SEU JOÃO
Andava por aí, pelo interior das nossas colônias...
E numa dessas conheci o seu João *, na capina do potreiro, em frente a sua casinha.
Parei, pedi uma orientação e a prosa afrouxou.
Até que as palavras caíram naquele fosso... Vocês sabem qual.
E ele, apoiado no cabo da enxada, olho na terra, ou nos meus tênis, disse.
- Mas a senhora
vê... Não adianta, todos os partidos são desonestos. É tudo igual.
- Sim... Concordo.
- Tem os partidos que roubam para os ricos. E tem os que roubam para os pobres, certo?
- Não sei... - respondi.
- Sabe sim. – E me olhou bem firme nos olhos. - Prefiro os que roubam pra gente como eu.
Pensei se ele teria lido
“O Homem que ri”, de Victor Hugo, edição de 1869:
“A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a questão dos que têm e dos que não têm.”
* Nome fictício.
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