ÜBERDRUSS
janeiro 29, 2014
SEBALDO: O ULTIMO FLASH
Há mais de um ano, residindo com o irmão, Guido Mathias e a sobrinha, Leonízia Maria Hammes, o ex-fotógrafo Sebald Hammes (85) passava por problemas de saúde.
No dia 22 de janeiro, teve que ser internado às pressas no Hospital São José, de Arroio do Meio, quando teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Segundo o sobrinho, José Ricardo Hammes, Sebald apresentou uma melhora nesta semana, mas como sofria de pressão alta e falta de ar, ele teve outra crise, e ontem, pela manhã, ocorreu um mal súbito. “Antes de acontecer todas essas complicações, ele estava feliz, já nem reclamava mais o fato de ter deixado de morar sozinho em seu apartamento.”
O velório de Sebald acontece até às 8h30min desta quinta-feira (30), na Igreja Católica São Felipe e São Tiago na localidade de Arroio Grande Central, em Arroio do Meio. A partir das 9h será realizado o sepultamento no cemitério da mesma localidade.
Fonte: Informativo do Vale
Dois depoimentos de Sebaldo aqui:
http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2011/07/roteiro-para-o-um-curta.html
TRIBUTO ATRASADO A HELMUTH NEWTON
O fotógrafo de moda alemão, Helmut Newton, morto em 2004, famoso
por seus estudos de nus femininos, apresenta as fotos da brasileira Betty Prado
no Calendario Pirelli 2014, edição comemorativa de 50 anos. Betty é a garota de
Janeiro. Na época a modelo tinha 23 anos e fotografou na Toscana.
Detalhe: as imagens clicadas em 1986 nunca
foram parar no calendário, por que o fotógrafo Helmuth Newton interrompeu a sessão.
Sua mulher June sofrera um enfarte. HN passou a missãoa Manuela
Pavesi, hoje fotógrafa e consultora da Pirelli e da Prada. Aí a borracharia optou pelas as fotos de Bert Stern, na
Inglaterra. Agora a remissão. Dessa forma Betty Prado passa a ser a primeira brasileira a fotografar para o
cal. E foi ao lançamento sem saber da surpresa. HNewton morreu em 2004. A esposa
June continua viva, com 90 anos, e não quis participar do honroso resgate fotográfico.
A interessante coincidência:
os dias da semana de 1986 são exatamente os mesmo de 2014. Não sei porque essas
nulidades me interessam. Mas li na Bazzar dias desses enquanto desencrava minha unha. Eta vida sem glamour.
Mais sobre o The Cal: http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2013/08/calendario-pirelli-das-borracharias.html
MODA E ARTE
Uma mão lava a outra. Salvatore Ferragamo (1898 –1960) renomado
estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima, com museu que leva
seu nome, apoiou a restauração do óleo em madeira de “A virgem e o menino com
Santa Ana”, que retrata a Virgem Maria, Jesus brincando com uma ovelha e sua a
vó, Sant’Ana, em uma cena intimista pelos pincéis de Leonardo da Vinci,
entre 1503 e 1519.
Em 2012, a grife Ferragamo conquistou o direito de apresentar
sua nova coleção no Museu do Louvre, na primeira vez que abriu as portas para
um desfile. Respeitando as proporções, sem entrar em detalhes, segue nossa vida
comezinha. Porem, sem o glamour da moda. Sem a consciência da arte. E por interesses
frágeis. Mas eu me viro sem me revirar muito.
janeiro 23, 2014
DO MEU BLOQUINHO
.coisas na vida. acidentes, mortes, canceres. quando
acontece muita gente vira uma pagina da própria história. conseguem os de olhar
interno. outros botam o dedo divino no meio. duvidar é pecado. einstein também
queria encontrar deus. já me contentaria em descobrir uma vibração positiva.
uma força criadora. um guru espiritual. mas o cotidiano é complicado. pirero de
elis, filósofo grego, fundador da escola cética questiona tudo, nas minucias.
não deve ter sido um sujeito muito feliz. ceticos duvidam de todas as
contradições. acreditam menos. me vi eu. sem imaginação o rufar dos tambores
vira mugidos. mas é assim. não se planta sem derrubar. como também nada é
definitivo. seguimos contornando as dúvidas. enredados no labirinto da
espiritualidade panda.
VILA MARÍLIA: CRUZ ALTA
1928. Casa de meus avós em Cruz Alta.
Enquanto gravida, muros altos que mulher decente não exibe barriga.
Depois do nascimento da filha, a casa ganhou o nome de Vila Marília.
Só então o muro foi derrubado
e um chafariz construído em frente ao jardim.
Na revolução de 1923, João foi credenciado pela Cruz Vermelha.
