setembro 25, 2011

FREUD

“A substituição do poder do indivíduo
pelo poder da comunidade
é o passo cultural decisivo.”

JULIETA VENEGAS E MARISA MONTE


TêTê à TêTe...


- Sabe, Isabel, to achando um tédio esse domingo...
- Nem me fala, Antonia...
- Pra onde a gente olha tem uma peste tirando foto.
- É, eu nem olho mais.
- Olha esse aí...
- Vamos se mandar.
- Será?
- Pega teu bibi e uma fralda...
- E tu?
- Eu levo as dedê.
- Agora?
- Já!

setembro 12, 2011

GASTON BACHELARD

Photo by Cláudio Versiani

“A água tem um corpo, uma alma, uma voz.
Mais que nenhum elemento talvez,
a água é uma realidade poética completa.
 (...)
E delas faz parte um componente: o frescor.
Um frescor relacionado à inocência,
um frescor que corresponde a força do despertar.”

DO LÁPIS AO TECLADO

Li sobre o fim da era escrita à mão nas escolas.
Sim, o fim da caligrafia.
Mais uma geração e escrever com a caneta de próprio punho já era! Nem nas minhas enlouquecidas divagações poderia imaginar isso. Bom, o caderno de caligrafia sumiu mesmo e escrever à mão é opcional nas escolas americanas.
Agora é tudo via computador. Inclusive a alfabetização.
Não quero imaginar o que pode acontecer... Cruzcredo, para a extinção dos jornais e livros um pulo.
Lembra? Primeiro terminaram com o caderninho de fiado nas vendas. Pois, mais uns tempos e terminam com as bibliotecas. E com as  bibliotecárias. Para que estes anacronismos se todo mundo é interligado por fios invisíveis da internet?
Pensando melhor, será que também vão terminar com as feiras de livro? Com as fabricas de bic? Dos lápis coloridos da Fabel Castell? Fabricas de cadernos, de bloquinhos, de agendas? Desemprego na indústria escolar. Os profes que se cuidem.
Tudo, tudinho em extinção dizem os entendidos futurólogos. Bom, os quadros-negros-verdes já estavam sumindo mesmo. Mas, sinceramente, não consigo  acreditar nessas previsões. E espero estar bem velhinha para achar que caducos são os outros. Ou então morta.
*


Na última feira literária que visitei descobri um livro que curti muito. É do italiano Umberto Eco, aquele  do “O Nome da Rosa” e  que rendeu um filme maravilhoso de mesmo nome. Pois o título de agora é muito interessante: “Não contem com o fim do livro”. Um diálogo entre o escritor Eco e um jornalista, Jean-Claude Carrière, com doses de muito bom-humor e conhecimento de causa, sem pedantismo intelectual, essas idiotices que muita gente adora espirrar em público.
Ou seja, o livro  tal como conhecemos – papel pólen, letra impressa, com cheiro, capa dura ou mole, com orelha ou não -  tão cedo não terminam com ele.  E dei risada e figa para todos aqueles que profetizam o contrario.  E-books uma ova! Se um louco criar um vírus para acabar com o sistema elétrico de uma cidade, caem as tomadas e voltamos para o lampião, o toco de vela, daí, presumo, teremos a volta do romantismo, as conversas ao pé do ouvido, o silêncio maravilhoso do mundo, intimidades vividas em tempos de antanho. Quem mesmo falou na extinção da caligrafia?

*
Umberto Eco escreve uma coisa que parece impossível de acontecer:
o fim da internet. Ahã. No futuroooooooooo.
Ele disse que  houve um tempo em que o futuro seriam os dirigíveis. Mas o famoso Hindenburg pegou fogo e 36 pessoas morreram carbonizadas.
Recentemente, ano 2000, o Concorde supersônico atravessava o Oceano Atlântico em apenas  três horas. Em 2003 já não existia mais.
Os CD-RoMs não mataram os disquetes? E os DVDs já não estão com os dias contados? E não se passaram nem vinte anos.
Os homens inventaram a escrita como o prolongamento da mão, ou seja,  criaram um meio de comunicação imediatamente ligado ao corpo. É uma prática biológica e não tecnológica como as invenções do radio, cinema ou internet.
Resumindo: como a televisão não matou o cinema, a internet não vai matar o livro e é melhor todo mundo aprender a escrever à mão do que se botar a  teclar na frente de um visor. Vai que dá um blecaute eterno e a criatura se veja analfabeta de vez.
Bem possível sim.

