agosto 30, 2010

paulo leminski

sossegue coração

        ainda não é agora
           a confusão prossegue
        sonhos afora
           calma calma
        logo mais a gente goza
           perto do osso
        a carne é mais gostosa.

AUDREY

agosto 08, 2010

MACHADO DE ASSIS

"Os maus, no fim de conta, são dignos de lástima,

por serem tão fracos que não possam ser bons."



DIA DOS PAIS

by Anna Carolina

MEU SANTO INÁCIO...

Felipe Klein*
8

fui na missa. por penitência, expurgo e solidariedade. já entraram cantando sobre os q moram embaixo da ponte. duvido q os fiéis saibam, o padre saiba. du-vi-do. missa no salão paroquial pq a igreja ta em reforma. esse salão que outrora abrigou flagelados e apenados, hj os digníssimos membros católicos. era uma missa especial. impressionante como não se acha conforto sequer compreensão para momentos difíceis nessas celebrações. palavras vazias, cantorias ultrapassadas: os bem intencionados estão fora da realidade, mas deve ser por mando do seu bispo. “por nossas fraquezas humanas, Senhor, tende piedade”. não, não tenha, Senhor: aquele ali mandou derrubar um monte de arvores. aquele outro trai a mulher. aquela é fofoqueira. a outra, invejosa. e aquele paga e trata muito mal os funcionários. e por aí vai e eu não louvo o suficiente. mas tenho fé, juro. hj inicia a semana nacional da família, disse o padre. a família mudou, alguém avisa aí e favor não discriminar. de tudo gostei da frase “o tempo presente tem o peso da eternidade.” claro, não tem princípio nem fim. é intemporal. a gente apenas contempla misticamente. lembrei do velho na praça perguntando: viver depressa pra que? ai, jesus, não me ferra. a comunhão fica para uma próxima quando a alma mais branda e dadivosa.

VAZIO


O finito. O imponderável. Assim tenho consciência de que o fio vital é muito curto. E é também um desnorte eterno - alguém sussurrou ao meu lado, enquanto pingos cada vez mais grossos batiam no vidro da janela embaciada; enquanto o vento retorcia sombrinhas na rua e pessoas corriam buscando abrigo.

Mas, dentro daquele quarto do hospital, os primeiros sopros desencantavam para o mundo hostil através de um parto por cesariana. O primeiro ritual da vida, o primeiro compromisso do frágil ser humano que enche os pulmões com o ar contaminado do planeta. Arrancado das dobras seguras e mornas da mãe, a pequena personalidade reclamou aos berros e escancarou os olhos para a vasteza do mundo. Não deixei de admirar: daqui pra frente, uma incógnita. Vai se pintando de acordo com as cores dos pais. Vai se construindo conforme a família ao redor. Vai questionando ou se resignando com a sociedade organizada na sombra dos valores angustiantes e escassos dos dias de hoje. Assim será?


* excerto da minha crônica nos jornais Opinião, de Encantado e A Hora, de Lajeado.

agosto 04, 2010

CLARICE LISPECTOR



"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

dí-vida




to devendo.
mas pra eu.
ñ pra ce.
preciso d um trago. daqueles q derrubam.
trago d sarjeta.
d patinar no vômito.
d acabar na mesa. embaixo.
ta passando depressa e ta doendo.
d apertar a alma mesmo.
sair na noite.
só.zinha.
encare.
o fundo da garrafa.
pq tudo pode terminar
na próxima esquina.
ce entende?
tudo.