Atendia os feridos em combate com (2) Porciúncula e
(3) dr. Euclides da Cunha Lopes.
Nos anos 50, uma reforma para construir um jardim de inverno, com persianas coloridas.
Nos fundos, uma quadra de vôlei. A garage.
Depois da cerca amarela coberta poi hibiscos vermelho,
o quintal mágico da minha infância.
Parreira, jabuticabeira, abacateiros: guerra de fruta podre.
Taquareiras, trincheiras de ananas.
No Jatobá, um escorregador. Balanços e gangorra.
Casa de boneca de alvenaria.
Ao lado, fogãozinho de pedra, com chaminé.
Para os meninos, uma tapera de taquara
e milho assado no fogo de chão.
Em 1972 meus avós venderam a casa e se mudaram para o Rio.
Fugiam do frio e da nossa adolescência rebelde.
A primeira providência dos novos proprietários: destruir o jardim,
cortar o caramanchão de rosas e acimentar as hortênsias.
Depois a casa foi revendida para um político
de pensamento mais raso ainda.
Agora uma construtora vai botar tudo abaixo.
Resta saber se vão derrubar também o Jatobá centenário...
Desconstruiu-se uma época. Cruz Alta não existe mais.
O vento soprou sobre o tempo.
janeiro 17, 2014
PRAGMATISMO: ARTE E VIDA
A vida. A morte. A arte. Sempre surpreendente e reflexiva. A realidade servindo de inspiração para a arte.
São Justino, filósofo e teólogo da Síria. Por acreditar e
divulgar Jesus foi decapitado no ano 165 d.C. Para o pintor, não só teve a cabeça
cortada como foi obrigado a carregá-la feito uma bola de futebol.
“É função do artista, violentar.” - diz Glauber Rocha, o cineasta baiano. Ninguém passa indiferente à vida e à arte. A menos que um alienado. E todo alienado é um bocó. Mas o Brasil não é um país de bocós?
Arte e vida como inspiração relativizada, autoriza citar Ivan Karamazov, de Dostoiévski: "Se Deus não existe, tudo é permitido." Então tudo é. Dada a largada ergueram a tampa da latrina do país das quimeras, do país dos bocós sarneysianos. Do país da copa brasileira.
BURNESHAS, AS VIRGENS JURAMENTADAS
Albânia. Maior que o estado de Alagoas. Menos gente mas
também tem seu litoral... Pertinho da Grécia, Mesopotâmia, Kosovo. Terra antiguíssima,
com gente que viveu antes de Cristo. Metade do povo é cristão, a outra islamita.
Já foi otomana, romana, bizantina, turca, italiana, comunista... Toda sua
população não chega a de Salvador, na Bahia, sendo que a maioria dos albaneses
moram na capital, Tirana. Tudo no wikipedia.
Leio que no século XV, as mulheres - sem muita opção de
independência ou nenhuma- se travestiam
de homens. Um crossdresser às avessas
que perdura até hoje. Pelo menos em algumas zonas rurais, ao norte do país."Virgem juramentada" é o termo usado para designar uma mulher albanesa que escolheu - escolheu? – em geral precocemente, assumir a identidade masculina na vida. Culpa do código Kanun que afirma serem as mulheres propriedade de seus maridos. Por isso, em uma família sem um patriarca ou herdeiro do sexo masculino, a transformação ou o risco de perder todo o patrimônio.
As 'burneshas” surgiram para resolver a situação, com todos os direitos e privilégios da população masculina. Elas se tornaram eles. Cortaram os cabelos, vestiram roupas masculinas, às vezes até mudaram seus nomes, incorporaram gestos masculinos e mais importante de tudo, através do celibato permaneceram castas durante toda a vida.
“O mais surpreendente - conta o fotógrafo Jill Peters que revelou em suas imagens as mulheres-homens
- é que elas não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros
sacrifícios pelos quais passam.
As meninas eram comumente
forçadas ao matrimônio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito
mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto
de virgindade, se tornando “burneshas”, o que elevava a mulher à condição de
homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população
masculina”.
janeiro 09, 2014
OLY PEDRINHO SCHWINGEL
Nas bancas, a ultima edição da revista "GENTE que faz" dos publishers Martin Augustin e Neiva Schneider. Entrevista de capa super bacana da jornalista Andrea Lopes com Eva Sopher, matéria sobre roteiro turístico "Pulsa Miami!", e também minha entrevista com o médico e parapsicólogo Oly Schwingel, de Venâncio Aires, entre outras diversas reportagens.
“Escreva
lentamente e com uma mão cuidadosa.
Porque fazer as coisas bem é mais
importante do que apenas fazer.”
