A CULPA, O REMORSO
Falávamos sobre os dramas familiares. Com a porta trancada, é preciso encarar um ao outro. Respirar o mesmo ar, mas ocultar os sentimentos. A balburdia oca lá fora, agora silencia. Vira abismo. Só existe um lado
- o da ruína moral. As disputas entre
irmãos. O ódio entre mãe e filha. O pai abusador. O filho traficante. Os
amantes. Os ricos infelizes dopados de
fluoxetina. O menor assaltante. O gay de 40 anos, suicida. A nora que odeia a sogra que ama o filho. A vingança. A
mãe que obriga a filha abortar. O pai abandonado no asilo. O homem que mora com a mulher há 35 anos, sem se falar. O divino não interfere nos tragédias, mas cobra o dízimo. A crença.
A usura. O infiel. A infiel. Falávamos sobre os dramas familiares: “A minha até
é bem normal” – disse ele. A minha é uma comédia amarga do Woody Allen –
pensei, mas não disse.
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