janeiro 29, 2014

WILLIAM FAULKNER

"A vida não se interessa pelo bem ou pelo mal.

A vida é movimento,
e o movimento está ligado 
àquilo que faz com que o homem se movimente:
a ambição, o poder, o prazer."

SEBALDO: O ULTIMO FLASH


Há mais de um ano, residindo com o irmão, Guido Mathias e a sobrinha, Leonízia Maria Hammes, o ex-fotógrafo Sebald Hammes (85)  passava por problemas de saúde. 
No dia 22 de janeiro, teve que ser internado às pressas no Hospital São José, de Arroio do Meio, quando teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Segundo o sobrinho, José Ricardo Hammes, Sebald apresentou uma melhora nesta semana, mas como sofria de pressão alta e falta de ar, ele teve outra crise, e ontem, pela manhã, ocorreu um mal súbito. “Antes de acontecer todas essas complicações, ele estava feliz, já nem reclamava mais o fato de ter deixado de morar sozinho em seu apartamento.”

O velório de Sebald acontece até às 8h30min desta quinta-feira (30), na Igreja Católica São Felipe e São Tiago na localidade de Arroio Grande Central, em Arroio do Meio. A partir das 9h será realizado o sepultamento no cemitério da mesma localidade.

Fonte: Informativo do Vale

Dois depoimentos de Sebaldo aqui:
 http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2009/07/o-fotografo.html
 e

http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2011/07/roteiro-para-o-um-curta.html

DA VIDINHA DOMESTICA

Helmuth Newton
Henry Grant
Jane Evelyn Atwood Ryazan
E assim segue a humanidade nesses dias de 40º em Lajeado,
fornalha do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul.

TRIBUTO ATRASADO A HELMUTH NEWTON

O fotógrafo de moda alemão, Helmut Newton, morto em 2004, famoso por seus estudos de nus femininos, apresenta as fotos da brasileira Betty Prado no Calendario Pirelli 2014, edição comemorativa de 50 anos. Betty é a garota de Janeiro. Na época a modelo tinha 23 anos e fotografou na Toscana.  
Detalhe: as imagens clicadas em 1986 nunca foram parar no calendário, por que o fotógrafo Helmuth Newton interrompeu a sessão. Sua mulher June sofrera um enfarte. HN passou a missãoa Manuela Pavesi, hoje fotógrafa e consultora da Pirelli e da Prada. Aí a borracharia optou pelas as fotos de Bert Stern, na Inglaterra. Agora a remissão. Dessa forma Betty Prado passa a ser a primeira brasileira a fotografar para o cal. E foi ao lançamento sem saber da surpresa. HNewton morreu em 2004. A esposa June continua viva, com 90 anos, e não quis participar do honroso resgate fotográfico. 
A interessante coincidência: os dias da semana de 1986 são exatamente os mesmo de 2014. Não sei porque essas nulidades me interessam. Mas li na Bazzar dias desses enquanto desencrava minha unha. Eta vida sem glamour.




MODA E ARTE

Uma mão lava a outra. Salvatore Ferragamo (1898 –1960) renomado estilista de sapatos italiano, fundador da marca homônima, com museu que leva seu nome, apoiou a restauração do óleo em madeira de “A virgem e o menino com Santa Ana”, que retrata a Virgem Maria, Jesus brincando com uma ovelha e sua a vó, Sant’Ana, em uma cena intimista pelos pincéis de Leonardo da Vinci,  entre 1503 e 1519.
Em 2012, a grife Ferragamo conquistou o direito de apresentar sua nova coleção no Museu do Louvre, na primeira vez que abriu as portas para um desfile. Respeitando as proporções, sem entrar em detalhes, segue nossa vida comezinha. Porem, sem o glamour da moda. Sem a consciência da arte. E por interesses frágeis. Mas eu me viro sem me revirar muito.

MEU HOROSCOPO


janeiro 23, 2014

ÉRICO VERÍSSIMO

"O tempo faz a gente esquecer. 
Há pessoas que esquecem depressa. 

