junho 23, 2021

RONALDO FRAGA


“A essa altura do campeonato,

aos 53 anos,

o mínimo que eu poderia ter conquistado

é a coragem de colocar o meu coração

no lugar onde ele bate.”

A VOLTA DA NORMALIDADE?

Ontem fomos a Porto Alegre.
Quando chegávamos, a Ponte da Dilma deu as boas vindas.
#pontedadilma

😏


Parece que os bons tempos voltaram:
fomos no MARGS
conferir a arte conceitual da Lia.
Nas suas obras, a infância rasgada, mutilada, recortada, prensada...
e lúdica.
Poucas pessoas. Nas salas menores, só podíamos entrar de dois em dois. Lia Menna Barreto é artista da Geração 80 e inspirou muitos outros artistas. Nessa expô, uma trajetória de mais de 30 anos.

Você confere seu trabalho nas três galerias das Pinacotecas, nas Salas Negras e na Sala Aldo Locatelli.

São diversas pinturas, esculturas e instalações que provocam nosso olhar e sentimentos. Podemos achar uma bobagem, podemos estranhar, mas não tem como ficar indiferente. Essa, do rato e do triciclo antigo, foi a que mais me tocou. Pensei em infância roubada... Pensei em abuso. Pensei na solidão infantil. Cada um pensa o que quer.


Suba as escadas. Parte do acervo do Margs está lá. Essa tela é um tríptico de Maria Tomaselli. 


No Margs também a exposição de 
Bruno Gularte Barreto, de Dom Pedrito.

Sua exposição 
5 Casas
me tocou muito fundo:
traz uma verdade dilacerante


morar no interior,
fugir do interior,
voltar.
 
As dolorosas memórias da infância.
Até parece um diálogo com Lia....


Imensa collage,
com olhos espantados, olhos curiosos, olhos tristes.
A expô vai até 11 de julho.
Vale a pena!


De lá seguimos até o Mercado Público. Antes passamos na Pinacoteca no Paço Municipal.

E descobri que atras da prefeitura antiga existe a prefeitura "nova", com terraço para o Guaíba. 

O museólogo Luís, gentilmente, fez um tour pela casa, explicando as obras - exposição reduzida por causa da pandemia - e mostrando o porão do palacete, com tuneis e cadeia.

As linhas e ângulos da vista do terraço 

Os belos e originais vitrôs da Prefeitura.
Porto Alegre moderna,
Porto Alegre antiga.
E uma Porto Alegre, 
pelo olhar estrangeiro,  


que traz a negritude de seus moradores,

 omitida pelos pintores gaúchos.


Um imenso óleo sobre tela,
"O Reconhecimento de Humaitá" - 1869 
passou 12 anos em restauração.

Pintado pelo italiano Eduardo de Martino
mostra o General Osório na 
Guerra do Paraguai:
"O artista pintou lá mesmo" - explica Luíz.


Antes de voltar para casa, de alma agradecida, uma passadinha pela Gonçalo de Carvalho, a rua mais bonita da cidade. Porto Alegre mudou em dois anos de pandemia: a pobreza aumentou nas ruas e o povo ainda não voltou a elas. A normalidade é uma ilusão.

DIA DE ÁUDIO CRÔNICA


 

EMPATIA

É você se colocar no lugar do outro... 

Sentir a dor do outro -  explica o Aurelião que ganhei dos meus pais,  em 1978, quando saí da casa deles.

Do dicionário para a realidade:

É justamente isso que muitos estão  percebendo o que acontece no país:

Bolsonaristas não  tem empatia. Nem o presidente deles.

Mais de meio milhão de mortos e Bolsonaro não disse uma só palavra aos brasileiros que votaram nele.

E vocês... Vocês seguem admirando  um diabo desses, convictos que erguer um cristo de 40 m é ser uma pessoa devotada? 

Convictos que ajoelhar em frente a uma tv e assistir missa é sublime? 

Certos que ir à igreja ou a um templo é ser espiritualizado? 

Rezar para sua santa de devoção e apoiar esse monstro não tem lógica nenhuma! 

Ir ao Centro Espírita e aprovar esse governo é um atestado de sua hipocrisia, de sua desumanidade.

Vocês não entendem nada de fé e piedade... Ôoo insensatez.

Porque não falo de  apoiar a esquerda, cara!

Tô falando de compaixão – se é que vocês sabem o que significa isso.

  falando de se dar conta que existe um louco no poder de uma frieza satânica que esta envergonhando não só o exercito nacional, mas humilhando, pisando no pescoço de  cada brasileiro que já perdeu uma pessoa da família.