 Minha crônica nos jornais A Hora, Opinião e site Região dos Vales

setembro 06, 2011

NINA SIMONE




FOLHAS CAÍDAS
IV
Aquela Noite

Era a noite da loucura,
Da sedução, do prazer,
Que em sua mantilha escura
Costuma tanta ventura,
Tantas glórias esconder.
(...) 
E fui: e a noite era bela,
Mas não vi a minha estrela
Que eu sempre via no céu:
Cobriu-a de espesso véu
Alguma nuvem a ela,
Ou era que já vendado
Me levava o negro fado
Onde a vida me perdeu?
(...)

Toda a memória perdi
Das palavras proferidas...
Não eram destas sabidas,
Nem quais eram não no sei ...
Sei que a vida era outra em mim,
Que era outro ser o meu ser,
Que uma alma nova me achei
Que eu bem sabia não ter.
E daí? - Daí, a história
Não deixou outra memória
Dessa noite de loucura,
De sedução, de prazer...
Que os segredos da ventura
Não são para se dizer.
Almeida Garret
1799 —1854

E DAVID LYNCH ESCOLHEU PARIS PARA O SILENCIO

.os nova-iorquinos estão se roendo de ciúmes. o diretor david lynch escolheu paris para abrir seu próprio clubinho: o silencio, que parece ter saído diretamente do filme mulholland drive. aberto de terça a domingo. no coração parisiense: 142, rue de montmartre, uma fachada de entrada discreta, privada. mas, dentro, mr. lynch se esmerou no decor requintado: restaurante,  fumódromo, e atrás da pista de dança, escondido por cortinas, um pequeno palco para shows.  além disso, uma sala de cinema com ultra confortáveis ​​24 lugares. mais? uma pequena  biblioteca de arte íntima. para poucos, né? e tem gente que acha o Sprit aqui na minha colônia, o máximo. chinelona eu, nem com milhagens. se vc q espia aqui fizer aquela viagenzinha básica, via-lisboa, quem sabe passa por lá? depois me conta.

.freud escuta: quase surtei hj no super do centro.ñ, acho q surtei mesmo.fila. eu submissa. fila naqueles caixas rápidos. são três caixas. a medida q um vai liberando, a fila segue. uma mãe loira com sua filha de prováveis 18 anos e tb loira atravessa a fila e corta a vez de um senhor de idade q ñ tinha visto a caixa liberada. meu sangue ferveu, mas segurei a onda. a filha achou q a coisa ñ tava correta e chamou o senhor. constrangido ele não ousou passar a sua vez. as loiras tinham cara de barraqueiras. minutos depois, a fila crescendo, surgiu a loira-gerente e mandou q eu fosse para a ponta do caixa. eu disse q não, q esperaria uma delas liberar. todas estavam atendendo. ela me olhou e percebeu meu olhar assassino. se mandou. a caixa-loira me olhou com seu ar superior de caixa de supermercado. eu encarei. ela olhou mais umas duas vezes. o caixa em frente dela liberou e passei. a caixa-loira olhou mais uma vez com arrogância, deboche, sei lá. ñ era meu dia de decifrar olhares. foi seu erro. ta  encarando? em bom som, eu. respondeu a caixa-loira: não posso olhar? pronto. foi a deixa. ta me achando bonita? - perguntei - ou ta achando o que? ela resmungou algo e virou o rosto para a registradora. a "minha" caixa gaguejou algo. cartão, sim. a menina da ponta, de cor negra, lascou um tudo bem? eu sorri para ela e disse: tudo ótimo e com você? tudo. peguei minhas águas de côco e saí. freud, tb tenho preconceito, sim. com loiras. eu tento me policiar. por favor, não diga nada. sei q preciso pintar meu cabelo de chocolate cor 0.8.

setembro 05, 2011

PARÁBOLA SUFI

muro de Berlim

"Se a palavra que vais dizer
não é mais bela
que o silêncio
não a digas"

BHA... SAUDADES DO VERÃO


...tô cheia desse tempo de merda. tô com saudades da praia, da energia do mar, da ceva gelada e pastelzinho do bar do zado, do olhar caindo lááááá atras da linha do horizonte, do cheiro da maresia, do sol de inverno da ferrugem. meu filho foi ameaçado pelo filho daquele filhodaputa que aterrou por aí. quando alguém diz "cuidado..." significa o quê? faca, atropelamento ou apenas puxar o tapete junto as autoridades amigas? sinto tanto asco dessa gente que se diz gente e fode com o resto enchendo os bolsos às custas das safadezas governamentais e políticas. todos tem seus interesses lógicos e agora tão "perfumando " a pracinha aqui na rua. vem aí um baita edifício com dezenas de apartamentos q precisam vender às custas da "qualidade de vida" do bairro. vão tomar no cu. bha, q nojo. muitas saudades da próxima estação.