abril 29, 2009

EGITO GONÇALVES

"Por aqui andamos a morder as palavras
dia a dia no tédio dos cafés
por aqui andaremos até quando
a fabricar tempestades particulares
a escrever poemas com as unhas à mostra
e uma faca de gelo nas espáduas
por aqui continuamos ácidos cortantes
a rugir quotidianamente até ao limite da respiração
enquanto os corações se vão enchendo de areia
lentamente
lentamente"
Poemas Políticos
1952-1979

Dias de sol...

Calientes dias e a casa uma bagunça, a geladeira vazia, tulha cheia e eu apaixonada pelo um blog de um português: suas construções poéticas, suas imagens musicais. Chupando tudo e egoisticamente solapando daqueles que poderiam se interessar.

“Solapar”? Mas de onde tirei isso? Zeus, que dinossaura.
Por falar nisso, ontem encontrei um colega de colégio. De qual? Não sei mais, não importa. Vi o Ito sentado no fundo da sala, quieto, abrindo a boca só quando questionado e avermelhando das bochechas até as orelhas. Sempre simpatizei com aquele silêncio do Ito. Nos encontramos em frente do elevador. Sorri e fui logo largando: Que prosperidade, hein? Ou algo assim, em todos os sentidos de sua vida.

Ele sorriu e gentilmente disse que eu não tinha mudado. Sei. Continuo a mesma bocuda, acabava de completar a prova dos nove com aquele meu comentário impulsivo. E ele então lembrou que no colégio eu dizia para os professores o que muitos queriam dizer e não tinham coragem.
É? Tu lembra disso?
Lembro, respondeu.
Eu só recordo que os professores me botavam pra fora da aula e depois precisava assinar termo... E ao chegar em casa mais um berro para a coleção de gritos e surras.
Hoje o Ito deve ter conta no exterior, perdido um pouco na bolsa e a bocuda no miserê sem bolsa nenhuma. Dias de sol. Calientes dias...



abril 28, 2009

Ainda Khalo...

Photo by Guillermo Khalo (1926)

"Espero com alegria a saída...
e espero não regressar nunca."
Últimas palavras no diário que escrevia, antes de sua morte.
Tinha 47 anos.

abril 27, 2009

Y LOVE FRIDA

Frida Khalo pela fotógrafa mexicana Lola Álvarez Bravo

Ontem assisti no Canal Futura um documentário sobre a pintora Frida Khalo. Já li muito sobre sua vida ingrata, apesar das viagens, das paixões, do sucesso. Apesar da rebeldia e orgulho de sua latinidade. Apesar das dores e traições. Física e espiritual.
Em julho deste ano completa 55 anos de sua morte.
Khalo casou duas vezes com Diego Rivera, namorou Trotski e outras mulheres.
Sua obra, dizem, antecipou-se ao movimento surreal. Não pintava sonhos, pintava sua própria alma.

Listem dez ícones femininos do século XX. Magdalena Carmen Frida Kahlo, com certeza faz parte dessa lista por sua garra, coragem e criatividade, por ter feito da dor sua impactante arte.

Em 2007 festejaram o centenário de seu nascimento.
Não vi nada por aqui.


BOA SORTE...

Agora me disseram que ele vai embora de Lajeado.
Abandona de vez esse cu de cidade que tão mal lhe tratou. Parte para começar uma nova vida em outra cidade. Morar perto de um filho que também seguiu a mesma profissão do pai.
Um homem que trabalhou durante anos nessa cidade, que foi perseguido nos anos 60, que foi menosprezado pelos colegas de profissão e que viu seus amigos partirem ou, pior, se afastarem por intrigas e preconceitos.
Agora me disseram que ele vai embora de Lajeado.
Começar uma vida nova aos 80 anos.
Que me sirva de lição e de exemplo.
E se por acaso alguém estiver lendo, que sirva para você também: sempre é hora de recomeçar um novo projeto, outro estilo de vida, um novo romance.
Com as lembranças a gente se vira: escreve blog, revisa diários, olha fotos antigas, aspira perfumes por aí... Recria novas lembranças.


Cerca de um mês atrás procurei por dr. Feier no seu consultório.
Ele me recebeu com muita simpatia e conversamos por alguns minutos depois de minha consulta. Quando saí, o seu consultório estava cheio.
Fiquei de voltar.
Perdi a vaga.
E ele se foi.
E eu continuo copa e raíz.

Caralho.

* Ilustração de Jorge Mayet

GÖRAN PALM

«A alma tem muitos inquilinos
que estão frequentemente em casa
todos ao mesmo tempo.»

Fábula da morte?

"Era uma vez um pequeno coelhinho que queria fugir.
E disse à mãe que ia fugir.
A mãe respondeu que se ele fugisse, ela iria atrás dele, pois ele era o seu coelhinho.
O coelhinho disse que se ela fosse atrás dele, este tornar-se-ia um peixe num rio e nadaria para longe dela.

A mãe respondeu que, caso ele se transformasse num peixe, ela tornar-se-ia pescadora para o pescar.
O coelhinho disse que se ela se tornasse pescadora, este transformar-se-ia num pássaro para voar para longe dela.
Ao que a mãe respondeu que se ele voasse para longe dela, ela transformar-se-ia na árvore à qual este sempre regressaria..."


Margaret WiseBrown, autora do livro infantil "O Coelhinho Foragido", de 1942.

abril 26, 2009

O VERÍSSIMO ACERTA SEMPRE


abril 24, 2009

AINDA AS BARATAS...

Fany com o bumba, Kiti Deitos, Betina Thomas, eu. Atrás: Celina Darde e Tina Teixeira. Teatro de rua montado para o Dia Internacional da Mulher. Lembro que houve um encontro de agricultoras na Praça da Matriz de Lajeado que foi muito emocionante. O texto falava da repressão feminina em todas as idades: de menina até a velhice. E lembro também que algumas mulheres disfarçaram lágrimas emocionando a todas nós. Que fim levamos?

Fany é fotógrafa, Celina psicóloga e Be, fono. Kiti se perdeu... Embora eu torça para que ela esteja bem e feliz em algum lugar desse planeta. Tina partiu para sempre... E eu choro de tristeza pelo tempo que me escapou.

estreitezas

os mais queridos e próximos sabem que já tentei de tudo para sobreviver nessa cidade insípida: oficina de teatro, festival de teatro, fanzines, exposição de arte, festas temáticas, poesia e música no sótão, oficinas literárias, livro, ´pós, brechó na praça... até um bistrô. nada foi adiante. nada, nada, nada. falta de incentivo, de pessoas que pegam junto, falta de grana. então me resta a escrevinhação. escrever para sobreviver com um mínimo de sanidade. escrever é uma forma de viver. por isso voltei para o blog oficial. para vomitar, para desenrolar as tripas. não quero mais inventar nada. só morrer atropelada e deixar um seguro bom para a família. por isso vou só andar de bicicleta e atravessar as faixas de segurança de olhos fechados. fodam-se.

arquivo pessoal

abril 23, 2009

Nelson Rodrigues

"Invejo a burrice porque a burrice é eterna."

BARATAS ESPALHADAS POR AÍ...

Quando abri o Informativo de hoje vi a crônica da Tuta.
Escreve tão bem, essa guria. Não sei por que não o faz mais seguida. Melhor, por que não a convidam para escrever uma crônica fixa? E paguem, claro.
Esse é o mal da nossa imprensa: desvalorização literária. Sempre a título de colaboração, putz, já desviei das minhas boas intenções.

A Tuta fez parte do nosso grupo de teatro nos anos 90, assim como Betina Thomas, Francine Ledur e Betina Durayski. Zeus, que saudades...

Olho para trás e vejo o quanto nosso teatro foi interessante, com produção de textos próprios e críticos. Amador, mas um amador que rendeu capa até no 2º Caderno da ZH em janeiro de 1997, quando nos apresentamos no Teatro Bruno Kiefer, na Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre. E lá se vão doze anos...
O que será que faltou para incentivar nossa “breve carreira de atriz”? Betina é mãe e fonoaudióloga e mora em Concórdia. Francine é jornalista e advogada e trabalha no grupo RBS e vai ser mãe esse ano. Be Durayski é gerente do SESC em Lajeado e mãe.

A Tuta era ótima e fazia uma empregada com aquele típico sotaque do interior de Forquetinha... E a gente deitava e rolava em cima das patroas autoritárias e transloucadas que persistem até os dias de hoje.

Agora leio a Tuta no jornal. Ela que é mãe, jornalista e advogada, não perdeu sua veia artística e se revela uma excelente cronista:

“Hum” foi tudo o que eu disse. Em resumo, essa foi toda a minha indignação pelo sucateamento do meio ambiente. Um “hum” que saiu assim meio sem querer...”.


