do Livro. Um velho limpa com seu lenço o banco, antes de sentar. Um engraxate aguarda clientes que parecem só usar tênis ou sandália. Alguns mendigos dormem nos bancos. Uma mulher no celular descuida da menininha que brinca sozinha pelos caminhos da praça enquanto predadores a observam. Uma farda camuflada fuma um cigarro e fala ao celular com uma risada grotesca que dá um arrepio. Nos bares e restaurantes, pratos oleosos atraem os trabalhadores. Escolho um açaí. Passa do meio-dia, Forno Alegre mostra suas garras incandescentes. Procuro o frescor do Cine Bancários e assisto “Retrato de um certo oriente”. Tão sensível e tão atual: uma fuga do Líbano em guerra, em 1949.