setembro 28, 2018

ELIO GASPARI

“A tortura é filha do poder, 
não da malvadeza.”



AULA DE HISTÓRIA

(Em algum lugar de Lajeado/RS)


“O golpe militar tinha sido vitorioso. 

No dia 1º de abril de 1964 o jornal Última Hora, onde eu trabalhava, foi fechado no início da noite por uma tropa de choque da Força Pública de São Paulo, hoje Polícia Militar.

 Não me lembro se prenderam alguém. Também não houve violência, os soldados entraram e foram aconselhando as pessoas a se retirarem.

Em frente ao jornal, no Anhangabaú, havia ostentação de força com jipes e brucutus – lançavam jatos de areia ou de água gelada sobre os manifestantes, e gente fortemente armada, como se fossem para a guerra.

(Em algum lugar de Lajeado/RS)

Dos nossos, uns foram para casa, outros para os cinemas, alguns se esconderam, muitos ficaram de sobreaviso. 

O Última Hora sempre estivera ao lado de Jango Goulart, o presidente deposto, e éramos visados. Duas semanas depois o jornal foi reaberto.

Muita gente ausente. Uns presos, outros exilados (como o fundador e diretor Samuel Wainer), outros permaneciam escondidos em algum ponto.
(Em algum lugar de Lajeado/RS)

Nessa reabertura estávamos atônitos, tinha havido um golpe, mas não parecia ter havido nada, a cidade continuava a funcionar normalmente, um presidente nem parecia ter sido deposto, um regime mudado a força.” Ignácio de Loyolla Brandão, 1988.

TêTE A ...


... enquanto isso, na porta da escola, esperando para buscarem os filhos, a mãe-advogada falou para a dona de casa-mãe:

- O Bolsonaro fez uma coisa muito positiva...

- Tipo?

- Abriu a porta para todos se expressarem livremente e se mostrem como realmente são. Não é ótimo?

- ...............!

- Todos puderam tirar as máscaras e revelarem seus preconceitos raciais, contra os gays, contra as mulheres, à favor do armamento, do estupro... E de quebra encontraram um idiota que pensa como eles.

- Não precisam mais ficar por aí posando de caridosos só pra fazer de conta que realmente se preocupam com os outros.

- #=*&bgrr%tnku.

setembro 27, 2018

MILAN KUNDERA


“Para liquidar os povos
começa-se por lhes tirar a memória.
destroem-se seus livros,
sua memória
sua cultura,
sua história.
e uma outra pessoa lhes escreve outros livros,
lhes dá outra cultura
e lhes inventa uma outra história.”

“O Livro do Riso e do Esquecimento”

CRÍA CUERVOS ... UN PUEBLO SIN CULTURA!

setembro 25, 2018

FLAVIO TAVARES


“Os desvarios e desequilíbrios
atraem os desequilibrados
e neles se multiplicam.”

"NAS CINZAS DA FACADA"


  “A tosca brutalidade deste setembro foge às interpretações normais e se transforma em paradoxo de si mesmo. As contradições esbarram umas nas outras, disputando espaço.


  Primeiro, o fogo que destruiu o Museu Nacional, no Rio, consumiu em poucos minutos o que fora acumulado em séculos, num retrato do incêndio geral que hoje perpassa o Brasil como tragédia. Depois, o candidato presidencial que propõe liberar o uso de armas e caça votos a partir da violência verbal foi esfaqueado em plena rua.


  O  crime jamais foi instrumento da política e, assim, a tentativa de assassinato em Juiz de Fora é repugnante em si. O fato de o criminoso ser um aparente desequilibrado não diminui a aberração. A insanidade atenua o tipo e o rigor da pena, ou exclui o caráter político da ação, mas não altera a sordidez do atentado.



HALS
   

No entanto, Jair Bolsonaro foi também vítima da própria ideia de violência constante, suporte de sua candidatura, que ele mesmo apregoou de norte a sul. Sua linguagem teve invariável tom destrutivo, como se ocultasse ódio interior. A insistência em armar a população para enfrentar a violência significaria abolir o próprio Estado, destruindo a polícia e a Justiça e, assim, criando o caos absoluto.

   Cada proposta soava como chamamento a substituir o diálogo pela ferocidade da imposição de ideias, como nas ditaduras. Noutras ocasiões exibiu destemperado machismo – numa palestra no Rio contou ter quatro filhos homens e acrescentou: “No quinto, fraquejei e veio mulher”.
FRANK

  Por tudo isso tornou-se réu no Supremo Tribunal por “apologia do crime”, por “incitar ao estupro” e por “racismo e injúria”. O próprio ministro Marco Aurélio Mello, relator dos processos, já indagou, publicamente, se “réu pode ser candidato”. Não pôs em dúvida o aspecto legal (aplicável aos condenados em segunda instância, como Lula da Silva), mas, sim, a legitimidade moral de um réu se candidatar a chefe de Estado e de governo.


CAU GOMEZ

Para parecer diferente dos políticos Bolsonaro evitou aliados, ainda que desde 1989 ele próprio viva dessa mesma política degradada. Foi vereador e quatro vezes deputado federal, passando por nove partidos.

