setembro 28, 2015

CHARLES PÉGUY

“Jamais inicio uma obra nova 
senão em tremor.
Vivo no tremor de escrever.
E quanto mais avançamos,  
mais temos medo.” 

DO MEU BLOQUINHO

verbo, adoeço. conjunção subordinativa comparativa ao lado de um pronome pessoal, como tu. não. adoeço de cólera. verbo intransitivo mais substantivo feminino. no sentido figurado, fúria. à medida que a cólera termina com a minha víscera glandular ímpar secretora de bílis, transpiro de medo. medo de arrebentar com tudo. pronome indefinido. antônimo de nada. nada? é muito vago. e pode ser verbo. e pode ser pior. dois verbos, ir e tomar. um substantivo masculino, chulo: cu. se fosse, do boi, seria uma desordem. sendo no de judas, um lugar muito longe. dois verbos, pronome pessoal, substantivo masculino chulo. precisava desabafar. verbo direto transitivo mais uma franqueza para aliviar contenção moral. verbo, adoeço. ha vento dentro de minha cabeça. verbo mais substantivo arejado mais advérbio mais prenome mais substantivo feminino. a psicopatia é uma extravagância do pensamento. substantivo feminino, verbo, artigo...

DAS AMIZADES& AFINS

“A amizade é um pacto, uma convenção.
Dois seres se comprometem tacitamente a nunca pôr à luz o que cada um no fundo pensa do outro.
Um tipo de aliança fundada em arranjos.
Quando um deles assinala em público os defeitos do outro, o pacto está devassado, a aliança rompida.
Nenhum amizade dura se uma das partes se nega a jogar o jogo.
Em suma, nenhuma amizade atura uma dose exagerada de franqueza.”
Emil Cioran



*  (nos últimos dias, as decepções. talvez, por isso, volto ao meu espaço fantasma, nesse blog. as pessoas esperam demais. eu espero pouco de poucos. mas mesmo esses poucos, despencam. sem muita convicção: é da vida encantos e desencantos, não é?)

DA SÉRIE CRIANÇAS EMBAIXO DA JABUTICABEIRA...



- Quem é a mamãe?
- Eu!
- Não... A mais velha  é a mamãe.
- Sou eu!
- A mais velha?
- Não sou velha – (e desata a chorar)
- Mas é de brincadedeirinha! Tá, tu é a mamãe. Busca as loucinhas e as bonecas...

   (Segundos depois, com as bonecas todas sentadinhas...)

- Pronto!
- Agora tu lava a louça.
- Por que eu?

- Tu é a mãe... Mãe lava a louça.

(fecha o pano)

BRECHÓ NÃO É ROUPA VELHA

Não sou consumidora das mais assíduas. Passam as estações e mais uma camisa branca, mais uma blusa de lã preta no armário.

Também amo camiseta de viagem tipo “Cudumundo estive aqui”. Acabam em pijama, depois trapeira de tanto usar. Aí são excelentes para limpar vidraça porque não dá sequer para reciclar.

Mas tem peças que guardo, guardo, guardo...

Ou porque gosto muito ou porque atraem recordações que detesto esquecer. Ou porque nunca sairão de moda.

Por exemplo, um vestido-chemisier setentista - continua atual desde sua criação nos anos 20 pelo estilista Paul Poiret até os 90 quando comprei o meu. Essa é a parte da história da moda que fascina.

Mas, aqui em casa só ouço “por amordeus, desapega mãe!”.
Assim, muito a contragosto,  montei um “brechó” para praticar o desapego. Virou tudo contra. A partir de agora é minha arara preferida.

Hoje fui lá e vesti um jeans que comprei há  dez anos. Ta inteiro! Como vender uma oversized que ainda veste super bem?
 
E o maior ícone dos anos 60? O bom e velho  macacão de jeans...Até a Gloria Khalil, podre de chic, curte e diz que “uma roupa que é pra dizer: sou jovem, descontraída e estou à vontade". Só porque o meu tem pelo menos uns 30 anos vou deixar de usar ou vender em brechó? Ta fora!

E o casaquinho que comprei numa feira de Buenos Aires que prendo com um broche da minha mãe dos anos 60?

E o vestidão patchwork floral que comprei-sei-lá-onde e que aparece em foto de 1998? Ampfunf... poderia ter ido ao Woodstock com ele que cairia muito bem.

Não vou desapegar, não vou desgrudar, não vou dar nem doar. Esquece.

* Aqui na minha cidade tem um Arte na Praça. Alguns montam brechós. Uns são bacanas. Outros, pura roupa velha. Facilita e nem lavaram...