maio 14, 2013

GRACILIANO RAMOS

"Não imite ninguém,
faça coisa sua."

maio 13, 2013

OSCAR WILDE


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

TRILHA SONORA

M Ã E

Adão Iturrusgarai

Humor negro incomoda. 
Esse para o dia das mães, perfeito.

TEZZA, FONSECA, LYGIA...


 Ilustra de Rafael Corrêa

“Eu queria ser rico, sair da merda em que estava metido! Tanta gente rica e eu fudido.”

“Os homens e mulheres no chão estavam todos quietos e encagaçados, como carneirinhos. Para assustar  ainda mais eu disse, o puto que se mexer eu estouro os miolos.  Então, de repente, um deles disse, calmamente, não se irritem, levem o que quiserem, não faremos nada. 
Fiquei olhando para ele. Usava um lenço de seda colorida em volta do pescoço. 
Podem também comer e beber a vontade, ele disse. 
Filha da puta. As bebidas, as comidas, as jóias, o dinheiro, tudo aquilo para eles era migalha. Tinham muito mais no banco. Para eles não passávamos de três moscas no açucareiro.”

O conto “Feliz Ano Novo”, de Rubem Fonseca foi lançado em 1975. Não é atual, condizente com a nossa realidade?

Fui procurar na internet:
“Um ano depois do lançamento, quando o livro já tinha vendido 30 mil exemplares e uma quarta edição estava prestes a ser distribuída às livrarias, “Feliz ano novo” foi proibido pelo ministro da Justiça de Ernesto  Geisel, Armando Falcão, com uma alegação muito comum na época: a de atentar contra a moral e os bons costumes.
Um senador da Arena, o partido do Governo, chegou a dizer que se tratava de “pornografia pura”..

...na entrevista alguem questiona o escritor-personagem se ele é pornográfico: 

“Sou, os meus livros estão cheios de miseráveis sem dentes”, responde.

Rubem Fonseca não falou, mas agiu. 
Moveu uma ação contra a União por perdas materiais e danos morais. Enquanto os leitores brasileiros faziam fila com amigos que tinham um exemplar, o livro era publicado na Espanha e na França. 

Seria liberado no Brasil em 1985, mas reeditado apenas quatro anos depois, quando o autor ganhou a ação na Justiça.

E estão aí os contistas atuais se inspirando conforme a realidade ao seu redor e promovendo sentimentos antagônicos.

Sim, escrever é um “fetiche solitário”  já dizia Terry Eagleton, filósofo e crítico literário. 


Lygia Fagundes Telles

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