agosto 30, 2011

JOÃO GUIMARÃES ROSA



Photo by Louise Dahl-Wolfe


“O meu medo não sai por pedaços.
Sai por inteiro.”

Grande Sertão: Veredas

NADA SE CRIA, TUDO SE...



... copia? em 1931, o diretor de cinema rené clair filma “à nous la liberté”, que satiriza a sociedade industrial daquela época. cinco anos depois, em 1936, charles chaplin lançaria tempos modernos.  daí a empresa alemã tobis, que produziu o filme de clair decide acusar chaplin de plágio, mas o diretor francês não permitiu. além da grande admiração pelo pai de carlitos  disse que  considerava tempos modernos uma homenagem indireta ao seu próprio filme. por falar em rené clair, os entendidos acreditam que “  'e silence est d'or’ é um dos filmes mais bacana que ele dirigiu. mas seria com 'porte de lillas' que o cara volta a um de seus temas e ambientes favoritos: a amizade e os subúrbios de paris. tudo mostrado de uma forma sutil e humana. as obras de clair não são apenas reflexões pessoais sobre a amizade, a liberdade e o amor. por trás disso tudo, existe um certo racionalismo e uma enorme sensibilidade.”  ta tudo no wikipedia... é que fui procurar uma coisa e surgiu outra, outra, outra, outra... nem sabia da sua existência.


SOLIDÃO?

"Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só..."

Florbela Espanca


LONESOME TEARS IN MY EYES

Ta crescendo muito ligeiro.  As lembranças devagar, desaparecem. Até pouco tempo, sentava. Até pouco tempo, engatinhava. Os primeiros dentes, os primeiros passos. A voz e e os porquês. Aí é tarde: segredos ao vento.

agosto 24, 2011

VINICIUS DE MORAES

Photo by Thiago Stürmer

"A maior solidão é a do ser que não ama. 
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, 
que se defende, que se fecha, 
que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, 
no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, 
de amizade, de socorro."

O OLHAR DE MICHELANGELO



Em 2000, Michelangelo Antonioni, diretor de Blowup - Depois Daquele Beijo, talvez seu filme mais conhecido e q guardo na minha humilde prateleira de caixa de kerozene, gravou um curta chamado O olhar de Michelangelo. Quem me contou foi Jean-Claude Carrière:

“Um dos filmes mais lindos do mundo! Antonioni realizou em 2000 esse filme, q ñ dura mais de 15 minutos, sem uma palavra, onde ele dirige ele mesmo, pela única vez em sua vida. Ele entra na igreja de São Pedro dos Leões, em Roma, sozinho. Aproxima-se lentamente do túmulo de Julio II, e o filme inteiro é um diálogo, sem uma palavra pronunciada, um vaivém de olhares entre Antonioni e o Moises de Michelangelo.

Tudo o q dizemos aqui, esse frenesi de aparecer e falar q marca nossa época, essa agitação sem objeto, é questionado pelo próprio silêncio e o olhar do cineasta. Ele veio dizer adeus.
Não voltará mais, e sabe disso. Veio fazer uma última visita, ele que está de partida, à obra-prima incompreensível, q restará. Como para interrogá-la uma última vez. Como para tentar desvendar um mistério ao qual as palavras não têm acesso. O olhar que Antonioni lança para ela, antes de sair, é patético.”

Achei frames do vídeo no Youtube... tb me emocionei. Precisava repartir com todos aqueles olhares curiosos ou que caem de paraquedas por aqui...

agosto 16, 2011

ELISA LUCINDA

MOA

Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo…
tive saudade e tentei me lembrar que gosto
faltava,
qual era a bebida…
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.
A saudade era dele.
A bebida era o beijo.

DESENFERRUJA...


DO MEU BLOQUINHO...



.ontem fui até o horto do jardim botânico. antes passei na secretaria de agricultura para os tramites. dali para a prefa. barrada na porta giratória por portar chaveiro, celular, bolsa. a bosta ñ abria. desvencilhei da bolsa e fui no banco pagar. mandaram para o protocolo. mais papel. volto para o banco. agora fila. e tudo por quê? por causa da corrupção dos grandes. não dos pequenos. DOS GRANDES. no jardim botânico mostrei a nota e trouxe para casa uma cerejeira, pau ferro, jacarandá, chorão, paineira e uma figueirinha. pra plantar tem que querer muito. seguem todas para o meu pedacinho de mata atlântica na praia. já foram mais de cinqüenta. isso não é nada. é uma gota naquele mar verde onde para eles árvore também é lenha. pra ver q não é mérito dessa  gentalha daqui como diz o meu amigo indignado com as safadezas do vulgo e premiado corredor ecológico. ontem encontrei uma senhora perto do cemitério velho, que me disse que vendeu sua casa pertinho do rio. por 90 mil: “eu pedi 80, mas o homem decerto muito rico me deu dez mil a mais de troco.” e se riu toda. comprou um ap na hidráulica. daqui dois anos não vai ter dinheiro para o condomínio, pensei. o “homem decerto rico” já derrubou a casa e aterrou a vida que existia por lá. Fico sonhando que um dia vou ser secretaria de meio ambiente e vou pedir 20% de tudo na maior caradura: por laudo, por licença ambiental, para autorizar aterro, corte de arvore, caraiu a quatro. vou ficar bem rica. aí vou fazer lipo, prástica na bariga, bortox na cara. vai ser bem bão. só não vou dar o rabo por aí, ah, essa não. eita.