Divulgando o "Valha-me Santa Zita!"
nos corredores do shopping em Lajeado.

Beijo, gurias!


abril 22, 2009

Aristófanes


"A juventude envelhece,
a imaturidade é superada,
a ignorância pode ser educada
e a embriaguez passa,
mas a estupidez dura para sempre."

Envergonhada de só apontar o dedo, chutar pedra e espernear no “blógui oficial”, saí de casa cedinho hoje para participar da reunião do Chega de Violência.

Emblemático: na sala de reunião da Acil, mais de cinquenta portraits dos presidentes observam as preocupações do grupo. Homens que, muitos nem tão honrados assim - lembro que a cidade não é tão metrópole e tudo vaza por entre as lages - ajudaram a fazer de Lajeado a capital progressista do Vale. Têm os seus méritos esses senhores. E ninguém os tira.

Criaram empregos atraindo milhares de pessoas, que por sua vez incharam a cidade, extrapolaram os bairros, exigindo mais loteamentos, mais escolas, criando suas próprias empresas e fazendo a roda do consumo girar. Só que com esse pacote, a degradação do meio-ambiente, o aumento da criminalidade e outros oblíquos périplos...

Com isso as lideranças da Acil não contavam? Amarrados as tretas da Prefeitura não têm força para exigir e cobrar? Ou não querem esperando outros retornos particulares?

Hoje abro o jornal e leio sobre uma orquestra de música clássica criada numa favela do Rio. Outro dia leio sobre um projeto esportivo em uma favela paulista.


Quais seriam os projetos sociais que a prefeitura dessa cidade apóia e incentiva?
Quais os projetos sociais que as empresas apóiam nos bairros carentes?
Quanto muito patrocinam um terno de camiseta para o time de futebol do bairro.

Ah, sete câmara de vigilância e mais radares móvel na cidade... Vamos vigiar, vamos fiscalizar, mas não vamos subir o morro e se envolver. Crédo, isso não.

É imediato outra associação: clubes de serviço que se vangloriam de apoiar essa e aquela entidade carente com cestas básicas e, por outro lado, inventam festas infantis nos clubes incentivando as crianças desde pequenas a se divertir, comer e beber. Efeito imediato para daqui a cinco anos ou menos curtirem as baladas a base de álcool e “bala”. E os pais levam os filhos e tudo é bonito.

“Nenhuma vitória é uma construção solitária, ela dependem da força de vontade, persistência e sobretudo de uma rede de relacionamentos solidários aos nossos ideais” – leio no painel da Expovale, pendurado na parede daquela sala.

Fiquei imaginando que, se funcionou para a Expovale, como não serviria para propósitos mais nobres como educação ambiental e social?



abril 19, 2009

Charles Baudelaire



"Em meio a infortúnio, mágoa e veneno,
Que tornam mais pesada esta vida brumosa,
Feliz de quem puder com asa vigorosa,
Alçar vôo no céu luminoso e sereno"




TRAIÇÕES & TRAIÇÕES...

Uma foi embora da cidade. Outra do país. Uma botou 400mg de silicone, outra matriculou-se num doutorado. Uma se apegou a uma seita evangélica, outra se anulou. Uma se cercou de amigos, outra se isolou. Uma deu para todos, outra riscou a palavra do dicionário. Uma arranjou outra. Uma afundou no trabalho, outra se suicidou. Uma se juntou com um traficante, outra com o promotor. Uma tapou o sol com a peneira, outra contratou um detetive e escancarou. Uma ficou na merda, outra melhorou de vida com outro que encontrou. Uma deu o troco e a outra também. E a outra... E a outra... E a outra...



abril 18, 2009

Provérbio árabe


“Desconfia do amigo
que freqüenta teus inimigos...”

SACOLINHA PLASTICA...

Conscientização já!

SUPER? SÓ NA MARRA.

Tem coisas que a gente detesta, mas precisa fazer.
Sempre ouvi os “mais velhos” entoar essa cantilena...
Algumas brigas já explodiram aqui em casa por causa disso.
Por exemplo: detesto supermercado. De-tes-to.
Prefiro passar roupa. Juro. E olha que abomino passar roupa.
Tudo que se compra no super, o ralo engole: omo, ritter, lux. E o dinheiro só vai.
Acho que por isso é que sou magra. De raiva.
Tento sempre lembrar de carregar comigo minha “sacola retornável”. Mas, os pontas de caixa não aprenderam ainda a guardar os produtos por esse método. Geração plástica. E dê-lhe sacolinha. Não adianta a empresa fazer campanha bonitinha em prol do meio-ambiente, se tudo falha no caixa... Então: hoje fui no super e procurei pelo A Hora. Não vendiam. Cumequié?
“Por culpa do jornal” - disse o gerente - “Eles não se adequaram ao sistema funcional da nossa filial.” Ahã. Caraiu.

Mano Caetano

Hermano e Caetano Veloso não têm celular.
Não significa que não usem. Mas eles não têm.
Acabei de ler no blog do Cae.
Às vezes passo por lá.
Agora ele também vai dar um tempo para o blog, em função de uns shows por aí com o cd novo: Zii e Zie.

Quando mais nova era fã incondicional do cara, com o tempo, a gente filtra e depois fica acidulada mesmo. Tão triste.
Comprei o cd CÊ e não curti.
Queria o velho Caetano, não o novo.

Imagina... O novo tem 66 anos. Tá bem o Caetano.
O que tem de trintão gordo e desleixado por aí! Uns cacos e, pior, sem talento algum.

Quando comecei a comprar discos eu tinha 13 anos. Meu primeiro vinil foi um compacto simples da Elis Regina. De um lado, Madalena. Aquela do “o que é meu não se divide Nem tão pouco se admite Quem do nosso amor duvide...” E do outro Quaquaraquaqua... fui eu...

Tempão depois comprei um LP: Drama, da Betânia. Dramático, intenso, de acordo com as primeiras paixões adolescentes e desprezadas.
O terceiro já foi do baiano: um LP branco que trazia o nome “Caetano Veloso” na capa e as músicas “Irene” e “Os Argonautas”.

Putz, gastei muita agulha com aquele vinil.
Nas mudanças da vida, sumiu.
Caetano diz no seu blog que curte sebos onde resgata “velharias em vinis”.
Que coisa... Como a gente ficou saudosista né, Caita?

abril 16, 2009

escrevo por compulsão




“bonito.
um lugar pra gente se molhar enquanto tanta gente prefere ignorar a tempestade.
um bom lugar pra tirar o sapato, sentar na beira do mar e esperar fúria e a purificação da tempestade.

e pensa só: há séculos as pessoas seguram um cabo idiota na mão para se defender da chuva, molham os pés... mas idéias seguem secas. e não cai de moda.

mas, por mim, desde que tu continua publicando as tuas idéias, com ou sem guarda-chuva, a minha tempestade seguirá fazendo sentido.”





Da amiga Alien sempre restaurando as incertezas. No meu universo neurótico é a única com algo a dizer, que me faz refletir. Além do que, nunca cobra nada. Observa. Observa. Observa.



abril 15, 2009

Fernando Sabino

" A verdadeira inspiração
é aquela que nos impele a escrever sobre o que não sabemos,
justamente para ficar sabendo."


uma coisa leva a outra...

Putz, até o bispo é falsificado no Paraguai! Para onde será que vai essa pansofia católica que não dá um fim ao celibato? Falar em hipocrisia, o reitor da Ulbra está numa treta sem fim. Minha mãe disse que tá impressionada com o que tem aparecido de escândalo com reitores. Aguarda, fofa... Ontem li na ZH sobre a mãe que matou o filho pirado em crack. Já matou tarde. Mas vai dizer isso pra frau Hahn ou para a imprensa. Não sei, acho que to ficando malvada, além da cota de-ses-pe-ran-çosa. Dias desses me mandaram um email – por engano – cheio de fotos de xotas. Muito interessante. Sem preconceito algum, examinei todas. Comparei com a minha e repassei. Como disse Gustave Courbet (1819-1877): "eis a origem do mundo."

Ele que já foi considerado o “pintor das vulgaridades” exaltava através de seus pincéis, a realidade: povo, pobreza, cenas simples. Quem entende do babado assegura que a arte de Courbet preparou a transição para a arte moderna. Sendo que o quadro da xota foi uma encomenda de um diplomata turco e gerou um buchincho grande no meio napoleônico. Coubert não aguentava mais portrait, pinturas bíblicas, florzinhas e pinturas históricas... Se hoje os emails com xotas constrangem algumas, imagina 143 anos atrás, época de Darwin e teorias marxistas? A mim não diz nada, melhor, mostra por onde nasci e por onde mifudi. Courbet foi preso, depois exilado e o turco que fim levou? Assim caminha a humanidade, por baixo das burkas sofrem as turcas. Rimou legal. Mas, acho que turca legítima só usa lenço na cabeça... A burka do Islã deve servir para ocultar algo muito perigoso: os olhos e a boca da mulher. Aquela que vê. E fala o que vê: Allah, o Altíssimo... me tira daqui.

CAÇA PALAVRAS

vintecincopalavrasquemeorbitam:vccrgforevoltaxcd gtrrrdsdesenganojhtrftristezaoiftyarrependimentocd tesãoytghpqrevoluçãocxzrteperversidadeythipocrisia sdftkopttinstabilidadeouthkfomeobhlverdadexdftmn inconveniênciakkhpgranafegferidapughlindigestãoa verdeuutrfgvutopiakutgfxvolúpiafasxcvffalsidadedtgf
cfgxrexclusãokityfmmotimgnhjjlimitepoytmiilusãoyf
transatrnssuofdc.

abril 14, 2009

Joaõ Cabral de Melo Neto


“O mundo interior para mim
é fonte de tormento,
acho uma chatice.”



diario da lavadeira

tenho tanta preguiça nesse corpo. tanta. preguiça e tédio. ontem dei uma banda por aí e foi aquele constrangimento: falo com as pessoas, mas nem desconfio quem sejam. e elas insistem em me chamar pelo nome. e eu fico paralisada cavoucando na memória, pistas. nada. volto para casa com o propósito de não mais sair do meu refúgio. preciso andar com um cartão no pescoço: “desmemoriada”. as pessoas me desculpariam, quem sabe até se sensibilizassem: coitada, deu no que deu. eles me cobram almoço. faço uma sopa. outro dia abri uma lata de atum e de seleta. as pessoas só pensam em comida, medeus! terceira maquinada. haja omo. no varal dipinduro as roupas e vejo que consegui manchar outra camiseta. uma coisa puxa outra e lembro do escândalo da prefeita: roupa suja nas escutas do promotor. ali caiu a máscara da mulher. qualquer psicólogo diria o mesmo. já não era a mãe, a prefeita, a ex-professora. era a política ardilosa, usando o poder para suas tramóias indecentes. dela e dos aliados. como será que se branqueia toalha de banho? se deixo de molho na q-boa, amarela. falar em amarelar, o escândalo da universidade passou batido com o caso das escutas. ninguém é bobo de mexer naquele vespeiro poderoso. mas sempre que vejo obras por aí penso que alguém ta ganhando seus 20%. também se não fosse vantajoso cedo largariam a teta. comandar é inebriante. as criaturas devem se olhar no espelho e sorrir de satisfação: hoje mais fortes e mais ricas. medeus... acabo de ler a biografia da leila diniz. se não fosse ela a gente continuaria tapada, amordaçada e achando que foder com marido é sagrado. putz, onde será que escondi meus chocolates de páscoa?

abril 12, 2009

PASCOA

Renascer para que?

abril 10, 2009

Raduan Nassar

“Nunca escrevi poesia.
Não cheguei nem mesmo a ensaiar qualquer coisa.
Minhas gavetas têm a tranqueira das gavetas comuns.”

NULIFICAÇÃO

Estávamos ali por vontade própria.
Um grupo grande reunido em uma espécie de jardim ou área verde. E todos vestindo uma roupa de Papai Noel. Um por um adentrava em uma sala. A Sala da Tritura.

Por um vidro podia acompanhar parte do processo. Mas só lembro de ver os corpos humanos passarem por uma máquina e sair por outra extremidade feito carne moída, gordurosa e vermelha.

Uma pessoa se aproximou e disse que eu poderia desistir.
Olhei ao redor e vi pessoas de todas as idades, inclusive crianças, ninguém conhecida. O ambiente, antes claro e bem iluminado, aos poucos foi se tornando sufocante, com a chegada de mais gente. Vi novamente os corpos triturados caindo em caixas pequenas. Embalagens. Foi quando desisti. Não me vi moída. Não queria aquele fim suicida. Alguém se aproximou e disse que eu poderia partir.

Comecei a procurar uma saída.
Alguém me ajudou e abriu uma porta e fui empurrada com força para fora. Pessoas estavam por ali, sentadas no chão. Aliviada reconheci uma menina e nos abraçamos e eu chorei.
Ela não era minha amiga, apenas um rosto conhecido. Acho que também era uma desistente.
Acordei.
A trituração foi tão vívida que custei a dormir novamente.

Se estamos na Páscoa,
por que a roupa de Papai Noel?



abril 09, 2009

Jerome Lawrence Schwartz




"Neuróticos constroem castelos no ar.

Psicóticos moram nesses castelos.

Psiquiatras cobram o aluguel."


CAÇA PALAVRAS

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abril 08, 2009

EM SEGREDO...

Todos nós guardamos uma história. Secreta.


Acredite: você, eu e um prêmio Nobel de Literatura.


Penso nisso quando termino as últimas páginas do livro Nas peles da cebola, de Günter Grass, pela Editora Record.


Depois de lançado, causou certo mal estar na praia dos intelectuais europeus.
Aqui, não desencantou nem a tal “marolinha” presidencial. Talvez algumas linhas nos suplementos culturais dos jornais, meia página nas revistas e, como do outro lado do Atlântico os americanos preferem navegar por entre os best-seller$, nem se deram ao trabalho de conferir.
Taí um segredo meu: implicância com os americanos.


A pele da cebola foi a metáfora encontrada por Günter Grass para narrar suas memórias: a cada descamada uma revelação, uma lembrança, um mergulho longínquo no abismo que é a vida que se deixou para trás. Importa esfoliar cada derme por mais ardida que seja, por mais lágrimas que provoque. Grass revela sua participação pífia na segunda guerra mundial. Sem culpa, jovem que era. Pífia, mas na Waffen-SS. E isso consternou alguns de seus leitores. Não eu, que só o conhecia pelas lentes de Volker Schlondorff, no filme O Tambor, aliás, um dos meus favoritos.


Encerrada a leitura do livro, a curiosidade por outras obras do autor, com personagens francamente inspirados em algumas pessoas que passaram pela vida de Grass. Se você gosta de biografias, de não-ficção, dos anos de guerra, encontrará uma boa leitura nesse livro de reminiscências, com tradução de Marcelo Backes:


“...uma ignorância afirmada e reafirmada não foi capaz de ocultar a minha compreensão
de estar inserido em um sistema que planejara, organizara e concretizara a aniquilação de milhões de pessoas. Mesmo que uma culpa ativa não me pudesse ser creditada,até hoje sobrou um resto não desgastado de algo, que é chamado de um modo demasiado corrente de co-responsabilidade. Viver com isso é certo que eu terei, nos anos que ainda me restam.”




Volver aos segredos. O seu.
Não se aflija. Você não é um Nobel. Na verdade, está mais para Big Brother...Com toda sua vida escancarada a cada vez que vai ao supermercado, as compras, ao clube. A cada vez que se reúne com as amigas e sua família. Ou não?

Ou quando você deita a cabeça no travesseiro, as dúvidas sobre seus atos e palavras, pairam como uma sombra plúmbea sobre sua cabeça? O homem e suas culpas insones.


Segredos: o que você roubou no seu emprego, a sua identidade sexual, a puxada de tapete com o colega, o sofrimento por abuso, o anel que comprou para a “outra”...
Segredos traiçoeiros não permitem paz de espírito. Segredos são fantasmas que nos espreitam em outros rostos, nas esquinas da cidade, nas telas do cinema. Cada um traz consigo uma imagem de “segredo”. Existem aqueles que trancafiam os seus tão bem, que nem o divã liberta.

Segredos, quando divididos se perdem. Cuidado com o amigo, que um dia pode se tornar inimigo, alguém sussurou...
Em 1950, a princesa Maria Bonaparte, amiga de Freud, revelou ao mundo alguns dos segredos do pai da Psicanálise, inclusive sua tirania, permitindo a publicação de parte da correspondência íntima trocada entre Freud e seu camarada, o otorrinolaringologista Wilhelm Fliess, ambos na disputa pela paternidade do complexo edipiano.
Segredo? Penso em Günter Grass e quão penoso foi descascar a cebola de sua vida e desvendar sua participação no holocausto judeu.

Agora, ele pode tocar sua vida adiante.
Agora, sem culpa. Agora, em paz consigo.




Günter Grass

"O que houve antes disso, o que houve depois?
A cebola não faz questão de se mostrar precisa
no que diz respeito à sequência correta.
(...)
A cebola é adequada para o uso literário"