ÜBERDRUSS
abril 28, 2024
DIVORCIO NO SECULO XVIII
Uma coisa puxa a outra... E nas minhas leituras nos livros, sem google, descubro que a constituição francesa de 1791 permitia o divórcio. Fiquei pasma! No Brasil só em 1977.
- a insanidade de um deles,
- a condenação de penas aflitivas ou infamantes,
- injurias graves (?) ou sevícias,
- desregramento de costumes,
- o abandono por 2 anos, no mínimo,
- a ausência sem noticias por 5 anos,
- a imigração.
Nestes casos, o divórcio era concedido tanto por solicitação deles como das mulheres, aliás, ainda podiam alegar incompatibilidade de gênio.
Li sobre outras situações, mas o q chamou mesmo minha atenção foi o retrocesso francês:
as leis mudaram e o divórcio foi abolido em 1816. E só voltaria em 1975!
Como a sociedade pode desandar tanto?
Pode... A gente vê na política - taí o fascismo mostrando a
cara novamente, e sempre com o apoio da imprensa. Na volta ao terror de uma
terceira guerra mundial. Na infame decadência cultural. A única coisa que nunca retrocedeu e continua
a mil é a corrupção. Em todas as instâncias.
DO MEU BLOQUINHO
Haruki Murakami tem
75 anos e mais de 30 livros publicados. É o escritor japonês mais famoso do seu país.
Já traduzido para 50 idiomas. Não gosta de entrevistas e eu nunca li nada de
sua autoria, mas em uma reportagem no El País, selecionei:
“O trabalho de um romancista é sonhar acordado. É maravilhoso; desfruto disso há 40 anos e acho que vou poder fazer isso por mais uma década. Quando não escrevo relatos, escrevo ensaios ou faço traduções. De alguma forma, escrevo todos os dias. Se não escrevo, não é um bom dia.”
*
Diferente de sua prática,
desde a publicação de Malvina, não tenho mais escrito. Ando decepcionada com a
escrita. Com eu. As ideias foram sufocadas.
E junto, a inspiração. Gostaria de escrever todos os dias, mas nada me atrai, nem lembro. Os dias passam, acompanho a bolha, confiro as
vaidades nas redes, publico minhas bobagens, algumas crenças, dou umas
risadas e ... Passou o dia. E daí o terror noturno da não-produção. A autocrítica. As frustrações. O trabalho
de um romancista é sonhar acordado. Taloko. É só o que faço nessa maldita
insônia.
abril 05, 2024
SAPATOS NO DANÚBIO
De tudo q já pesquisei sobre museus, homenagens, memoriais
aos judeus mortos na época da Segunda Guerra Mundial, um dos mais tocantes, na
minha opinião, é o Shoes on the Danube, às margens do rio, no lado Peste
da cidade de Budapeste.
Nunca viajei, mas se você já viu, ou passar por lá, me
conte!
FRANELA & CORBATA
Em 1948, a Colômbia viveu a La Violência, uma luta fratricida
entre liberais e conservadores.
Iniciou-se com o
assassinato de Eliézer Gaitán, ex-prefeito de Bogotá e Ministro da Educação, q nunca
escondeu ser contra o monopólio da terra - o que lhe garantiu um amplo
apoio do campesinato.
Com sua morte, uma impressionante reação popular e a
maior vista na história da Colômbia. O povo destruiu o centro de Bogotá. É daí
que surgiu o conhecido grito: "O povo unido jamais será vencido."
Posteriormente, a violência partidária se espalharia para
outras regiões durante o período conhecido como La Violencia, uma guerrilha
pelas áreas rurais do país.
Nesse conflito, duas especialidades surgiram entre os matadores,
de ambos os lados:
La Franela, que consiste em arrancar a carne em volta do pescoço da vítima de uma forma que lembra uma echarpe. E La Corbata, um buraco na altura do pomo de Adão, através do qual se puxa a língua da vítima, dando a impressão dela estar de gravata.
DO MEU BLOQUINHO
“... e com os meus olhos eu pedi a ele pra me pedir de novo, sim, e então ele me pediu se eu deixava, sim, se eu dizia sim minha flor da montanha e eu primeiro botei meus braços no pescoço dele, sim, e puxei-o pra mim para ele sentir meus seios todos perfumados, sim, e o coração dele batia como louco, e sim, eu disse sim, eu deixo, sim. (Molly Bloom em Ulisses, de James Joyce). Li e tive uma epifania, aliás, uma palavra usada particularmente por Joyce, q significa uma súbita consciência da "alma" de algo. Desculpe, a autocensura é uma merda. Trocando de assunto, a pergunta q não quer calar: onde vive o bicho-da-goiaba quando não é tempo de goiaba?
UM LONGO 1º DE ABRIL
Em 1964, eu tinha 6 anos e brincava no pátio do Grupo Escolar Fernandes Vieira.
- Olha a aranha no teu pé!
- 1º de abriiiiiiu!
Mas não era. Naquela quinta-feira o país foi implodido por um golpe militar, com João Goulart, presidente eleito pelo voto direto, deposto. E os milicos encarrilharam seus autoritários e corruptos governos por longos 21 anos. O general Castello Branco foi um dos articuladores do golpe.
Os medíocres de farda acreditavam que havia uma conspiração “comunista em marcha”.
Começavam as perseguições aos civis e aos direitos
constitucionais, um regime de censura na imprensa e artes.
Entre assassinatos e desaparecimentos, leio no wikipedia, 434 pessoas. Dezenas de operários, estudantes e professores, bancários, jornalistas, agricultores, sindicalistas. Até alfaiate, sapateiro, costureira, uma dona de casa, um taxista, um pianista e um médico, entre tantos e diferentes profissões.
Em agosto de 1979 foi sancionada a lei 6683, que concedia Anistia aos cassados pelo regime militar. Mas também aos torturadores.
Só em 1988, com a nova constituição, o povo respirou aliviado.
Abril é um mês insólito. Comemoramos o dia do descobrimento do Brasil ou o início do genocídio indígena? Tem o dia mundial da saúde e feriado pelo assassinato de Tiradentes. Tem o dia do jornalista e o dia da mentira...
Infelizmente, partiu de um escritor, a expressão “ditadura branda”.
Há 10 anos, Domingos Pellegrini usou o termo durante um debate na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília.
Na época, o escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão, o primeiro a se indignar:
"Ditadura, seja onde for, é odiosa. Vidas foram sacrificadas, pessoas foram mortas, uma geração foi sacrificada. Não dá para dizer que é branda. Não dá para dizer que agradeço à ditadura, não agradeço nunca".
Durante os anos de chumbo, Lajeado não só aprovou como apoiou o momento histórico, ao ponto de homenagear um traíra ao dar nome um colégio estadual.
Anos depois, a cidade aplaudiria
Bolsonaro por seu voto contra a continuidade do governo Dilma, também eleita
democraticamente:
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim."
E não se envergonha.
ELIAS WIESEL
"Elie" Wiesel foi um escritor judeu,
sobrevivente dos campos de concentração nazistas, que recebeu o Nobel da Paz de
1986, pelo conjunto de 57 livros, dedicada a resgatar a memória do holocausto e
a defender outros grupos vítimas das perseguições.
Diz ele, você sabe qual é a diferença entre o escritor e o jornalista?
O jornalista se define por aquilo que diz, e o escritor, por aquilo que cala."