novembro 29, 2022

MARGUERITE DURAS


"Escrevo para saber 
o que escreveria 
caso escrevesse."

MALVINA


 C
onvido a todos que se interessam por História e Literatura para conhecer a página Malvina:

https://www.facebook.com/profile.php?id=100087761367582

É um projeto escolhido pela Secretaria de Cultura do RS para representar o Vale do Taquari!

Estamos muito felizes e orgulhosas com essa representatividade.

Uma das contrapartidas é o de manter um "blog".

Então criamos no facebook! Sempre estarei atualizando e revelando o que ficou de fora do livro, de quem  entrevistei, curiosidades no processo.

Se puderem apertar no "Seguir", agradeço!


pEnsAndO Aki...


 

“Amigos telefônicos são preciosos. E por isso mesmo, raros. 

Eu tenho três ou quatro, e bastam. 

Amigo telefônico é assim: você só fala por ele por telefone. Ou fala pessoalmente também, mas é completamente diferente.

Quando você encontra muito seguido um amigo telefônico, a amizade se divide em duas amizades paralelas: 

a que acontece cara a cara, e a que acontece telefonicamente.

Esta sempre mais funda.

Há coisas que só se diz por telefone. 

Telefone elimina rosto, gesto, movimento: a voz fica absoluta. 

O que a voz diz, ao telefone, é tudo, porque por trás dela não acontece nada como um franzir de sobrancelhas, um riso no canto da boca. 

E se acontece, você não vê. O que você não vê praticamente não acontece. Ou acontece tão vagamente que é como se não.

(...)

Amigo telefônico é noturno. A vontade de falar com ele costuma acontecer quando não há mais nada interessante na TV, quando todos os livros e todos discos do mundo não matariam a sede de ouvir uma voz humana dizendo coisas que respondam ou complementem ou rebatam outras coisas que a sua voz vai dizendo.

E vai dizendo sem preocupação de ordem, de lógica, de senso. 

Com amigo telefônico, toda preocupação de parecer lúcido, consciente & equilibrado é inteiramente desnecessária. Se uma terceira pessoa ouvisse um papo entre dois velhos amigos telefônicos, provavelmente acharia completamente louco.

Na amizade telefônica, a lógica é tão sutil que parece não existir. 

Mas existe.

Há também os silêncios.

Silêncio de amizade-cara-a-cara quase sempre soa (?) constrangedor.

As pessoas desviam os olhos, acendem cigarros, fazem comentários tipo nada-a-ver,

só para quebrar o silêncio.

Em amizade telefônica, nunca:

um fica ouvindo a respiração do outro durante muito tempo. E não precisa dizer nada.


Caio Fernano Abreu

in Jornal O Estadão/ 27 de maio de 1986.

E TU?

 

O que você leu quando criança? – é recorrente a curiosidade.

Não fui uma leitora sofisticada nem quando adulta.

Mas na casa de minha avó, em Cruz Alta,  tinha uma baita coleção do Almanaque Tico-tico.

Depois, a época de trocar Luluzinha no cinema.

Aí vieram As Aventuras de Tom Sawyer com Huckleberry Finn. Muito Monteiro Lobato. Robinson Crusoé. Os livros de Laura Ingalls Wilder. 

Aos treze anos li Carolina de Jesus e de arrasto a empatia.  

No Castelinho, por obrigação, Canaã, do pré-modernista Graça Aranha. 

Fui descobrir Machado depois de velha. 

Muita coisa do Jorge Amado, tão criticado pela Academia. 

Érico Veríssimo. Aí veio a fase Gabeira. Depois a fase autoras feministas. Muitos contistas. Muita poesia. Fase Assis Brasil. Fase Dramaturgia. Biografias. Filosofia.

 Aí achei que podia escrever...

Envelheci.



Alguns dizem que pirei.

Nada! Tô só buscando a criança aquariana que fui.