Porra cara... Eu só queria entender:

– medico, padeiro, dentista, funcionário público, manicure, advogado, costureira, empresário, aposentado, bancário, trabalhador braçal, ator, musico...

que tipo de princípios você acredita e defende ao passar pano para esse monstro presidencial?

Boa 4ª-feira...

Trilha sonora: Insensatez, Tom Jobim.









CRISTO NATUREZA

A Cerejeira- japonesa dos Cattoi
incentivou a plantar a minha.

E lá vem ela 
iluminar o nosso quintal,
trazendo poesia aos olhos,
aquecendo os dias frios de inverno.

 

VERDADEIRO E TRISTE HUMOR


 

CRISTO DE RELHO NA MÃO


 Como uma opinião contraria pode ser tão perturbadora?

Aqueles q idolatram Cristo mostram sua virulência nas redes pq alguém se mostra contrario ao turi$mo religioso com a benção nazista.

A imbecilização coletiva é legitima:

Viva o desmatamento, viva o bolsonarismo e viva o Cristo de cimento.

Os paranoicos piram... Mas religião e politica tudo a ver com o autoritarismo cafona e atrasado dos nossos dias.

Sim, penso fora da caixa... E penso q os seguidores do genocida não entendem nada de valores humanistas. Não tem como, né?

Ai, Jesuis... Pq será q a espécie humana não me surpreende?

junho 16, 2021

NISSIM SHARIM


 

 “Percorra os espaços escuros da existência, 

reúna os silêncios necessários, 

penetre nas superfícies das coisas, 

convoque homens e mulheres, 

invente a verdade, 

fale com eles devagar e com amor, 

transforme o mistério em conversa 

e depois transforme a conversa 

em algo que seduza, encante ou mova-se.

 Então você estará fazendo arte.”



UM CENTRO CULTURAL PRA CHAMAR DE NOSSO...


 Essa casa é de 1922.  É propriedade de um rico empresário. É gente de muito dinheiro. Mesmo que eles morram, não vai faltar grana para os familiares durante décadas. Nem para seus netos. É  gente boa. Talvez nunca tenham pensado na hipótese de transformar essa casa num centro cultural. Não seria lindo? Não seria muito bacana? Crianças e jovens da periferia participarem de oficinas de teatro, literatura, musica, artes?  Com acesso à exposições? Com oportunidade de registrarem a história dos antepassados que construíram essa cidade com a força de seus braços? 

A Casa de Cultura Conservas. 

Onde entra a arte, o esporte, a cultura, entra também a formação de caráter.

DIA DE ÁUDIO CRÔNICA

Photo by Chema Madoz

 

Desesperança

Ando tão descrente, tão cansada de tudo que só queria aquela pequena manivela de pegar no sono, que o poeta Manuel de Barros inventou...  Sabe, eu seria bem capaz de girar essa manivela até alcançar à escuridão eterna.

Foi num sábado, justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, saí para caminhar. Nem levei o celular. Não dei 200 passos e o barulho da moto serra machucou meus sentidos.

No limite do parque da minha cidade, um homem cortava as árvores do seu terreno. Não me aguentei, por quê? Por quê? Vendi o terreno, ele gritou.  Vou levar os troncos pra minha casa.

Aqui na minha cidade algumas árvores conseguem crescer – tem  sorte! 

Como esse homem, como as construtoras, como o governo municipal ... Todos pensam que a natureza é apenas um rascunho para eles traçarem os seus planos diabólicos de destruição.

Deu vontade de dizer por que tu não te enforca numa árvore dessas?

Mas engoli a raiva e segui em frente, com os olhos  aguados ...

Não, árvores não merecem cadáveres.

Merecem um balanço no mais alto galho, 

merecem um casal de namorados à sombra, 

merecem uma criança se dependurando de cabeça pra baixo 

vendo o mundo ao contrario, ao contrário do que  estão fazendo com ele.

Uma árvore merece sobreviver tanto quanto nós. Mas aqui... 

Aqui é só desesperança.

Boa 4ª-feira.

Som: Petite  Musique, de Federico Mizrahi





CHICO, HILDEGARD & ZUZU ANGEL

junho 12, 2021

ÉRICO VERISSIMO


“O amor está mais perto do ódio

do que a gente geralmente supõe.

São o verso e o reverso

da mesma moeda de paixão.

O oposto do amor não é o ódio,

mas a indiferença…” 

ALCIONE MALHEIROS DOS SANTOS



"Quem é essa mulher

Que canta sempre o mesmo arranjo

Só queria agasalhar meu anjo

E deixar seu corpo descansar

Quem é essa mulher

Que canta como dobra um sino

Queria cantar por meu menino

Que ele já não pode mais cantar.”


