GLORIOSA POSTERIORIDADE
(clique sobre a imagem para ampliar)
Na minha cidade vivia um fotógrafo chamado Sebaldo.
A cidade o conhecia sem o reconhecer. Enquanto mais jovem, todos o
ridicularizavam, o que hoje é conhecido como bulling. Sebaldo saiu pequeno da
colônia para estudar num seminário. Criou-se ingênuo, simplório e humilde.
Todos riam de seus trejeitos na hora de fotografar. As pessoas encomendavam as
fotos e nunca buscavam. E quando o procuravam, roubavam as fotografias do
pequeno estúdio onde ele trabalhava e morava. Criou o estilo Sebaldo de
fotografar. Registrou casamentos, primeira comunhão, crismas. Recepções a políticos
e desfiles de sete de setembro. Jantares em clubes e almoços no salão paroquial.
Aniversários, festas em colégios, gincanas. Carnavais de salão e de rua. Bailes
na colônia e de debutantes e concursos de miss. Fotografou padres e prostitutas.
Mães e e seus filhos. Gente pobre e gente rica. Sebaldo morreu no verão do ano passado, mas deixou mais
de dez mil fotografias que registram a sociedade desde o início dos anos 70 até
o fim do século XX. São mais de 40 anos de fotografias guardadas em caixas no
apartamento onde viveu quase até chegar a morte. Quase na penúria.
Sebaldo merece uma exposição permanente em Lajeado.
Poderiam dar significado a sua vida e significante a essa cidade sem preocupação alguma com sua história.
Dignificaria ambos.
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