CARLITO CARVALHOSA NO MOMA



.na semana que vem, dia 24, o moma em new york vai inaugurar uma exposição do artista brasileiro carlito carvalhosa. nunca ouvi falar... ele vai apresentar uma instalação interativa chamada sum of the days:  um labirinto de tecido branco onde a gente se perde  e se esquece do mundo exterior. no teto da instalação um sistema de microfones  dipindurado  vai captar o som do ambiente. a gravação poderá ser ouvida no dia seguinte através de caixas de som no local. a cada dia um som diferente - do dia anterior -  será adicionado à gravação. assim todo dia o som vai ficando cada vez mais poluído e denso. o interessante é notar como o passar do tempo pode ser observado através do som e que nós também temos uma memória auditiva dos sons e barulhos do nosso cotidiano. roubei isso de um outro blog, claro. não vou dar a fonte. azar. leitor que caiu aqui de bobeira: se vc vai para ny até 14 de novembro, visite o moma. e depois me conte.

agosto 13, 2011

Sigmund Freud



“Quem é sensível à influência da arte
não tem palavras suficientes
para louvá-la como fonte de prazer
e consolo para a vida.”

DATA OFUSCADA

 Queria tanto escrever sobre o dia dos pais. 
Ah, essas datas de encomenda.
É difícil. Talvez conseguisse se fosse apenas Dia do Pai.
Daquele que troca as fraldas, faz chá de erva-doce e massageia a barriga do filho para que ele solte puns de alívio.
Do pai que limpa o joelho ralado e as lágrimas do filho sem dizer “isso não dói nada.”
Sim, queria realmente escrever sobre o dia dos pais. Mas não tem jeito.
É uma data de apelo muito comercial e vivo tempos desajustados.
Penso que gostaria de escrever mesmo sobre o Dia do Pai porque “pais” reúne os carrascos, os desajustados, os insensíveis, os perversos. 
E Pai, não.
 Pai ajuda montar álbum de figurinha, conserta as rodinhas do carrinho, compartilha do videogame, do jornal e das meias.
Pai bate ponto na pracinha todo domingo enquanto segura a bicicleta da filha e diz “olha pra frente, olha pra frente”.
Pai bota o filho na garupa do cavalo e sai troteando no macio para  que ele se fortaleça de confiança e coragem no futuro. Ou do skate ou da prancha de surf.
Pai leva o filho ao estádio e vibram juntos com o seu time. Pai comunga atenção com a filha e ouve as revelações do seu universo-barbie.

Este domingo traz uma data idiossincrática e o tema é espinhoso e sei que vou decepcionar quando lembro dos pais que não assumiram ou sumiram, covardemente.
Dos pais que renegaram os filhos quando casaram com outra.
Dos pais que sequer conheceram os próprios filhos.
Sem falar dos pais que abusam dos filhos e estes ainda precisam fazer cartão na escola.
E os pais que perderam seus filhos por desamor, para a decadência e os desequilíbrios do destino?

O segundo domingo de Agosto foi reservado para solidificar os vínculos afetivos  entre pais e filhos. Só que de 1911 a 2011  muita coisa mudou, principalmente a família. Será que os profes não se deram conta? E quem tem pai? – pergunta uma mãe admirada com minha reflexão. Celebrem  em casa.  
 Para escrever sobre o dia dos pais  busco inspiração observando  a saída dos colégios: bando de mães esperando a galera na calçada. Mas tem o Pai que busca o filho de bicicleta. Senta a menina na carona, põe a mochila nas costas e sai pedalando pela rua. Ele contraria a regra dos pais sem tempo para buscar o filho no término da aula. Aliás, tem aqueles pais que devorados por compromissos nunca buscaram o filho na escola, nunca pisaram no pátio do recreio e a professora não tem um rosto para eles. Mas esses pais continuam cada vez mais ricos e proporcionalmente mais miseráveis, sem reserva espiritual para transmitir ao filho.

Sim, também li a reportagem que 1,3 milhões de pais brasileiros moram sozinhos com os filhos – conforme dados do IBGE. São mãe e pai, amigos de balada e confidentes e freqüentam o mesmo terapeuta numa simbiose total: a tua paranóia é a minha paranóia.

Desculpe, não posso escrever sobre os pais privilegiados quando há tantos filhos sem o privilégio de contar com a presença do Pai. Mas a data está aí. É comemorada nas festinhas escolares, no churrasco de domingo, numa visita ao cemitério quando o filho chora pelo Pai, quando não mais triste, o contrário mais doído ainda.
Eu sabia que não conseguiria escrever sobre o dia dos pais. Juro que tentei.
Mas que fique o registro: a todo Pai amoroso que inspira o filho para descoberta de sua existência, nessa vida às vezes tão alegre vida, louvores.