Outras apenas fingem que não se lembram mais."

DO MEU BLOQUINHO

.coisas na vida. acidentes, mortes, canceres. quando acontece muita gente vira uma pagina da própria história. conseguem os de olhar interno. outros botam o dedo divino no meio. duvidar é pecado. einstein também queria encontrar deus. já me contentaria em descobrir uma vibração positiva. uma força criadora. um guru espiritual. mas o cotidiano é complicado. pirero de elis, filósofo grego, fundador da escola cética questiona tudo, nas minucias. não deve ter sido um sujeito muito feliz. ceticos duvidam de todas as contradições. acreditam menos. me vi eu. sem imaginação o rufar dos tambores vira mugidos. mas é assim. não se planta sem derrubar. como também nada é definitivo. seguimos contornando as dúvidas. enredados no labirinto da espiritualidade panda.

VILA MARÍLIA: CRUZ ALTA

 1928. Casa de meus avós em Cruz Alta. 
Enquanto gravida, muros altos que mulher decente não exibe barriga. 
Depois do nascimento da filha, a casa ganhou o nome de Vila Marília.
Só então o muro  foi derrubado 
e um chafariz construído em frente ao jardim.
Na revolução de 1923, João foi credenciado pela Cruz Vermelha. 
Atendia os feridos em combate com (2) Porciúncula e
  (3) dr. Euclides da Cunha Lopes.

Na de 30 integrou o Batalhão Pedro Nolasco, criado por iniciativa do sogro, Sebastião de Oliveira.


Nos anos 50, uma reforma para construir um jardim de inverno, com persianas coloridas.
Nos fundos, uma quadra de vôlei. A garage.
Depois da cerca amarela coberta poi hibiscos vermelho, 
o quintal mágico da minha infância.
Parreira, jabuticabeira, abacateiros: guerra de fruta podre.
Taquareiras, trincheiras de ananas.
No Jatobá, um escorregador. Balanços e gangorra.
Casa de boneca de alvenaria. 
Ao lado, fogãozinho de pedra, com chaminé.
Para os meninos, uma tapera de taquara 
e milho assado no fogo de chão.

Em 1972 meus avós venderam a casa e se mudaram para o Rio.
Fugiam do frio e da nossa adolescência rebelde.

A primeira providência dos novos proprietários: destruir o jardim, 
cortar o caramanchão de rosas e acimentar as hortênsias.
Depois a casa foi revendida para um político 
de pensamento mais raso ainda.
Agora uma construtora vai botar tudo abaixo.
Resta saber se vão derrubar também o Jatobá centenário...
Desconstruiu-se uma época. Cruz Alta não existe mais.
O vento soprou sobre o tempo. 


janeiro 17, 2014

REVISTA KLAXON

"KLAXON sabe que a vida existe. 
E, aconselhado por Pascal, visa o presente. 
KLAXON não se preoccupará de ser novo, mas de ser actual. 
Essa é a grande lei da novidade."
1922, Mensario da Arte Moderna

PRAGMATISMO: ARTE E VIDA

A vida. A morte. A arte. Sempre surpreendente e reflexiva. A realidade servindo de inspiração para a arte.
São Justino, filósofo e teólogo da Síria. Por acreditar e divulgar Jesus foi decapitado no ano 165 d.C. Para o pintor, não só teve a cabeça cortada como foi obrigado a carregá-la feito uma bola de futebol. 

“É função do artista, violentar.” - diz Glauber Rocha, o cineasta baiano. Ninguém passa indiferente à vida e à arte. A menos que um alienado. E todo alienado é um bocó. Mas o Brasil não é um país de bocós?
Arte e vida como inspiração relativizada, autoriza citar Ivan Karamazov, de Dostoiévski: "Se Deus não existe, tudo é permitido." Então tudo é. Dada a largada ergueram a tampa da latrina do país das quimeras, do país dos bocós sarneysianos. Do país da copa brasileira.

BURNESHAS, AS VIRGENS JURAMENTADAS

Albânia. Maior que o estado de Alagoas. Menos gente mas também tem seu litoral... Pertinho da Grécia, Mesopotâmia, Kosovo. Terra antiguíssima, com gente que viveu antes de Cristo. Metade do povo é cristão, a outra islamita. Já foi otomana, romana, bizantina, turca, italiana, comunista... Toda sua população não chega a de Salvador, na Bahia, sendo que a maioria dos albaneses moram na capital, Tirana. Tudo no wikipedia.
 Leio que no século XV, as mulheres - sem muita opção de independência ou nenhuma- se travestiam de homens. Um crossdresser às avessas que perdura até hoje. Pelo menos em algumas zonas rurais, ao norte do país.
 "Virgem juramentada" é o termo usado para designar uma mulher albanesa que escolheu - escolheu? – em geral precocemente, assumir a identidade masculina na vida. Culpa do código Kanun que afirma serem as mulheres propriedade de seus maridos. Por isso, em uma família sem um patriarca ou herdeiro do sexo masculino, a transformação ou o risco de perder todo o patrimônio.
 As 'burneshas” surgiram para resolver a situação, com todos os direitos e privilégios da população masculina. Elas se  tornaram eles. Cortaram os cabelos, vestiram roupas masculinas, às vezes até mudaram seus nomes, incorporaram gestos masculinos e mais importante de tudo, através do celibato permaneceram castas durante toda a vida.
 Até hoje existem virgens juramentadas, porém mais  modernas e escondidas nas pequenas aldeias dos Alpes albaneses.Uma tradição arcaica cada vez mais visto como obsoleta. Parece que todo mundo aceita. E parece que ninguém tem nada a ver com a opção.
“O mais surpreendente - conta o fotógrafo Jill Peters que revelou em suas imagens as mulheres-homens - é que elas não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros sacrifícios pelos quais passam.
 “A liberdade de votar, dirigir, ter um negócio, ganhar dinheiro, beber, fumar, possuir armas ou vestir calças era tradicionalmente da competência exclusiva dos homens. 

As meninas eram comumente forçadas ao matrimônio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto de virgindade, se tornando “burneshas”, o que elevava a mulher à condição de homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população masculina”.

janeiro 09, 2014

VLADIMIR SAFATLE


"Há uma série de histórias 
que construíram meu corpo,
histórias de vários sujeitos 
que construíram meu corpo,
e todas elas habitam, em um regime confuso,
a experiência de minha corporeidade."

OLY PEDRINHO SCHWINGEL

Nas bancas, a ultima edição da revista "GENTE que faz" dos publishers Martin Augustin e Neiva Schneider. Entrevista de capa super  bacana da jornalista Andrea Lopes com Eva Sopher, matéria sobre roteiro turístico "Pulsa Miami!", e também minha entrevista com o médico e parapsicólogo Oly Schwingel, de Venâncio Aires, entre outras diversas reportagens.
     “Escreva lentamente e com uma mão cuidadosa. 
Porque fazer as coisas bem é mais importante do que apenas  fazer.” 

"Esse epílogo, de autoria incerta, provoca um certo sossego. Lentamente no caso dessa reportagem pode significar dias. Até o sol se despedir passei uma tarde conversando com o médico Oly, em Venâncio Aires.
Levei junto uma listinha de questões que parece só interessavam a mim. Sem chance as provocações. Assim que cheguei Oly convidou para conhecer o Hospital São Sebastião Mártir onde, desde maio, assumiu a presidência. Depois de duas horas voltamos a sua casa, onde transcorreu a entrevista."
Anjos da guarda: Valdiria, Lesane e a golden Flora

"Escrever lentamente para distanciar dos meus sentimentos pareceu um cuidado importante para não transformar essa reportagem em tietagem explícita."
       