   Os desvarios e desequilíbrios atraem os desequilibrados e neles se multiplicam. A partir daí podem redundar em adesão fanática ou em inimizade gratuita, igualmente fanatizada. Em ambos os casos tudo é cego, como todo fanatismo. Ao ser preso, interrogado sobre quem o mandou esfaquear, o criminoso respondeu: “Foi Deus, lá de cima!”.

  Invocar o nome de Deus em vão, como artimanha tática, foi usual também na campanha de Bolsonaro. Dias antes do atentado, os cartazes que o receberam em Presidente Prudente e noutras cidades proclamavam: “Deus acima de todos”. Mesmo assim, ele defendeu o uso de armas e se fotografou ao lado de crianças, esticando o braço como se as ensinasse a disparar um fuzil.

    Que odioso deus o saudava? O amor é a única arma de Deus. Não há amor irado e a ira jamais serviu a nada, menos ainda ao ato de governar.


   
SANTIAGO
Esses pequenos “incêndios” na campanha eleitoral lembram a Alemanha de 1930 e o caos que, três anos depois, levou Hitler ao poder. Eram tempos de frustração e desesperança. Derrotados na guerra de 1914-18 e desabituados à democracia, os alemães desconheciam o debate de ideias e o diálogo político.

O partido nazista formou, então, “grupos armados” para “reerguer o orgulho da Alemanha”. Em 1933, pregando a violência, Hitler chegou ao poder pelo voto. Não buscava unir o país no diálogo para solucionar problemas. Ambicionava o poder para impor a violência.


AROEIRA

  
O mais minucioso biógrafo de Hitler, o alemão Joachim Fest, lembra que a aceitação das absurdas ideias nazistas só ocorreu porque a Alemanha “era um país profundamente exasperado” e “sem rumo”.

   O Brasil de 2018 é, também, um país exasperado e sem rumo. A corrupção gerada no conluio entre governantes e grandes empresários desacreditou a política e reduziu os políticos a cinza inservível.

  A tática de Hitler -- lembra seu biógrafo -- “consistia em concentrar as energias para fugir do anonimato e destacar-se de qualquer forma dos concorrentes”. Assim, acrescenta, “tornou-se famoso pelo cinismo alucinante que foi sua característica”.


   KAYSER

É a tática do “falem mal, mas falem de mim”, com que, aqui, Jair Bolsonaro saiu do anonimato e virou candidato. Foi assim que dias antes do atentado, reunido com ruralistas em Rondônia, prometeu reduzir as áreas de preservação ambiental e criticou a visão unânime da ciência sobre o perigo do desmatamento da Amazônia.

  Hitler foi “uma mistura de excentricidades e gafes”, definiu seu principal biógrafo. Transpondo a 2018, basta estar atento para observar algo similar entre nós. Já lembrei aqui que Lula e Bolsonaro são iguais no tom místico e autoritário, na habilidade de nunca revelar o que são ao esconder-se mais ou ocultar-se menos.

Condenado e preso, Lula já não é candidato, mas segue em campanha como escudeiro de Fernando Haddad. Em árabe, Haddad significa “ferreiro”, mas ele quase nada forjou como ministro da Educação, além de entregar o ensino superior a grupos que comercializam ações na Bolsa de Valores. Não foi, também, violência?

  O atentado de Juiz de Fora é alerta e advertência. A oca campanha eleitoral não pode ser substituída pela violência. Nem sequer em pequenos gestos, como o da foto de Bolsonaro no hospital levantando os dedos para simular um revólver.
GILMAR MACHADO

  Seria absurdo culpar a vítima pelo crime, mas no horror atual não há espaço para nenhum mártir. Não há nenhum Gandhi. Tudo é alucinação e, entre as cinzas da facada, só resta o velho adágio: violência gera violência."

* FLAVIO TAVARES  é jornalista e escritor, professor da Universidade de Brasília, Prêmio Jabuti de Literatura em 2000 e 2005, Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte em 2004.






EDUARDO BAPTISTÃO

AS MULHERES DO ALUÁ


“Mulheres de diferentes épocas que foram condenadas, num período em que o pensamento-homem é que determinava a condição de cada uma delas.
Com histórias marcadas pelas violências e pelas dificuldades enfrentadas em um ambiente hostil e opressor do passado na Amazônia.
Uma investigação cênica que coloca em foco a relação de gênero e o universo feminino. 
Quem são essas mulheres?

Dia 2 de outubro, às  20h no Teatro do Sesc Lajeado, com o grupo Teatro do Imaginário, de Rondônia, pelo  excelente Palco Giratório.

MUSEU NACIONAL




NEWTON FABRÍCIO *







Leio, releio... Quase 80% das pessoas que conheço, fumam. E os outros 20%? Cheiram pó. Todos defendem a liberação. Enquanto ela não vem, centenas de Alices morrem na guerra do tráfico. Enquanto a liberação não vem todos eles apoiam a morte de centenas de Alice para sustentar os seus vícios. Conheço várias pessoas esquizofrênicas. O gatilho? Maconha.


setembro 24, 2018

VIVIANE MOSÉ

“A solidão é o lugar
em que você pode ser você mesmo.” 