"Esse
epílogo, de autoria incerta, provoca um certo sossego. Lentamente no caso dessa
reportagem pode significar dias. Até o sol
se despedir passei uma tarde conversando com o médico Oly, em Venâncio Aires.
Levei junto
uma listinha de questões que parece só interessavam a mim. Sem chance as
provocações. Assim que cheguei Oly convidou para conhecer o Hospital São
Sebastião Mártir onde, desde maio, assumiu a presidência. Depois de duas horas
voltamos a sua casa, onde transcorreu a entrevista."
Anjos da guarda: Valdiria, Lesane e a golden Flora
"Escrever lentamente para distanciar
dos meus sentimentos pareceu um cuidado importante para não transformar essa
reportagem em tietagem explícita."
"Oly Pedrinho Schwingel, 58, o mais moço dos quatro filhos da enfermeira Luíza e do industriário Rodolpho Schwingel. Do prenome afetivo “Pedrinho” herdou o gosto por mapas, plantas arquitetônicas e futebol. Aliás, um colorado que chegou a integrar o plantel do Riograndense de Santa Maria, cidade onde em 1983 formar-se-ia em Medicina. Oly lembra que pleiteava residência em Psiquiatria. Três anos depois, um acidente de carro nas proximidades de Santa Cruz do Sul, deixaria sequelas corporais irreversíveis."
Reportagem na íntegra? Procure nas bancas.
Texto e fotos de Laura Peixoto
EM HONRA A WALTER BENJAMIN
Passagens é o
nome do memorial criado por Dani Karavan, artista israelense, em Portbou, na
Catalunha, em uma homenagem do governo espanhol e alemão ao filósofo e crítico
literário, Walter Benjamin, marcando os cinquenta anos de sua morte.
Benjamim
tinha 48 anos quando se suicidou em 26 de setembro de 1940:
“Fugindo da polícia
francesa do regime de Vichy (pró-Hitler) e barrado na fronteira com a Espanha
pela polícia franquista, vivia exilado e desempregado em Paris. Sem jamais ter
conseguido um posto de professor na universidade, mantinha-se como crítico
literário, com um pequeno auxílio do Instituto de Pesquisa Social, embrião da
escola de Frankfurt.” (Folha de São Paulo)
O Walter Benjamin Memorial é uma instalação completamente
integrada à paisagem de falésias na Costa Brava e de oliveiras e uma
referência a sua fuga para os Pirineus – Portbou - e também para a sua última
obra inacabada, Das Passagen – Werk, iniciada em 1927, traz uma grande coleção
de reflexões sobre a vida em Paris, no século XIX.
(E diga-se que as passagens parisienses, de vidro e ferro, são lindas em
Paris: “As passagens são o centro das mercadorias de luxo” – WB. Hoje não
mais, mas algumas vale uma visita demorada e bisbilhoteira.)
No memorial à W Benjamin, os conceitos sobre filosofia da
história, a necessidade de experiência, a idéia de limite, a paisagem como aura
e a necessidade de memória.
Do alto, vê-se a obra de Karavan integrada a própria
paisagem de granito oxidado, um terreno vazio, árido de rochas cinza-marrom
duras.
Visto de dentro, o visitante se depara com um itinerário que
leva a três pontos da encosta da montanha Portbou, ocupada pelo cemitério: um túnel
e uma escadaria com um mar e uma banheira de hidromassagem no final, uma
oliveira milenar e uma plataforma para a meditação, aberto ao horizonte.
Referem-se ao exílio e solidão de W Benjamin, a uma lição de sobrevivência e
aceitação.
(Tomei contato com W Benjamim na PUC. Tardiamente. Foi
quando descobri sobre estética da arte, aura, mimesis e outras imitações. Um
mal estar urbano. A ilusão sustentando a realidade. Assim, na minha aldeia.)
DO MEU BLOQUINHO
.nada é mais viril para moi... do que um homem de terno dançando um tango... do que o toque de um isqueiro na palma da mão... do que o hálito de uísque e cigarro... do que um piquenique ao luar com o próprio amor... por falar em lua, este é o tema de uma exposição em londres que presta homenagem a nossa relação intrínseca na terra. republic of the moon on earth será inaugurada amanhã, dia 10, com obras de diversos artistas. lua particular, do russo tishkov, conta a história da relação de um homem com uma lua crescente iluminada, em diversas fotografias acompanhadas de versos abordando a solidão do universo. já a artista escocesa katie peterson transformou a sonata ao luar, de beethoven, em uma mensagem de código morse e enviou-a à lua, através da comunicação terra-lua-terra. a transmissão refletida forma, na volta à terra, a base de uma nova trilha, tocada durante a exposição em um piano. fonte: http://www.bbc.co.uk