setembro 30, 2023

MAHMOUD DARWISH

Fabiana Gugli, em G.A.L.A

 “Senhoras e senhores

de bom coração,

A terra dos homens é

de todos os homens?”

DO MEU BLOQUINHO

... me perco observando o poente, o mato, e as galinhas. A natureza sempre ensina... Não sei como essa escapou do galinheiro. Ufa! Conseguiu. E passou o dia ciscando, feliz, feliz e livre. Enquanto o galo... Trancado no galinheiro, bufava de indignação. Cocoricozando alto chamando a galinha, durante todo o dia. Até deu nos nervos. E ela, nada.Vadia, ciscava tranquila, indiferente.

O galo, cada vez mais agoniado com a liberdade da galinha, não se deu conta: que mais vale uma galinha lá fora que três enchendo o saco dele, no galinheiro.

 

BOTERO

Fernando Botero... Vi no Museu, em Bogotá. Uma exposição deslumbrante. A mídia tem tanto medo de falar em gordo, gorda e se ver implodida que se refere ao pintor dos gordinhos. Fofa, a mídia.
Quando fotografei essa pera, lembrei dele. Modelos nunca faltaram para se inspirar.Tudo é gordo, amplo, majestoso, carnudo em Botero: 

"Não pintei uma única gorda em minha vida. Expressei o volume, busquei dar protagonismo ao volume, torná-lo mais plástico, mais monumental, quase uma comida, por assim dizer, arte comestível. A arte deve ser sensual, digo nesse sentido."

Disseram que foi maior que Frida Khalo. 
Sempre esse lixo de comparação
por parte da imprensa.



 

POR AQUI


Em 1966, inauguraram a pracinha no bairro Americano, na minha cidade. 
A casa que aparece no fundo ainda existe. Vendida, vão instalar duas torres de apes.

Pensa no espanto dos moradores da praça...



 

E A CLASSE MÉDIA?


Li sobre os “desclassificados” da classe média brasileira...

Edna Castro, a presidente eleita da Sociedade Brasileira de Sociologia, disse em uma entrevista:

 “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo."

* A gente sabe.

"A desigualdade é o retrato do abismo entre gerações, entre bairros da mesma cidade e entre crianças do mesmo país.

Abismo difícil de ser ultrapassado, por ter raízes profundas na própria história da dominação social.

Apesar de avanços na educação, o sistema se reproduz quase idêntico, 

E MESMO AS MELHORIAS EVIDENTES DESTE SÉCULO 
FORAM PERDIDAS 
EM POUCOS ANOS DE UM GOVERNO DO DESMONTE, 

o que evidencia a fragilidade das políticas e das rupturas com o sistema de reprodução social."


Percebo, em geral, a classe média disposta a sustentar uma visão de mundo contrária às mudanças sociais. 

A DESIGUALDADE SOCIAL SE AMPLIA TERRIVELMENTE NO PAÍS, 

MAS PREDOMINAM OS VALORES DE DISTANCIAMENTO EM RELAÇÃO AO OUTRO – 

o pobre, o negro, o indígena, o camponês – que, no entanto, são parte de um mesmo processo de formação da nação. 

O Brasil é marcado pela justiça restrita, na qual NÃO cabem todos os brasileiros."


* Sim, a gente viu na reação estupida do prefeito dessa  zinha de cidade.


SETEMBRO AMARELO

Termina o setembro amarelo...

Desde 2015, o mês passou a pintar o calendário.

Não sei por que associo como uma data de brancos. Sei que não devo, mas... 

Moro numa região de descendentes europeus...  Todos conhecidos q se suicidaram são brancos. Inclusive entre os familiares. Agora que setembro termina, lembro de uma notícia marcante, talvez no início dos anos 2000. A mídia deu destaque e fui procurar no google sobre o assunto:


“Os guaranis-caiovás do Mato Grosso do Sul ameaçavam suicidar-se, coletivamente, se fossem despejados das últimas terras que ocupam.

Outra longa história, com suicídio atrás de suicídio, centenas deles, ano após ano.

Os guaranis-caiovás não podem ser índios, porque as poucas terras que lhes restaram não lhes permitem viver como seus antepassados.

Fora de sua cultura, sem qualificação específica para outra, estão condenados à triste e quase fatal trajetória de bóia-fria, alcoólatra, mendigo, louco.”

Lembrei-me de umas pessoas que moravam no Mato Grosso e chamavam eles exatamente assim: um bando de vagabundos bêbados...

Em 2018, os suicídios indígenas bateram recordes. E até hoje, as estatísticas são altas. E nas instituições, os brancos ostentam uma fitinha amarela no peito.

UM SUICÍDIO

"Eu não tenho lugar", deixou escrito na areia, sob seus pés, um jovem indígena recém-casado, que se enforcou numa árvore, em 2002.

Voltar no tempo... No ano de 1500 estima-se que havia no Brasil mais de 350 etnias, mais de 1.400 grupos, mais de 5 milhões de indivíduos.

Entre 1900 e 1957 desapareceram 87 etnias.

E a desgraça vai longe... Não bastou os portugueses assassinarem os brasileiros, no passado. Os que vieram depois, em nome do progresso, como os bandeirantes, os grileiros, os colonos, os latifundiários ampliaram o genocídio. Bota na conta dos ditadores militares e suas façanhas, o extermínio em larga escala.

 


 Agora, o agropop ou ogropop faz pressão para aprovar o marco temporal, uma tese jurídica segundo a qual os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição.

Pelo q entendi, cairiam todas as reservas.

E o setor imobiliário e rural fariam a maior festa.

É tudo muito violento e  asqueroso.


Voltando ao setembro amarelo...

Em 4 anos de governo bolsonazista, 535 indígenas se suicidaram. 

Na maior parte, no estado do Amazonas, onde 208 suicídios foram registrados. 

Os dados estão no Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário.


Pronto, terminou setembro, agora tu pode tirar a fitinha amarela do teu peito.

Bota uma cor de rosa.

 

 

setembro 26, 2023

JOÃO GUIMARÃES ROSA

Joe Rosenthal


 “Eu sei que nada sei,

mas desconfio de muita coisa.”

em “Grande sertão: veredas”

ERA UMA VEZ UM PREFEITO....


 - Hoje é o limite.

- Tá e vamos pra onde?

- O limite pra sair daqui. Nós vamos fechar esse pavilhão. Não vai ter alimentação. É o limite pra sair daqui.

- Mas o q a gente pode fazer? A maioria...

- Pode deixar aqui as coisas... Tudo certo (...) A policia vai vir e nós vamos sair daqui.

- Vou chamar a imprensa...

- Pode chamar. Quer o telefone, quer q eu ligue para a imprensa?

(E prossegue o áudio postado pelo bar Volúpia, nas redes sociais.)

Impressiona a arrogância e a prepotência do prefeito Marcelo Caumo, sem empatia, sem humanidade pelas últimas famílias flageladas, no Parque do Imigrante. 

Qualquer um que escutar sabe de que lado anda a "polícia" e a imprensa de Lajeado.

Como disse a jornalista Jurema Finamour: "Minhoca não nasce no asfalto."


MEMÓRIA

“As cidades sempre foram o lugar por excelência para abrigar a memória individual e coletiva.

É nela que os cidadãos dão forma concreta às suas aspirações individuais, familiares e comunitárias, o chamado palco da vida.”

(...)

“Todo dia ouvimos o discurso de que é preciso modernizar, atualizar, deixar em dia com os novos tempos e outras expressões que não significam nada mais do que subtrair as marcas do passado.

E todo dia vemos casas e prédios serem demolidos para a construção de um novo que logo será velho, num giro louco onde o capital cresce e a humanidade fenece.”

Flávio Kiefer - arquiteto, mestre em arquitetura (PROPAR/UFRGS), professor da PUCRS, em artigo na Revista Parêntese.

 

setembro 25, 2023

NELSON RODRIGUES

Camila Morgado na peça A Falecida, de Nelson Rodrigues. Em cartaz.

"Os idiotas vão tomar conta do mundo;

não pela capacidade, mas pela quantidade.

Eles são muitos."

 

LAJEADO CADA VEZ MENOS VERDE

Cadê o mato que estava aqui?

Deu no Fantástico, ontem.

A criação de ilhas de calor nas cidades.

Ou seja, plantio de muitas árvores em város lugares da cidade. A criação de parques e a preservação de áreas verdes são medidas para diminuir a sensação termica. 

Mas até nos clubes, sem chance para o verde que some aos poucos, por poda, exterminio ou queda natural. O matinho que estava se recuperando foi acimentado para mais um quiosque. 

Marcadas para morrer

Sombra para combater o calor de Lajeado que chega facil aos 45º. Na contramão, os estúpidos e gananciosos empresários da construção civil aliado ao governo burro dessa cidade, só destroem.  

E o povo apalude.

Como manda o Millôr...


 

DUMB WAYS TO DIE

 

Washington Olivetto, em artigo no jornal O Globo:

“Em 2012, a Metro Trains Melbourne, da Austrália, identificou um grande número de acidentes que aconteciam nas estações de trem, com pessoas distraídas olhando as telas do celular.

Existiam os choques, os encontrões, os tombos, os atropelamentos em cancelas, até mesmo gente que caía na linha dos trens.

O mais trágico era, entre esses acidentados, haver muitas crianças indo ou voltando da escola, que não tinham sido alertadas a respeito do perigo que é ficar olhando o celular em lugares públicos.

Preocupados, os diretores da Metro Trains procuraram a McCann de Melbourne, que aceitou criar, gratuitamente, uma campanha de utilidade pública combatendo o problema. 

Baseado numa ideia simples e objetiva, o publicitário John Mescall criou a campanha Dumb Ways to Die ou, em português, “maneiras estúpidas de morrer”.

O trabalho inicial, na verdade, era simples: tratava-se de um desenho animado com traços quase infantis mostrando diversos tipos de acidente. 

Tudo ao som de uma canção descritiva das cenas, cujo refrão se repetia: Maneiras estúpidas de morrer.

A campanha conquistou muitos prêmios e contribuiu para diminuir o número de acidentes nas estações de trem e nos lugares públicos da Austrália.

 Ao finalizar o artigo, Olivetto sugere:

 “Está na hora de surgir no Brasil uma campanha como a Dumb Ways to Die, explicando que o bom senso e o uso correto do celular podem evitar acidentes.

Só que a campanha no Brasil deve ter um tema mais amplo e emocional, porque existe outra coisa que o celular em excesso está matando: a conversa.

Fica todo mundo olhando para o celular, e ninguém mais fala com ninguém.

Maneira estúpida de viver.



 

EMPATIA



O primeiro sinal de civilização na história da humanidade? - perguntaram à antopóloga Margaret Mead.

Ela respondeu que, em culturas muito antigas,  o primeiro sinal de civilização pode ser o descobrimento de um fêmur quebrado e curado. E explicou.

No reino animal, se o bicho quebra uma perna, morre. Porque não vai conseguir fugir dos predadores, não conseguirá caçar ou ir até o rio beber água. A sobrevivência, comprometida.

Quando se fala em início da civilização, se um homem quebrou a perna e sobreviveu é porque outra pessoa o ajudou. E o manteve vivo e seguro durante esse tempo de cura.

"Ajudar alguém a ultrapassar as dificuldades é o ponto de partida da civilização, ao alcance da comunidade." -  para Mead.

Pra mim, um estágio avançado de empatia entre seres humanos. Dou por civilização, quando os primeiros se depararam com uma situação de escolha consciente, e usaram sua capacidade de livre-arbítrio.



 

setembro 18, 2023

LAURA PEIXOTO


 

A ciência armamentista não pode parar.

As fábricas de armas não podem parar.

As guerras não podem parar.

A destruição ambiental não pode parar.

As mortes não podem parar.

A bestialidade  humana em movimento.

JOSÉ LUTZENBERGER AVISOU

 



Lutzenberger e as inundações: 

há 49 anos, um depoimento revelador


"Em março de 1974, o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes históricas, o que fez José Lutzenberger (1926-2002), um dos maiores ambientalistas do país, escrever um texto sobre suas causas e consequências."


A filha Lara e a biógrafa Lilian Dreyer recuperaram o artigo para a republicação na Zero Hora.


"A leitura revela a impressionante atualidade das reflexões, indicando que os problemas recentes do clima não surgiram assim tão de repente."

Governos e agricultores destroem as margens dos rios.

Durante as catastróficas inundações de março de 1974, quem observasse o mar desde a barra do Rio Mampituba ou do alto dos morros de Torres podia ver água vermelha como tijolo novo, mais vermelha do que a do Guaíba no inverno. 



Observada de perto, a transparência da água era zero, como a do café com leite. A praia, até onde se podia avistar, ao Norte e ao Sul, estava coberta de detritos: aguapés, ramos, troncos e cadáveres de reses, porcos e galinhas. Em toda parte, populares com suas carroças juntavam lenha, cortando e rachando troncos com o machado. Alguns, com a maior naturalidade, carneavam animais mortos, levando a carne e deixando as entranhas.



Se as atitudes dessa pobre gente atestam a miséria de sua existência, a repetição das calamidades provocadas pelas enchentes confirma o que há tempo já se podia prever. 

Se hoje os estragos são imensos e os mortos se contam às centenas, não tardará o dia em que os flagelados e os mortos totalizarão milhões

Somos incapazes de aprender com nossos erros. 

As advertências dramáticas da natureza de nada valem. 

Insistimos no consumo de nosso futuro.

Com autorização da Fepam,  o governo Caumo destruiu mais ainda as margens do rio Taquari.

Antes das interferências irracionais do homem, cada local tinha a cobertura vegetal que convinha às condições do lugar, pois essa cobertura era resultado de seleção natural implacável através das longas eras da história da evolução.


Se dependesse de qualquer outro governo...


Um bosque intacto é um perfeito regulador do movimento das águas. 

A folhagem das árvores e do sub-bosque, das ervas e samambaias, o próprio musgo e os detritos que cobrem o chão freiam a violência do impacto das gotas da chuva. 


A secretaria do desambiente de Lajeado tem se esmerado em destruir a área verde do Parque do Engenho.

No bosque são não há solo nu. 

A capa de restos vegetais em decomposição é um cosmos de vida variada e complexa, com vermes, moluscos, escaravelhos e outros insetos, centopeias e miriápodes, aranhas e ácaros, pequenos batráquios e répteis e até mamíferos. 


Aqui a destruição foi bárbara. Um banhado, todo um ecossistema destruído... Palmas não faltaram.

A complementar o contínuo trabalho de desmonte, há os fungos e as bactérias, que mineralizam o material, devolvendo ao solo os elementos nutritivos que as plantas dele retiraram."

 

Leia na íntegra:https://gauchazh.clicrbs.com.br/ambiente/noticia/2023/09/jose-lutzenberger-e-as-inundacoes-ha-49-anos-um-depoimento-revelador-clmkjr8vl001r010ijhmysrhw.html



DO MEU CADERNINHO


 E lá estava eu. Precisava atravessar a ponte. Várias pessoas sobre ela, em cima de carros e carroças, carregadas  de coisas, uma caravana em fuga. Desisto da travessia e dou meia volta. Caio num atoleiro. A lama quase me engole e sobe até meu peito. Tento me livrar,  me debato. Vejo minha amiga e grito o nome: x, me ajuda. Ela ri e diz "te vira,  não posso me sujar"...  "Orra - eu grito - deixa de sacanagem, ajuda aqui!" e estendo meu braço. Ela só olha e volta a conversar com outras. Acordo com os dentes trincados. E com a certeza de q tem uns q a gente nunca vai  poder contar, por mais amigas q pareçam.  Os sonhos são clarividentes, queira ou não, a Pasternak.

ARVORES SEM CHANCE


Uma dezena de Flamboyants, na antiga Souza Cruz, serão derrubadas...

 


 

OS SETE PECADOS LITERÁRIOS


 

GULA – devorar um livro em poucos dias,

AVAREZA –  não emprestar livros,

LUXURIA – desejar um livro sem acabar de ler outro,

IRA – querer matar um personagem,

INVEJA – cobiçar o livro de outro,

PREGUIÇA – enrolar para terminar a leitura do livro,

ORGULHO – acreditar q o gênero q você lê é o melhor.

setembro 11, 2023

FERNANDO BIRRI

Arquivo Tete Kerbes: Arroio do Meio, 1956. 


 “A utopia está lá no horizonte.

Me aproximo dois passos,

ela se afasta dois passos.

Caminho dez passos

e o horizonte corre dez passos.

Por mais que eu caminhe,

jamais alcançarei.

Para que serve a utopia?

Serve para isso:

para que eu não deixe de caminhar.”

CADERNO DE ASSENTAMENTOS


Ontem falaram que o rio subiu muito. Cobriu quase toda a maxambomba. Desabrigou muita gente. Há quantos anos o Taquari encharca  a terra e lava até as raízes das Paineiras? Como se a gente não soubesse que enchente é moeda de troca para os políticos promoverem a "bondade". Leio no calendário Fischer, no mês agosto, uma epígrafe da Madame de Scudére: "as ações  sempre foram e hão de ser sempre mais sinceras que as palavras." E não é? -  p. 204.

DO MEU BLOQUINHO

1967. Depois do tufão, uma enchente no potreiro do canal.

*

 O vale deixou de ser lajeado pra ser aguado. Na foto antiga, a prova que sempre vivi a enchente. Fui sua cria. Agora, a destruição muito mais violenta. As águas cresceram, são adultas. Ou, os olhos da infância não percebiam a tristeza e o desespero.  Diz o escritor Eduardo Galeano que a memória guardará o que valer a pena. Que a memória sabe de mim mais do que eu e que a memória não perde o que merece ser salvo. Vidas, quase 50 e outros tantos, desaparecidos. Porque bens um dia se repõem: a rodoviária. A escola. O hospital. O moinho. O curtume. A olaria. O clube. O banco. A praça. A farmácia.  A casa do seu Durvalino, a casa da dona Iméria que viram telhados subirem em outros telhados. Escadas que não levam a lugar algum. Paredes sem quartos. Templos sem Cristo, dessacralizados. Árvores de raízes nuas. Cães desnorteados. Os fios dos postes como varais de espectros. Novas colinas de solidariedade surgiram: de roupas, calçados, cobertores, de água, de material de limpeza, de comida. Mas também de escombros enlameados. Os donativos não param de chegar e tem voluntário que se acha mais voluntário que outro. Pessoas que vagam desnorteadas, e quando o rio se acomodou no seu leito de vida, as águas dos olhos, de espanto, dor, medo e desesperança. Você não viu, porque você continuou na sua bolha confortável e quentinha. Você não mexeu um dedo porque você é bom de vomitar preconceitos e fazer montagens fotográficas.  E eu? Eu sei que não adianta soprar em flauta rachada. E não devo perder tempo com quem não tem leitura. Veja as psicólogas e veterinarias: boas para criar fraudes e exibir em suas redes. E chegaram os políticos para trazer alento e quem sabe grana, mas recebidos com pedradas online. E eu perdi as estribeiras. E eles perderam também. E o ódio bateu no portão. E vi uma arma que gritava vaca, puta, tu vai ter o que merece. E vi o dono do restaurante japonês fugir.  Sim, a enchente deixa todo mundo abobado, mesmo. E uns, de espumar de raiva. Muito loucos no terceiro vale mais fértil e triste do mundo.

CRISTO, FALA


Sua verdadeira face? Esse encontra-se no Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai, Egito -  um presente do imperador Justiniano em algum ano entre 501 a 600 anos d.C. Os cristos redentor e protetor, ocidentais, de cimento, espalhados pelo mundo, não correspondem a verdade. E esse? Também não. Mas me parece com mais importância histórica. 
 


 Nesse ultimo finde, a produtora cultural Maria Eugênya, no Twitter, postou que as lojas Riachuelo  botou à venda um modelito  muito parecido com o uniforme dos judeus nos campos de concentração nazistas, durante a 2ª Guerra.

Na legenda, ela diz:

 “O uso da estética violenta (holocausto, escravidão) pra gerar polêmica é uma das faces do marketing, não é novidade. Mas insisto que conhecer a história e a construção de pensamento crítico e preservação da memória falta pra muita gente ter no mínimo vergonha de achar isso aí ok.”

Como se sabe,  o dono da Riachuelo é bolsonarista. Não tem porque se espantar.