maio 26, 2017

RALPH ELLISON


"A compreensão da arte depende de sua vontade,
 finalmente, para entender sua humanidade 
e seu conhecimento da vida humana."

ERA UMA VEZ...

 Escultura de Michel Hirt

... uma linda bailarina que dançava todas as noites no Teatro Faqueiro. Mas, por um guerreiro que cuidava da portaria do teatro, os mais lindos ciseaux.



Ao apresentar pela quinta vez o balé “Quebra-Nozes” de Tchaikovsky para o povo da Gaveta, o inesperado: as colheres, garfos e facas sentiram um forte cheiro de queimado e saíram em correria abandonando a plateia.


Assustada, a bailarina também quis fugir. Mas junto ao proscênio acabou barrada por uma invejosa concha de plástico e um horripilante garfo escargot, com seus dois dentes curtos e ameaçadores, surgindo pelo alçapão do palco.

 Poderia ser trágico se não fosse heroico: o porteiro-guerreiro arriscou a própria vida para salvar a bailarina e todas pequenas colherinhas que aguardavam nas coxias. Empunhou seu escudo e protegeu as jovens do fogo e dos maldosos concha e garfo. 

 Escultura de Michel Hirt


Felizmente, quase todos conseguiram escapar. Mas, quando os bombeiros chegaram para apagar o incêndio, óóó... O Teatro Faqueiro já tinha virado cinzas.



E a concha e o garfo? - perguntou João Francisco.
Derretidos para sempre.
.
.
.
.
Morreram, vó?
Balancei a cabeça, afirmativa. Ele pensou um instante:
Malvados, né? - sorriu.
É.
.
.
.
.
(Minha pedagogia é do tempo dos Irmão Grimm)

maio 23, 2017

KARL MARX

Luiz Bhering
“Os homens fazem a sua própria história, 
mas não a fazem segundo a sua livre vontade;
não a fazem sob circunstâncias de sua escolha
e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, 
legadas e transmitidas pelo passado. 
A tradição de todas as gerações mortas oprime 
como um pesadelo o cérebro dos vivos” 

A VIDA É UMA RODA GIGANTE

 “O passado é como o cemitério. 
As pessoas o frequentam pouco.”
- diz a personagem arquivista em algum filme que assisti no Netflix.

Revisitei o meu, em Cruz Alta, terra do senador Pinheiro Machado, do jornalista Julio de Castilhos, do escritor Érico Veríssimo, do escultor Saint Clair Cemin... Com tanta gente ilustre, Cruz Alta derruba seus casarões antigos para dar lugar a prédios feios. A cidade despreza seu patrimônio cultural, perde seus mistérios e perde a chance do turismo histórico.
Salvador de Oliveira Preto casou com Maria Luciana de Jesus, minha  hexavó: uma filha, Clara Maria de Oliveira.

Clara casou com João Crisóstomo de Morais, meus pentavós: 3 filhos, Ciríaco, Maria Luciana e Senhorinha.

Minha tetravó Senhorinha Leite de Moraes casou com João David Ramos: 1 filha, Laura, minha bisavó.

Por outro lado...

João Antonio de Oliveira era fazendeiro. Casou com Edwiges Antonia de Conceição, meus pentavós.  

Nasceu  João Antonio de Oliveira Filho que casou com Leonor de Oliveira meus tetravós. 

O casal adotou Sebastião de Oliveira, de cor bronzeada e cabelo afro, sempre bem lambido por gumex.  Na minha imaginação, Sebastião seria um filho de João Antonio de Oliveira Filho com alguma descendente de escrava, justificando os cachinhos  afro da família.

Meu bisavô Sebastião casa com Laura Ramos, de quem herdei o nome: 3 filhas  Normélia, Senhorinha, Leonor - e um filho, temporão, Democratino.

# Normélia casou com João Tatsch Peixoto, meus avós. Tiveram três filhos: Marion, Yvon e Marília.
Vila Marília

Yvon Oliveira Peixoto casa com Ada Moraes Merten, meus pais: 4 filhos.

Por outro lado...

Wilhem Henrich Pittan casa com Catharina Lahn, meus pentavós  e pais de Christian Adolph Pithan.

Christian casa com Johanna Catharina Margaretha Hockmüller, meus tetravós e pais de Otília Emilia Pithan.

Otília casa com João Carlos Tatsch, meus trisavós, pais de Pacífica.

Pacífica casa com Luis Felipe Peixoto, meus bisavós paternos. Tem um filho, João Tatsch Peixoto que casa com  # Normélia Ramos de Oliveira.

Adoro isso...  Furungar no passado e descobrir suas traições, suas sovinices, as neuroses e os preconceitos, seus maus-tratos, os abortos, os saraus e os piqueniques, as frustrações de ser bailarina, de ser pianista, de ser juiz. Às vezes, por cima, às vezes, por baixo... Descobrir as guerras e os idílicos momentos de paz que viveram. É a nossa micro-história com todos os seus fantasmas a nos assombrar dos confins desse cemitério cibernético, onde descobri tudo isso.


maio 21, 2017

Zé Ramalho - Vida de Gado

FÁBULA INDIANA

"Um homem terrivelmente feio atravessava o deserto a pé quando viu uma coisa que brilhava na areia. Era um pedaço de espelho. O homem se ajoelhou, pegou o espelho e olhou.
Nunca antes tinha visto um espelho:
“Que horror!” – exclamou. “Não espanta que o tenham jogado fora!”


O homem largou o espelho e continuou seu caminho.

ENTÃO, NÃO É AMIZADE...