DIA DE ÁUDIO CRÔNICA
Desesperança
Ando tão descrente, tão cansada de tudo que só queria aquela
pequena manivela de pegar no sono, que o poeta Manuel de Barros inventou... Sabe, eu seria bem capaz de girar essa manivela até alcançar à escuridão
eterna.
Foi num sábado, justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente,
saí para caminhar. Nem levei o celular. Não dei 200 passos e o barulho da moto
serra machucou meus sentidos.
No limite do parque da minha cidade, um homem cortava as árvores
do seu terreno. Não me aguentei, por quê? Por quê? Vendi o terreno, ele gritou. Vou levar os troncos pra minha casa.
Aqui na minha cidade algumas árvores conseguem crescer – tem sorte!
Como esse homem, como as
construtoras, como o governo municipal ... Todos pensam que a natureza é apenas
um rascunho para eles traçarem os seus
planos diabólicos de destruição.
Deu vontade de dizer por que tu não te enforca numa árvore dessas?
Mas engoli a raiva e segui em frente, com os olhos aguados ...
Não, árvores não merecem cadáveres.
Merecem um balanço no mais alto galho,
merecem um casal de namorados à sombra,
merecem uma criança se dependurando de cabeça pra baixo
vendo o mundo ao contrario, ao contrário do
que estão fazendo com ele.
Uma árvore merece sobreviver tanto quanto nós. Mas aqui...
Aqui é só desesperança.
Boa 4ª-feira.
Som: Petite Musique,
de Federico Mizrahi
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial