Guardachuvadelaura
junho 16, 2016
LITERATURA EM FESTA
Algumas cidades no mundo comemoram hoje o Bloomsday -
quando leitores de
"Ulysses", do escritor irlandês
James Joyce, se reúnem para ler e discutir o romance nos teatro, cafés,
bibliotecas. Em Dublin é feriado. Acontece em Londres,
Paris, Floripa, Ponta Grossa...
Em São Paulo, o Bloomsday é realizado na Casa Guilherme de Almeida. O pessoal ainda aproveita para comemorar os 50 anos da primeira
tradução do livro no Brasil, por Antonio Houaiss.
A literatura inspira
o cinema, as artes mas também a realidade. O personagem Leopoldo Bloom que sai de casa, pela manhã e não volta continua tão atual. Conheço
quatro homens e uma mulher que foram até a esquina buscar cigarro e uma
garrafa de vodka e nunca, nunca mais
retornaram. Uns abandonaram a mulher;
outros, a amante. E ela, os filhos.
A CULPA, O REMORSO
Falávamos sobre os dramas familiares. Com a porta trancada, é preciso encarar um ao outro. Respirar o mesmo ar, mas ocultar os sentimentos. A balburdia oca lá fora, agora silencia. Vira abismo. Só existe um lado
- o da ruína moral. As disputas entre
irmãos. O ódio entre mãe e filha. O pai abusador. O filho traficante. Os
amantes. Os ricos infelizes dopados de
fluoxetina. O menor assaltante. O gay de 40 anos, suicida. A nora que odeia a sogra que ama o filho. A vingança. A
mãe que obriga a filha abortar. O pai abandonado no asilo. O homem que mora com a mulher há 35 anos, sem se falar. O divino não interfere nos tragédias, mas cobra o dízimo. A crença.
A usura. O infiel. A infiel. Falávamos sobre os dramas familiares: “A minha até
é bem normal” – disse ele. A minha é uma comédia amarga do Woody Allen –
pensei, mas não disse.