agosto 26, 2020

JOSÉ SIMÃO

 photo by Luiz Bhering

“E o Guedes quer  taxar o livro 

porque os minions só leem zapzap!

Pior, pelo imposto do livro 

o que mais vai subir de preço é a Bíblia.

Ele vai ser linchado! 

Rarará!”

STAPLER - A 2ª MAIS ANTIGA DO RS

A primeira agencia de propaganda no Rio Grande do Sul se chamava S.T.A.R, fundada por Arthur do Canto Jr., em Porto Alegre, em 1932. João Stapler foi seu primeiro coordenador de serviços gerais.

Em 1936, Stapler sai da agência para fundar a sua que é considerada a segunda agência mais antiga no Rio Grande do Sul:  Propaganda Stapler.

Esse indicativo deve ser de 1936 ou 1937, conforme anúncios no seu interior, porque a capa deteriorada, impede a precisão.

Nas paginas internas, publicidades de casas comerciais e industriais de Lajeado, classificados de autônomos de Estrela e Arroio do Meio, além de "relação de hotéis e restaurantes recomendados" em Porto Alegre.





MÃE & FILHA LEAL


 Photo: Guilherme Burgos/Divulgação

 

Ângela: O cara não é burro, o cara é muito inteligente.

Leandra: Quem?

Ângela: Eu não vou falar o nome.

Leandra: Eu não acho ele inteligente.

Ângela: Não acha?! Ele fez 50 milhões caírem no papo dele, cara! Dizendo que era a favor de tortura, elevando o nome do [coronel Brilhante] Ustra.

Leandra: Eu acho que é um surto coletivo de 50 milhões de pessoas [risos].

Mônica Bergamo/Folha São Paulo

agosto 16, 2020

DOM PEDRO CASALDÁLIGA

 Foto de Luiz Bhering


“O ouro do Milho

e não o dos Templos,

o sangue da Cana

e não dos Engenhos,

o pranto do Vinho

no sangue dos Negros,

o Pão da Partilha

dos Pobres Libertos.”


ENGOLE ESSE CHORO

 


De novo a literatura para revirar muitas e muitas perguntas, sem alcançar respostas... Perguntas que parecem  bloqueadas no limbo do passado.

Há muito tempo venho gestando o livro “Engole esse choro”, classificado por quem leu como gênero literário novela. 

Narro uma história ambientada em uma cidade do interior durante o ano de 1974. Traz embutidas cartas e bilhetes, e depoimentos que ganharam um pouco de leveza ficcional. 

Dizem que a literatura é uma estrada que a gente percorre atrás de autoconhecimento, que escrever é

uma catarse. Não ouso duvidar...

... os diferentes personagens, uns mais implicantes que outros questionam a narradora:

 “O professor de Moral e Cívica também não sabia explicar, mas a grota em questão

era sua cidade e agora, na altura, Lacônia do Sul parecia um bom lugar para se viver

quando se contam 12 anos. Será que existe uma Lacônia do Norte? Do Leste? Por que

não apenas Lacônia? Lacônia Alta. Lacônia Baixa. Deve existir uma Lacônia civilizada

em cada estado do Brasil, pensou. Será que um dia vou embora de Lacônia?”

 

Gosto daquela frase da escritora americana Maya Angelou sobre empatia, no seu ótimo livro “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”: "Nós somos mais parecidos do que somos diferentes."

Sei que Angelou  se refere ao matiz da pele. Mas, posso deslocar para as questões sociais e a indiferença dos meus personagens laconienses em relação ao mundo ao redor, naquele ano tão absurdo. 


A narrativa não aponta o dedo. Mostra como eram as relações familiares, as fraternas, a vizinhança e o diz-que-diz político. 

“Na verdade”, como próprio filósofo Sófocles escreveu, “cada um é um pouco culpado.” - na sua ignorância sintética de levar a vida.

“Engole esse choro” percebe várias representações sociais e foi incentivado por um leitor que disse “publica, tá caindo de maduro”, por acaso, o que escreveu o breve prefacio do livro.

A gente passa a vida engolindo coisas até o dia em que vomita um ranço, um resto de memória que me resta. Lembrando que, para Valter Hugo Mãe, um escritor sem a coragem de se publicar é um não-escritor.  E será que sou mesma?

Meu  livro chega pela Libélula Editorial, de Meire Brod e traz capa com fotografia de Sebaldo Hammes, criada por LP Prisco, que também criou os teasers (provocações) publicitários - prestigiar a nossa casa me enche de orgulho.

Os livros podem ser adquiridos na Cometa Livraria e Papelaria, em Lajeado/RS.

SETE PALMOS E RESSURREIÇÃO




Morreu Dom Pedro Casaldáliga, o poeta, o ecologista, o antropólogo, o bispo de certidão espanhola,  “radicado brasileiro”. 

Morreu Dom Pedro Casaldáliga, o Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e pela Universidade Federal de Mato Grosso – o primeiro a receber tal distinção naquela universidade.

Uma vida de 52 anos  dedicada aos menos favorecidos em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso: os indígenas, as mulheres, os pobres – e contra os coronéis latifundiários. 

Dom Pedro fez parte do grupo de bispos que criou o Conselho Indigenista Missionário, em 1972 e a Pastoral da Terra, em 1976 .

Dom Pedro não utilizava os tradicionais trajes eclesiásticos, mas um chapéu de palha no lugar da mitra,  um cajado indígena, e um anel de tucum em vez de um anel de ouro.  

Seu lema: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia.

 



Renunciou ao seu cargo de bispo em 2005. Sofria de Parkinson.

Foi ele quem disse que “o governo de Lula gosta  mais dos ricos do que dos pobres”.

Com isso, amargou o abandono ideológico: “ PT, PCdoB e do PSOL; dos grandes líderes nacionais da esquerda, do comando do MST, dos artistas famosos que sempre o citam enquanto referência, da cúpula sindical, TODOS, sem exceção, o abandonaram.”

Sua vida e as causas pelas quais lutou até o dia da sua morte no dia 8 de agosto desse ano, pode ser conhecida no livro da jornalista Ana Helena Tavares e do monge beneditino  Marcelo Barros: "Um Bispo Contra Todas as Cercas – A vida e as causas de Pedro Casaldáliga", lançado no ano passado.

Para descansar

eu quero só

esta cruz de pau

como chuva e sol,

este sete palmos

e a Ressurreição!

Mas para viver,

terra e liberdade

eu preciso ter.

Dom Pedro Casaldáliga


Em São Félix do Araguaia, uma avenida reverencia esse aquariano, nascido em 16 de fevereiro de 1928.  Dom Pedro Casaldáliga foi enterrado dia 12 de agosto de 2020 no Cemitério Karajá, sob a sombra de um pequizeiro à beira do Rio Araguaia.