TEMPOS MASCARADOS


Fomos a Lisboa. O ponto alto da viagem: a 88ª Feira do Livro. Centenas de estandes, de livrarias, distribuidoras, praças de alimentação. Quase pirei! Visitei a feira em três momentos. A cada dia uma descoberta. Na volta, paguei excesso por conta dos livros que comprei, na maior animação.

Então... Um daqueles  momentos, de longe, vi uma fila quilométrica. Todos com livro na mão, pacientes e "iluminados" - aguardando a sessão de autógrafos...


Cheguei perto e vi o "escritor"
E vi as expressões das caras dos seus leitores...
Eu sabia quem era, vagamente.
Só não sabia que o cara estava 
com essa bola toda...
"Acusações de abuso, patrimônio milionário e mentiras em série maculam a imagem  do guru do amor." Sai o Prem Baba, entra Janderson Fernandes de Oliveira, com milhares de seguidores, entre eles vários artistas globais, e mulheres por ele abusadas.

Desconfie sempre do seu guru... Ninguém é iluminado nos dias mascarados de hoje. A reportagem da revista Época é arrasadora.

TEMPOS ALIENADOS


TEMPO DE TREVAS


Tenho minhas dúvidas, 
se ainda há tempo...

Sim, isso é surpreendente...

TEMPOS DOURADOS


setembro 10, 2018

CHARLES BUKOWSKI

"A raça humana exagera em tudo:
seus heróis,
seus inimigos ,
sua importância."

ARTE NA PRAÇA


Como já disse a atriz Meryl Streep: “Minhas ações são o que me representam como ser humano, não minhas palavras.”... É compreensível? Mais um Arte na Praça aconteceu ontem. Sempre no segundo domingo do mês! Dia bonito, calor humano, atitudes generosas, uma trilha sonora linda, poesia entre as arvores. E quando o pianista Vicente Breyer tocou Milto Nascimento, por um momento,pensei que estava  no Buttes Chaumon...

FLAVIO TAVARES




CONSIDERAÇÕES


A jornalista Sylvia Moretzsohn, escreveu:

"Bom, pessoal, para todos os que automaticamente ironizam quaisquer dúvidas em relação às versões oficiais como teoria da conspiração eu gostaria de dizer em primeiro lugar que conspirações existem e fazem parte da história da política, desde os mais remotos tempos. E que a nossa história, inclusive a nossa história recente, está cheia delas.

Em segundo lugar eu gostaria de dizer que qualquer crime que ganhe expressão midiática leva o delegado a dizer que "todas as hipóteses estão sendo consideradas".
Entretanto, pelo visto, isto só vale para crimes banais, não para atentados como o que vimos discutindo.

Queria apenas lembrar que a pessoa em questão foi expulsa do Exército justamente por liderar uma conspiração.

 E que atua nesta campanha apelando aos recursos mais abjetos do esgoto da política.
Mesmo os analistas mais qualificados, que alertam para o momento de exceção que vivemos, para o caráter nada democrático dessa eleição (nem poderia ser, considerando o contexto do golpe) em que o líder nas pesquisas é excluído da disputa, mesmo esses ironizam as dúvidas sobre o tal atentado como "teoria conspiratória". 

Pois eu mantenho as minhas dúvidas, e só não avanço em outras considerações porque preciso me preservar. Emocionalmente, quero dizer, antes que pensem outra coisa.

Apenas digo que não é por acaso que estamos onde estamos, quando aceitamos sem questionar as versões oficiais sobre um atentado que serve tão evidentemente à vítima.

E, sim, haveria muito a investigar, caso tivéssemos imprensa (aquela imprensa de outros tempos, que desmontou a versão oficial sobre o Riocentro, por exemplo, no dia seguinte do atentado frustrado) e uma esquerda que tivesse consciência dessa necessidade."

DO MEU BLOQUINHO


“Vamos fuzilar a petralhada, diz Bolsonaro, em campanha no Acre. Enquanto discursava em um carro de som, o candidato do PSL imitou um fuzilamento e disse querer "botar estes picaretas pra comer capim na Venezuela". O STF ordene a Procuradoria-Geral da República (PGR) a abrir procedimento investigatório sobre o caso.– Revista Exame, para quem confia  em fontes confiáveis.
Na minha postagem no feissibuqui impressiona a falta de leitura dos “amigos”.
 A constatação com o ferro serás ferido, ou o que bate, volta – foi visto como  um incentivo à violência. É de uma ignorância sem tamanho as observações de alguns. Aí dá pra entender claramente o que é um analfabeto funcional.
Foi uma semana  triste.  O incêndio que consumiu o Museu Nacional me deixou arrasada. Chorei vendo as imagens na tevê. A pesquisa de anos, cremada em apenas seis horas.  Aí vem essa estupidez da facada. Um desânimo total... Setembro amarelo? É de cortar os pulsos, mesmo.

CRIATIVIDADE ZERO


O slogan petista “O Povo Feliz de Novo” -  caiu como uma luva para o Partido Novo. O que pensar? Ê, ô, ô, vida de gado...