julho 29, 2011

PAUL VALÉRY


“o que vejo
o que penso-
disputam entre si
o que sou.”

TALVEZ, UM DIA, UM CURTA


A câmera atravessa um corredor sombrio, num prédio. Vaza luz por baixo das portas dos apartamentos, vozes, sons de radio, choro de criança, discussão, silêncio qdo a câmera para em frente a porta do ap 206. Foca na soleira da porta, é a  que menos luz vaza. Foca o trinco, barulho de chave. Foca na porta embaixo que se abre e mostra os pés de um homem vestindo um calçado gasto, velho, meias arriadas sem elástico, aparece um pouco da canela fina pq a barra das calças é curta. Ouve-se a porta fechar, barulho da chave. Segundos de hesitação, os pés se movem a câmera segue os passos, sempre com foco nos pés. Os sons dos outros ap vão desaparecendo. Os pés param em frente do elevador, foco no elevador. Hesitam e o homem opta pelas escadas, afinal é só um lance de escada. O homem abre a porta da frente do prédio. Qdo a câmera vai subindo para mostrar o homem, a porta da frente do prédio, que é de vidro, abre e  a luz “cega” a câmera. Vê-se o movimento da rua, mas não o homem. O homem fecha a porta. Foco na silhueta do homem, mas pelo lado de dentro do prédio. “A câmera se desespera” pq fica trancada dentro do hall do prédio. Ela perde o seu homem. A câmera se assume como um personagem. O desespero da câmera ( o foco)  até q alguém abre a porta, outro morador entra e se depara surpresa com a câmera, q pode sair, finalmente.Na calçada a câmera foca para um lado. Movimento da Julio. Foca para outro em direção a Casa de Cultura. O homem segue longe, quase não identificável, entre outras pessoas. A câmera “corre”. Tropeça. Blackout. Sobe o crédito que dá nome ao filme: SEBALDO

A câmera entra na igreja  “procurando” Sebaldo, entre os bancos. A câmera é intrometida, aproxima, mostra o q as pessoas estão lendo, cantando, o padre, o altar, o grupo q coordena as cantorias no lado esquerdo. Foca nas 8 pessoas q cantam no coro, vai se aproximando, câmera tropeça, blackout, sobe o crédito: O FOTÓGRAFO

O FOTÓGRAFO - PARTE DOIS

Voltei a reencontrar Sebaldo. Esperei a missa na Matriz terminar. Perto do confessionário, na saída lateral, chamei:
- Sebaldo!

Ele logo me reconheceu e sorriu erguendo as sobrancelhas:
- A minha amiga...
- Quanto tempo, né?
- Sim, desde 2009...

Pedi desculpas e já me impressionou sua memória. Mais tarde precisei conferir no meu blog a data da primeira entrevista: http://guardachuvadelaura.blogspot.com/2009/07/o-fotografo.html  

Convidei-o para um café na minha casa e ele logo aceitou. Nunca me pareceu tão frágil, tão solitário, pressentem meus espíritos apesar da manhã ensolarada e fria.
E com ele dentro de minha casa pensei o quanto aquilo parecia inusitado para um domingo. 
Fiz um café e servi. Ele espiou o quintal, gostou e veio para a mesa.
Enquanto se servia, ouvíamos nossas próprias dúvidas silenciosas.
Sebaldo sequer perguntou para quê e tampouco se importou com o registro das fotos que eu tirava. Era tudo muito óbvio: ele completa 83 anos em setembro, um dia todos nós morreremos, mas fica a história. Simples assim. Lamentei novamente a falta de uma filmadora.

Sebaldo parece bem de saúde, de memória nem se fala! Apenas um pouco atrapalhado. Como sempre foi.  Procurava a colherzinha do café, que se escondia dentro do vidro de depois que ele mesmo se serviu. Rimos e ele contou um caso de infância que mostrava o quanto era distraído desde pequeno. Fui solidária: e eu que vivo distraída procurando meus óculos? E eles escondidos em cima da cabeça...

- Como é que você chegou em Lajeado, Sebaldo?
- Fui teólogo, não sou padre, você sabe. Já contei. Sou acólito, das antigas Ordens Menores. Posso realizar missas secas para coroinhas. Posso abrir a porta da Igreja, abençoar as frutas, exorcizar demônio, sabe o que é?
- Sei.

- No Seminário de Muzambinho em Minas estudei muito. Lá aprendi latim e grego. Latim estudava quase umas seis horas por ia. Entendo melhor o latim do que a minha própria língua. Sou muito especulativo, sou um pesquisador. Leio muito, mas não essas coisas que não valem nada.
- Lê que tipo de livro?
- A Bíblia é a minha leitura básica.

Sebaldo procura por um garfo na mesa. Quando levanto para buscar um, diz:

- Deixa, não precisa. Comer com as mãos é mais íntimo daquilo que vai tornar mais íntimo ainda.

 Maravilha... A comida íntima das entranhas. Sim, tudo vira merda.

- E depois os dedos são garfos naturais – e sorriu da própria espiritualidade.
- Sim, Jesus não cortou o pão, ele partiu em pedaço.

Essa intervenção do meu “assistente” o surpreendeu e ele gostou.

- É verdade!
- E Muzambinho?
- Nós éramos 12 gaúchos e eu o mais velho. Já tinha uns 31 anos.

Pedi para ele lembrar bem essa questão de datas. Sabe lá se um dia o prof. Schierholt não queira o Sebaldo como verbete.

- Você conta: fui para o Seminário em Taquari com 16 anos, em 1945, quando havia terminado a guerra. Saí com 23 anos e fui para o Seminário Daltro Filho, onde fiz o noviciado e cursei Filosofia. De lá fui para Divinópolis onde fiquei até os 31 anos. Depois, Muzambinho, onde continuei por mais 2 anos no Juvenato Franciscano. Faça as contas!
- 33 anos.
- De lá fui a Três Passos, mais 2 anos.
- 35.

- Voltei para o Seminário de Daltro Filho e trabalhei como Bibliotecário, mais ou menos por 2 anos...
- 37 anos.
- Agora, não lembro... Fui a Santos também... Veja: a memória também tem a função de esquecer... Porque em Minas aprendi a fotografar, pesquisando.  E a revelar também. Alguém me ensinou umas técnicas e eu fui para Santos onde apliquei meus conhecimentos. Tirava fotos e na Pensão Regina onde eu morava, revelava os slides. No outro dia vendia na praça, no porto.
- Mas como?
- Fazia os slides coloridos naqueles monóculos, para olhar contra a luz.
 Lá em Santos eles  pensavam que eu era inglês, italiano, menos gaúcho. Até carioca eles achavam que eu era porque chiava... Se eu tivesse ficado em Santos teria ficado rico, porque eu vendia bem  as fotos, mas voltei.

- E voltou para onde?
- Para o interior de Estrela, Beija-flor, conhece?
- Sim.
- Eu tinha um tio por parte da minha madrasta, o Alfredo Kuhn, o königbienen. (ou algo semelhante...)
- Was?
- Rei das Abelhas. Ele me disse: aqui ta o teu potreiro. Era o meu  quarto. Depois q eles dormiam, eu revelava os slides que tirava durante o dia.
- Então tu foi um fotógrafo autodidata?
- Sim e autônomo.
- E daí veio para Lajeado?

- Vim e morei em Carneiros, na casa do meu avô, pai da madrasta. Morei como alguém da família. E ali conheci uma menininha que era poeta desde pequenininha. A Lurdes Ewald. Lembro q ela teve sarampo, coitadinha. Eles tinham uma varanda em frente da casa e um dia ela me pediu para levantá-la até o alto do telhado: “Mundo”...

- Como?
- Mundo era como ela me chamava. "Mundo, me levanta que eu quero colher as estrelas." Veja só, ela tinha só 2 ou 3 anos e queria pegar as estrelas e colocar na sua cestinha... Era uma verdadeira poeta!

Sebaldo continua seu  café demoradamente. Se maravilha com o que se lembra, se engasga, mistura as lembranças, levanta, quer reproduzir as cenas que lhe chegam do idos. Foram duas horas de conversa que incluiu diferenças entre hetero e homossexuais, circuncisão, lembranças dos freis. Talvez um pouco de confusão mental, mas não maior do que a minha.

OS ESTÚDIOS

- Agora vamos falar só de Lajeado. Quando tu chegaste aqui então já tinhas quase 40 anos?
- Pelos nossos cálculos, sim. Você lembra da Foto Arte, na praça?
- Mais ou menos...
- O dono que não lembro o nome queria que eu  fosse para Porto Alegre fazer fotos coloridas... Sabia que era eu que fazia os slides que passavam antes dos filmes no cine Avenida?
- Não...
- É. Mas vamos... De Carneiros vim morar em cima da rodoviária velha, na Borges de Medeiros. Tinha o estúdio e eu dormia  também. Ali fiz uma cama de taquara. E fechei a janela que dava para o lado do colégio. E para me proteger, para minha segurança, eu deixei o cano da calha solto. Se alguém entrasse por ali, fazia barulho...
- Já era perigoso naquele tempo?
- É... Eu também não gostava quando a polícia entrava ali para ser fotografada. Não gostava de ver as armas. Ali nesse lugar eu fiz uma instalação de luz que me ajudava muito com os clientes. Fiz uma placa que quando eles tocavam a campainha aparecia o escrito “pode subir” ou “ausente”. Aí o cliente sabia que eu podia atender ou não.
Às vezes aparecia alguém para me trazer um prato de comida. Se era mulher as pessoas logo inventavam q era namorada, veja só como eles eram! Apareciam também aqueles q queriam me converter para outras religiões. Mas eu sempre fui católico. Em frente a rodoviária morava uma família muito boa, que ficou minha amiga: Orlando Felix Colombo, hoje falecido.

- E o estúdio?
- Sim... Arrumei um fogãozinho e ali cozinhava  também... A gente tinha que se humilhar... Era viver franciscanamente...


- O senhor não estudou com  frei Vítor?

- Sim quando o frei Vítor fazia sermão até o zinco na igreja tremia.  Veja só... Foi o frei Vítor que... Ele disse um dia q eu tinha uma namorada só porque me viu andando dna roda-gigante com uma moça que era amiga. Aquilo se espalhou.... Um dia me chamaram para tirar fotos numa festa em Forqueta. Eu peguei a bicicleta e fui. Era de noite. Quando cheguei, em cima de um barranco haviam umas pessoas. E ali no escuro elas começaram a joga pedras em mim. Por causa daquela fofoca e porque achavam que eu tinha  fugido do seminário...  Precisei fugir era dali. Sofri moralmente.

Sem muita confiança na memória vislumbrei um Sebaldo vestindo um palito, de bicicleta  por Lajeado. Com suas calças curtas até os tornozelos, marrecão, como se dizia. Os cabelos lambidos, vaselinados, mais compridos na nuca, mais rarefeitos em cima, quase calvo. Sebaldo exalava um cheiro de guardado, quase químico, avinagrado. Roupas simples, um cara deslocado nos anos 70, 80, 90...

- E depois do estúdio na Borges?
- Fui morar ao lado do Caixeiral, na casa de Henrique Schann, um grande amigo. Alugou barato, pq a casa era carcomida de cupim, quase nem tinha mais assoalho.
- Muito amigo...
- Ali fique um bom tempo. Tinha uns pés de manga. As melhores mangas do estado. Mas foram tempos difíceis... Quando participei de uma procissão em Santa Cruz, desmaiei.
- ?
- De fome.

HUMILHAÇÃO

- No tempo do p. Érico eu era o recolhedor do dinheiro que era pago para construir arquibancadas do Paroquial.... Tinha uma campanha de cadeira no céu... Um dia o seu T. presidente da comunidade, disse que estava faltando dinheiro e me chamou na Canônica para uma reunião. Nessa reunião fui acusado de ter roubado o dinheiro. Eu disse que não, mas eles não me deixaram sair da sala enquanto eu não assinasse um papel concordando que eu tinha roubado. Aquilo foi uma das maiores mentiras.
- E tu assinou?
- Fiquei muito tempo lá dentro, sem comer, sem poder sair. Por fim, assinei. Mas escrevi que eu era responsável pelo dinheiro que havia desaparecido, mas que eu não tinha roubado. Fui caluniado, sofri, sofri até derramar sangue. Hoje rezo por eles.
- Alguém  mais sabe disso, Sebaldo?
- Sim, numa reunião no Salão eu contei abertamente na frente de umas 200 pessoas.

Ficamos por uns instantes em silêncio. Sebaldo se serviu de bolo.



- Por falar em roubo... Muita gente roubava as fotos, não é?

- Sim... Eu fazia de conta que não via. Eu é que tinha vergonha...
- Fora aqueles que não pagavam...
- É, mas esses eu já sabia. Então fazia fotos que não duravam nem 8 dias. As imagens sumiam. Aí eles voltavam e diziam que as imagens tinham sumido. Aí eu perguntava “E a senhora pagou?”

Rimos. Era uma boa tática.

- Até hoje tenho muitos filmes e muitas fotos guardadas. Todas tem etiqueta onde diz assunto, localização, data, nome. Por isso às vezes eu levava as fotos até o local onde a 
pessoa morava, para entregar e cobrar.

- Como tu a arte da fotografia, Sebaldo?
- A foto é social. É tudo que acontece no momento na sociedade. Eu estive presente  nos carnavais, nos momentos políticos... Eu tenho uma foto do governador Ildo Meneghetti...
O fotógrafo é como um psicólogo. Quando eu olho no visor eu enxergo as reações de quem está na minha frente e preciso capturar o momento certo. Eu ficava realizado quando alguém buscava a foto e me dizia “Esse sou realmente eu.” 
- O que faltou fotografar?
- Ainda quero registrar o rosto de Cristo no meu cliente, porque todos somos à semelhança de Cristo.
- Mas por que tu parastes de fotografar?
- Parei há 10 anos quando me roubaram a câmera.
- Foi assaltado?
- Não. Mandei consertar em Porto Alegre o nível dela, mas o lojista vendeu o flash e disse que eu não tinha levado a câmera coisa nenhuma. Eu não achei a nota e não pude provar e nunca mais consegui recuperar. A loja fica em frente a Igreja do Rosário, na Vigário Jose Inácio...
Veja só: em Porto Alegre mandei fazer uma maquina especial para fotografar o olho humano. Porque entendo de iridologia. Antes eu achava que o olho era só para olhar para fora, mas agora eu sei que serve para enxergarmos por dentro. Tudo está registrado na retina, tudo que acontece dentro de ti está lá no globo ocular.

- O que falta ainda nessa vida, Sebaldo?
- Eu ainda quero escrever um livro. Eu também estudei Psicologia no Seminário e tenho um caderno onde escrevi tudo que consegui captar das minhas aulas em Daltro Filho. Mas eu preciso de uma lente potente, de aumento, daquelas que se enxerga os poros das mãos.
- Mas por que?
- Porque escrevi tudo na escrita estenográfica... Faltam 8 páginas para terminar o caderno. Acho que dá um livro.
- Como tu queres ser lembrado um dia, Sebaldo?
- Eu me sinto fotógrafo. Dominava essa arte. Nunca me intoxiquei com os produtos químicos, sempre usava luvas, pinças. Tenho muitas coisas no meu apartamento, de outras já me desfiz. Todos nós estamos neste mundo sofrendo e sendo humilhado como Jesus foi. Ele assumiu nossas culpas. Esses dias,  vi um homem gritando na rua: “deus não me dá nada. O diabo me dá!” A gente compreende... Mas sempre é possível voltar para Deus. Alguém lá em cima vê tudo.

Fui buscar uma máquina digital. Expliquei que não era preciso olhar no visor pequeno. Só na imagem grande. Sem óculos ele capturou o que viu a sua frente. E éramos nós, realmente. A nossa essência. E esses somos mesmo nós. Borrões do que fomos.






Sebaldo... Esse é teu nome mesmo?
- É Sebald. Um dia acrescentei o “O” e escrevi Sebaldo. E eles deixaram.
 Mas sou José Sebald, filho de Izidoro Hammes e Ana Maria Spagniol.







julho 27, 2011

MIGUEL TORGA


"Ao fim e ao cabo,
a vida é irremediavelmente 
um dom provisório". 
(Diário XV) 

TANGO


“Recuerdo” no fime de Carlos Saura: Tango.
Trilha sonora do filme de Lalo Schifrin, antigo pianista de Piazzolla.

julho 22, 2011

HENRICH HEINE


“Tenho a mais pacífica das índoles.
Meus  desejos são:
uma modesta choupana, um teto de palha, 
mas boa cama,boa comida, 
leite e manteiga bem frescos,
flores diante da janela, 
algumas belas árvores diante da porta e,
se o bom Deus quiser me fazer 
inteiramente feliz,
me deixará experimentar a alegria 
de ver seis ou sete de meus inimigos
perdurados nessas árvores.
Diante de suas mortes, lhes perdoarei
com o coração enternecido toda a maldade
que cometeram contra mim
– sim, deve-se perdoar seus inimigos,
mas não antes que sejam enforcados.”
In Pensamentos e lampejos

BLOQUINHO MATINAL


.venderam a sede dos médicos. vem aí mais desmatamento. nada me diz respeito, mas nessa terra de falcatruas o que será q eles engendraram por debaixo dos panos? e a instituição arranhada? o buraco é mais fundo, muito mais fundo. como é q eles olham na cara dos filhos durante o churrasco de domingo? a comadre conta sobre o sistema trapaceiro das passagens aéreas adquiridas sempre na mesma agencia livre. o q esperar de um secretario de obras q vai para o radio assinar embaixo da sua própria culpa: muito asfalto, muita arvore derrubada e tudo ajuda a represar as águas nas ruas e vira alagamento. quem são os otários? a desgraça dos outros não dá nem alergia nessa corja. e todo mundo tira vantagens com os abobados da enchente...

julho 21, 2011

ARUNDHATI ROY


“Há magia no olhar infantil:
vem da maneira com que as crianças se movem
entre mundos reais e mágicos,
sem perceber a diferença.”

BEBEL

.de manhã cedo, bãdi chegou na porta para beijar a aniversariante. passou muito rápido esse primeiro ano. nasceram cabelos, sobrancelhas, dentes. bate palminhas e estala a língua quando tá com fome. e tá sempre estalando. engatinha. chora pouco. adora as primas annas. o primo rafa. fala mamã. ou seria mamam? tem duas vó, dois vô, duas bisas que babam em cima mais que o bãdi.
.feliz aniversário, Isabel, gora, pode assoprar. e cresce devagar, por favor.

julho 20, 2011

MACEDONIO FERNÁNDEZ

"Nem grato nem queixoso
vou respirando o ar da Vida"

ESTEBAN MORGADO & 36 BILLARES

  
.minha dica mais preciosa para todos q já caíram aqui nesse blog...

.em buenos aires não deixe de reservar uma noite para jantar e assistir um show no los 36 billares. saí aqui desse raiodemundo com minha reserva feita só para assistir o show de esteban morgado. q não decepcionou e ainda de quebra, generosamente, apresentou uma dama da canção argentina de muito sucesso nos anos 80, maria graña. o salão do 36 estava apinhado. os hermanos discretamente secavam as lágrimas. eu não entendia nada e chorava também. de saudades do que fui e com tristeza pelas minhas escolhas. los 36 bilhares, na av. de mayo, 1265. con más de 115 años de trayectoria, reservas: http://www.los36billares.com.ar/index.htm



O garçom solidário com a minha emoção se revelou o mais atencioso de todos  restaurantes por onde passamos e providenciou um momento de tietagem explícita...

GREGOR MENDEL



Pai da Genética, criador das  Leis da Hereditariedade.
Austríaco pobre, entrou para a Ordem de Santo Agostinho onde trabalhava como supervisor dos jardins do mosteiro em Brno, Tchecoslováquia.
Morreu sem reconhecimento. Aos 61 anos de idade.
Hoje, a homenagem do Google.
Bacana.

JOSE CASTELLO

BLOQUINHO MATINAL

.no dia do amigo chega um livro pelo correio: "Sintamos, amada, o vazio do mundo...". suspiro. água lá fora e penso que hj seria um dia ideal para ter minhas amigas queridas perto o suficiente para repartimos juntas uma bacia de bolinhos de chuva.delicadezas, delicadezas.enfim, um livro.obrigada, carteiro.

julho 14, 2011

ISTVÁN MÉSZÁROS




COMPAY SEGUNDO

MATANDO CACHORRO A GRITO...


(...) Estar presa significa estar cansada o tempo todo, ter uma grossa camada de cinismo, destruir a esperança, frustrar o novo, o promissor.

Significa ter medo de perder antes de abrir a boca.

Significa chegar ao ponto de ebulição, por dentro, deixando transparecer ou não.

Significa amargos silêncios defensivos.

Significa sentir-se desamparada.

Clarissa Pinkola Estés

NA PONTA DA CORDA


.hj mais uma mulher - 51 anos - se enforcou em venâncio aires. pra quem caiu aqui de gaiato, cidade do vale do rio taquari q vive e se orgulha das suas plantações de fumo q usa agrotóxicos q se infiltram no solo nos rios nos poços artesianos q o povo bebe e fica louco. sim, to resumindo, mas é assim e depois quando a vida aperta  puxar uma corda na árvore é pulo  baixo. venâncio aires é a capital mundial do suicídio e eles não param de plantar fumo e as pessoas não param de fumar e consumir todo esse veneno. Os políticos não se coçam, a imprensa se omite. o uso dos pesticidas organofosforados  nas plantações de fumo foi diagnosticado nas dores de cabeça, ansiedade, confusão mental, irritabilidade e depressão dos  safristas. é científico. quando pulverizados os venenos também são inalados. a tese foiapresentada por um relatório à comissão de direitos humanos da assembléia legislativa do rio grande do sul. agora o mais incrível:o pai e a mãe dessa mulher que se matou hoje também se enforcaram anos atrás. e isso não é novidade. o mesmo aconteceu com os Posselt, mãe e filho. tudo muito triste. essa é a cultura de venâncio aires que se diz cidade do chimarrão? gostei de saber que hj tanto os pastores e os padres não se negam a enterrar os suicidas. menos mal? e eu? descasco tomate e não como moranguinho.

julho 13, 2011

MATIAS AIRES


“A fortuna pode vestir,
não pode formar;
sabe fingir,
mas não sabe fazer.”

A BOA VERVE DE FAUSTO WOLFF


“A função da Academia é a de preservar os valores burgueses – e ela o faz muito bem. Tiveram duas oportunidades para mudar de rumo quando da candidatura de Mario Quintana, mas fizeram a opção pelo conservadorismo.

Aquilo foi um dos maiores crimes já cometidos num país imbecil como o Brasil.
Quintana era um homem que vivia da sua poesia e perdeu para dois idiotas.”
Jornal Rascunho
O nosso poeta perderia 3 vezes: para Eduardo Portella, em 1981; Carlos Castelo Branco,1982 e para Arnaldo Niskier em 1984.

DO MEU BLOQUINHO


acordei
com a cicatriz n’alma
sangrando
nada que um tinto 
não cure 
assim
bem cedo.

UM FITO PAEZ ENOJADO...



Os hermanos foram as urnas neste último findi para escolher o  novo prefeito de Buenos Aires.
Mas vai ter segundo turno.
O atual governante, o multimilionário Mauricio Macri, levou 47% dos votos.
Agora os vizinhos voltam  dia 31 de julho para sacramentar sua escolha.

O cantor Fito Paez, revoltado com a opção dos seus conterrâneos desabafa:

“ A metade dos portemos gosta de aparentar mais do que são.”