Esta é parte da letra da música que Chico Buarque compôs para a estilista brasileira Zuzu Angel, que completaria 100 anos no dia 05 de junho, se não tivesse sido assassinada pelo regime militar em 1976.

Numa entrevista nesta semana, Chico Buarque chorou várias vezes ao recordar de Zuzu e sua luta para descobrir o corpo do seu filho Stuart Angel Jones que foi barbaramente torturado e morto na base aérea do Galeão em 1976. 

Segundo testemunho de outros presos no local Stuart foi amarrado em um automóvel e arrastado pelo pátio do quartel. De tempos em tempos os torturadores paravam o carro e ele era obrigado a colocar a boca no escapamento. Seu corpo nunca foi encontrado. 


Este é apenas um episódio doloroso e trágico da história recente do país. 

Chaga que nunca foi curada e que volta a assombrar. O país hoje é presidido por um defensor daquele regime, dos atos praticados sob as ordens daquele regime. Este “messias” tem como ídolo Carlos Brilhante Ustra, sádico torturador julgado em 2008 e único militar condenado por tortura.

Será que estas pessoas que saem para a rua vestidas de verde e amarelo, pedindo intervenção militar, golpe, ditadura, e que apoiam o homem que ocupa a presidência da república, sem dignificá-la, sabem o que estão apoiando? 

Como se sentiriam estas pessoas se tivesse um filho supliciado por tortura, por pensar diferente?

Como se sentem ao ouvir que um empregado tem direitos demais?

Como se sentem ao ouvir que, em nome de um pseudo desenvolvimento, estimula a devastação ambiental?

Como se sentem quando aquele que ocupa a cadeira presidencial, afirma que médicos estão fraudando notificações para aumentar as estatísticas sobre o número de mortes por Covid-19 (sim, ele acusa os governadores e prefeitos, mas quem atesta as mortes são médicos)? 


Como se sentem quando aquele que ainda está na presidência, mente com relatório falso, dados sobre a pandemia?

Como se sentem diante da total falta de sensibilidade diante da morte de quase 500 mil brasileiros?

Você que se veste de verde e amarelo e se autodenomina conservador, patriota e cristão, já pensou naquilo que está apoiando?





 

VIVÊNCIAS


Esses dias, caiu nas palavras cruzadas que a minha mãe disse pra fazer e  exercitar a memória – como se escrever diariamente não ajudasse! -  “mas isso é na ponta do lápis!" – 4 letras:   o mais violento dos sentimentos.

Escrevi com a letra firme: AMOR.

Mas não fechou com as demais palavras. Precisava escrever que o sentimento mais potente era ÓDIO.

Pra ver como a gente percebe diferente as esquinas no vale do taquari e no mundo.

Acho que  AMOR  é um sentimento tão violento que em nome dele se mata, se destrói reputação, se suicida e sei lá mais o que...

Em nome do AMOR a essência vira  ÓDIO, quando não vira estátua... 

 

DO LADO TRÁGICO DA VIDA



 
 Ou não sabe nada de ambos.
Nunca soube.

ESPAÇO HAROLDO DE CAMPOS


 Tombada, a Casa das Rosas desde 2004  passou a condição de  centro cultural:

Cursos, oficinas, apresentações literárias e musicais, sarais, peças de teatro e exposições ligadas à literatura. Além disso, detém os 35 mil volumes que faziam parte da biblioteca do poeta e tradutor  Haroldo de Campos e que foram doados ao estado de São Paulo após sua morte.

Visitação: Av. Paulista, nº 37.

OUTONO








 



Você nunca vai me ver falar bem de construtora que derruba casas antigas, destrói o meio-ambiente seja para erguer  estatua de Cristo ou  de Iemanjá. Não tirei o meu diploma de jornalista para ficar muda, para puxar saco de anunciante ou de ouvinte ou de leitor.  Não estudei e li tanto na minha vida para escrever enfeitado, com anjinhos e florzinhas no texto.

Opiniões contrarias  ajudam a pensar. E repensar... Mas não estamos sós.

E alguns  Segabinazzi, Remonti, Antoniolli, Caneppele, Barella, Cenci, Cattoi, Bonfiglio, Darde, Milidiu... e outros gringxs onde encontro eco, um abraço!

junho 08, 2021

MANUEL BANDEIRA

No jornal A Hora, de Lajeado.

“Já não me entendo mais. Meu subconsciente

me serve angústia em vez de fantasia,

medos em vez de imagens. E em sombria

pena se faz passado o meu presente.”