"Oly Pedrinho Schwingel, 58, o mais moço dos quatro filhos da enfermeira Luíza e do industriário Rodolpho Schwingel. Do prenome afetivo “Pedrinho” herdou o gosto por mapas, plantas arquitetônicas e futebol. Aliás, um colorado que chegou a integrar o plantel do Riograndense de Santa Maria, cidade onde em 1983 formar-se-ia em Medicina. Oly lembra que pleiteava residência em Psiquiatria. Três anos depois, um acidente de carro nas proximidades de Santa Cruz do Sul, deixaria sequelas corporais irreversíveis."

Reportagem na íntegra?  Procure nas bancas.
Texto e fotos de Laura Peixoto

EM HONRA A WALTER BENJAMIN

Passagens é o nome do memorial criado por Dani Karavan, artista israelense, em Portbou, na Catalunha, em uma homenagem do governo espanhol e alemão ao filósofo e crítico literário, Walter Benjamin, marcando os cinquenta anos de sua morte. 

Benjamim tinha 48 anos quando se suicidou em 26 de setembro de 1940: 
“Fugindo da polícia francesa do regime de Vichy (pró-Hitler) e barrado na fronteira com a Espanha pela polícia franquista, vivia exilado e desempregado em Paris. Sem jamais ter conseguido um posto de professor na universidade, mantinha-se como crítico literário, com um pequeno auxílio do Instituto de Pesquisa Social, embrião da escola de Frankfurt.” (Folha de São Paulo)



O Walter Benjamin Memorial é uma instalação completamente integrada à paisagem de falésias na Costa Brava e de oliveiras e uma referência a sua fuga para os Pirineus – Portbou - e também para a sua última obra inacabada, Das Passagen – Werk, iniciada em 1927, traz uma grande coleção de reflexões sobre a vida em Paris, no século XIX. 

(E diga-se que as passagens  parisienses, de vidro e ferro, são lindas em Paris: “As passagens são o centro das mercadorias de luxo” – WB. Hoje não mais, mas algumas vale uma visita demorada e bisbilhoteira.)
No memorial à W Benjamin, os conceitos sobre filosofia da história, a necessidade de experiência, a idéia de limite, a paisagem como aura e a necessidade de memória.
Do alto, vê-se a obra de Karavan integrada a própria paisagem de granito oxidado, um terreno vazio, árido de rochas cinza-marrom duras. 

Visto de dentro, o visitante se depara com um itinerário que leva a três pontos da encosta da montanha Portbou, ocupada pelo cemitério: um túnel e uma escadaria com um mar e uma banheira de hidromassagem no final, uma oliveira milenar e uma plataforma para a meditação, aberto ao horizonte. Referem-se ao exílio e solidão de W Benjamin, a uma lição de sobrevivência e aceitação.

(Tomei contato com W Benjamim na PUC. Tardiamente. Foi quando descobri sobre estética da arte, aura, mimesis e outras imitações. Um mal estar urbano. A ilusão sustentando a realidade. Assim, na minha aldeia.)

DO MEU BLOQUINHO

 .nada é mais viril para moi... do que um homem de terno dançando um tango... do que o toque de um isqueiro na palma da mão... do que o hálito de uísque e cigarro... do que um piquenique ao luar com o próprio amor... por falar em lua, este é o tema de uma exposição em londres que presta homenagem a nossa relação intrínseca na terra. republic of the moon on earth será inaugurada amanhã, dia 10, com obras de diversos artistas. lua particular, do russo tishkov, conta a história da relação de um homem com uma lua crescente iluminada, em diversas fotografias acompanhadas de versos abordando a solidão do universo. já a artista escocesa katie peterson transformou a sonata ao luar, de beethoven, em uma mensagem de código morse e enviou-a à lua, através da comunicação terra-lua-terra.  a transmissão refletida forma, na volta à terra, a base de uma nova trilha, tocada durante a exposição em um piano. fonte: http://www.bbc.co.uk