“Falo para a esmagadora maioria macrista que se escondem sob qualquer pretexto progressiva...”

* Puxa.... lembrei tanto de minha cidade...

”... se sentem desconfortáveis ​​com qualquer noção ligadas aos direitos humanos...  Me dá asco metade de Buenos Aires. Profunda decepção com a estupidez geral de uma cidade que já foi modelo de casa vanguardista do mundo (...)
Os imbecis se escondem atrás da máscara sinistra das forças ocultas que permanece na Argentina, que não vão entregar tão facilmente o que sempre tiveram: as rédeas da ignorância, dor e hipocrisia deste país. 

Gente com idéias para poucos. Gente  egoísta. Gente sem swing. (* Clap,clap,clap)

Isso é o que metade da Cidade Autônoma de Buenos Aires quer para si mesmo.”

* Espero que Fito Paez toque o coração de sua gente.
Pq rico só pensa em ficar mais rico ainda.
Como os progressistas de Lajeado.
Do mundo, né?

AVE, ALLAN SIEBER!


ALMAS SENSÍVEIS 
“Por conta dessa tira publicada ontem na Folha, recebi uma tonelada de e-mails raivosos (sim, o CORAJOSO pessoal da internet):


Acharam que eu estava me referindo ao direito das pessoas protestarem. 
Ora, sobre isso nem vale a pena comentar, tem que ser muito estúpido para fazer uma leitura dessas da tira acima. É óbvio que é ridiculo alguém ter problemas com a Lei por conta de uma planta.


A questão é que é quase piada de mau gosto num país como o nosso, onde você tem que gastar uma fortuna com plano de saúde e se tiver filhos outra fortuna para educá-los, sair ás ruas por conta do SAGRADO direito de fumar maconha.


Bem, talvez a maconha seja uma causa mais hype que a Educação, Saúde ou o jeito que os bancos tratam o cliente como se eles fossem LIXO. Rende faixas e cartazes engraçadinhas, etc.


Sugestões para novas manifestações "populares":
 - GAMES MAIS BARATOS!
 - PICOLÉ DE UVA COM MAIS UVA!
 - CASACOS ADIDAS A PREÇOS POPULARES!


Vamos lá, pessoal. É hora de sair para as ruas. Mas tem voltar cedo porque de noite é perigoso, tá?”



* Allan Sieber ainda era gaúcho qdo convidado para inaugurar a sala de expô da Univates.  De lá pra cá o cara só mandou ver. Kiridu. Mas como é difícil ter opinião nessa vida. Nem com ironia, o povo digere.

RENDEZ-VOUS OU RAVE?

Tem cara de Berlim, mas não é Berlim...
É Paris. Festas transitórias. 10 euros.
Desta vez, num prédio abandonado e com os dias contados para virar escombro.
Djs invadiram  e a noite acontece.
Nada mais undigrudi na noite subterrânea.
Começa as 16 horas e vai até um pouco mais do anoitecer.
E tem anoitecido tarde por aquelas bandas....

julho 12, 2011

ÉRICO & BERTASO


Um certo Henrique Bertaso, crônica deliciosa que lembra a importância da velha Editora Globo, de Porto Alegre, na civilização de nossos arraiais literários. Em comum com a tradição editorial, está a montanha russa da vida editorial; diferente dela, o fato de o autor ser Erico Verissimo, ele mesmo parte essencial de uma historia na qual, ironicamente, pespegou o subtítulo Pequeno retrato em que o pintor também aparece. Ao escrever a vida de Bertaso, Verissimo escreve sua própria vida,  com notáveis concisão e humor. (...)
Verissimo escreveu e publicou Um certo Henrique Bertaso em 1972. Morreu em 1975, seu personagem-amigo em 1977.
Na década seguinte, a editora passou para o controle das Organizações Globo. Ainda hoje estão em catálogo muitas daquelas edições tramadas à margem da Corte, por dois jovens idealistas. As histórias de editores se parecem, eu avisei lá em cima. Mas nunca são iguais. Ainda mais contadas dessa forma.