Minha crônica: jornais A Hora, Opinião e site Região dos Vales

agosto 03, 2011

AINDA JOÃO CABRAL DE MELO NETO...

Photo by Mauro Vieira
O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite.
Meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio,
minha dor de cabeça,
meu medo da morte.

EM TEMPO DE TANGO


.o sol voltou, mas a alma continua úmida. hj reencontro de amigas dos idos em redor de um panelão de capeleti e de um garrafão de vinho.

AS PRIMEIRAS 24 HORAS DE UMA EX


palco semi escuro. sonoplastia: “coisas” subindo a escada. “porta” abre  com uma marca de luz. atriz entra empurrando um fogão. sai. silêncio. uma “luta” da atriz com um colchão do casal na “porta”. enfim, passa o colchão aos trambolhões. atriz sai. silêncio. atriz  volta e entra com 3 malas. sai. silêncio. volta novamente com um som 3 em 1 e uma cx de isopor. fecha a porta. cai de bruços por inteira no chão, desaba mesmo, chora, uiva, chora, soluça, geme, se arrasta até o colchão. abre uma garrafa de uísque de dentro do isopor. bebe e olha a platéia por um longo tempo. blackout. luz e som ao mesmo tempo no palco. atriz é acordada por um caminhar de sapatos de salto no “andar de cima”. em seguida ouve alguém dar uma “descarga” de banheiro.  alguém “tosse  no ap ao lado”. atriz  estática para a platéia, com olhar incrédulo. começam as primeiras 24 horas de uma mulher de 35-40 anos - com uma filha q só vai aparecer pela voz no telefone -   que passa a morar num edifício popular. na seqüência vai receber as visitas da sua mãe decepcionada com a separação, da melhor amiga q vai dar em cima do ex-marido e da faxineira bem casada e bem comida. por enquanto é isso. putz, preciso de 4 atrizes. saudades da Be, da Fany, da Cini, da Tuta... putz, tempo bão.

agosto 02, 2011

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome."

AFLITIVIDADE


.dia dos pais. de novo. e  de novo. e de novo.e a data tão velha perdeu a função de ser. orra, as pessoas não podem ser tão insensíveis. as escolas também não. mais da metade das crianças na sala  de x são separadas. e os pais sumiram. mas sumiram mesmo, ou nunca assumiram.então vem essa orra dessa data lembrar as crianças q elas não tem pai. uma data comercial, puramente comercial.uma data insensível. e ainda tem aqueles pais de certidão que nem sabem a data do aniversário dos filhos. nojo dessas relações que se usam do afetivo para promover o comércio.pai que é pai cobre seus rebentos nas noites geladas. ouve e troca confidência. dão  risadas juntos. seguram a barra quando essa pesa. a família tradicional mudou há tanto tempo. é perverso comemorar o dia dos pais na escola. deixem que as famílias com, comemorem. e que o comercio explore. melhor, os explore. orra, esse tempo de chuva e frio tá me endurecendo também.

DO BLOG DO FRAGA

“Toda separação é difícil, eu sei... E com esta morena de formas generosas não seria diferente.
Esta pintura de 50x50 centímetros em acrílico e pigmento sobre madeira vai para a casa do meu amigo Paulo e sua esposa.
O nome do quadro foi inspirado em uma canção do disco Delibab 
do Vitor Ramil que musicou o belo poema de João da Cunha Vargas.”

"E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china
Sempre gostei da morena
É a minha cor predileta..."


DO MEU BLOQUINHO...


.ela me disse que o dinheiro transforma as pessoas. “olha sicrana, olha como ela mudou. ta bodosa.” fazia tanto tempo q eu ñ ouvia esse termo. puxamos um fio de gente bodosa que o dinheiro transformou. gente que veio do interior, do piray, do cantão. prevaricaram, roubaram, exploraram e encheram os bolsos de dinheiro. gente que pisou em cima dos outros para subir na vida. e que hoje humilha os subordinados, o pessoal ao redor, até a família. minha vó dizia q era gente da rua debaixo. meu pai dizia q eram gente sem berço. eu não acho nada disso, pq conheço pessoas maravilhosas da rua de baixo e sem berço dourado. isso é ranço da época da ditadura. preconceito, caraiu. acabo de falar com minha amiga via telefone, não emessene, não feicibuki, não via emelho. ela disse q ta cheia dessa vidinha careta, moralista, politicamente correta. eu tb acho q o mundo ta  um  cu de chatice moro no beco da bosta por isso ganhei essa placa do leo e acho tb  q a amy fez bem em se terminar. agora tem a vera fischer. sim, os fihos sofrem, fazem pressão. tudo por culpa dos pais. sempre a culpa é dos pais. ciladas da vida.