Lembre-se dos dias
da nossa primeira felicidade,
de como éramos fortes,
de como estávamos
tontos de paixão,
deitados o dia todo,
depois a noite
toda na cama estreita,
dormindo ali, comendo ali também:
era verão,
parecia que tudo havia
amadurecido de uma vez.
E com tanto calor
que ficamos
completamente descobertos...
Era uma quarta-feira de janeiro. O dia mais quente da
história desta cidade de raras árvores no centro. A burguesia lajeadense curtia
o mar chocolatão do sul, ou o nordestão de Santa Catarina. Os ricos, em Nova
Iorque, ou em algum resort nordestino. Dilma, ungida pelas urnas mais uma vez, ainda
não sofrera o golpe decretado pelos fascistas. Meu horóscopo incentivava a falar
as coisas certas às pessoas certas – mas sem ironia. Olho no olho, com
elegância. Não sou boa nos salamaleques.
Raramente ironizo, esfrego na cara: roubaram muito do Sebaldo. E quando digo
muito, não é sobre fotografias nos estúdios bolorentos onde trabalhava, mas
terreno no Alto do Parque. Incomodo seus pudores, suas vergonhas? Bom, dito
isso, calo. Não vale a pena remoer o passado e Sebaldo não deixou descendente.
No ultimo encontro em dezembro, disse que só queria arrumar os dentes. Eu
respondi que na volta das férias a gente ia dar um jeito. Não deu tempo. E lá
se vão dez anos...
+ 29 de janeiro de 2014
Dois depoimentos de Sebaldo aqui:
http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2009/07/o-fotografo.html
e http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2011/07/roteiro-para-o-um-curta.html
É triste ver os palestinos isolados por aquele imenso muro
de concreto de 700 km e 8 m de altura e sempre vigiado por um exército feroz.
No lado deles vi grafites coloridos de vários artistas. Menos mal, um pouco de cor e protesto. Região de conflito, dá uma tristeza acompanhar o genocídio promovido por Netanyahu em resposta ao ataque violento e criminoso do Hamas.
Atualmente existem cinco dessas barreiras de concreto ou arame que marcam a separação entre países: República Dominicana e Haiti, EUA e México, Grécia e Turquia, Marrocos e Espanha, Coreia do Norte e Coreia do Sul.
O mundo sempre atrás de terra e o que existe debaixo dela.
Em 13 de maio de 1808, por meio de um decreto assinado por D. João VI, criou-se
a Imprensa Régia.
A primeira obra impressa em solo brasileiro foi um livro de
liras e sonetos:
“Marília de Dirceu”, do jurista e poeta Tomás Antônio
Gonzaga.
A obra fala do amor entre Dirceu e Marília e está ambientada em Vila Rica, no final do século XVIII.
“Quando a morte de Deus,
abriremos o testamento para saber
Com a última tempestade, várias árvores caíram em Lajeado. Na Zero Hora fala-se em 50. No Correio do Povo, 300... Não dá para se fiar em ninguem. Arvores caídas e corrupção, de mãos dadas. Algumas caíram porque não conseguem respirar, sufocadas pelo cimento nas calçadas. No clube da cidade, as que não desabaram naturalmente, aproveitaram para cortar outras, culpando a fúria da ventania. É uma forma sofisticada de terminar com uma cidade, um clube, um parque: cortar árvores e erguer prédios.
Minha conscientização da importância da árvore como um ser vivo, um cosmo vivo, não tem muito tempo. Tardiamente, talvez, há 25 anos quando me dei conta que a árvore é considerada o maior símbolo de vida que existe no planeta, símbolo das relações entre o céu e a terra. Embaixo, comunica-se com outras pelas raízes. Pela ramagem e galhos se comunica com a humanidade quando oferece sua sombra, frutos e flores. Dizem que espíritos e almas se valem das árvores para transitar entre esses dois planos: terra e ar. Ao derrubá-las, vocês acabam com essa comunicação.
Vocês matam um ser vivo, tão ser vivo como o teu cachorro ou gato. Se acontece algo com eles, vocês correm para as redes postar fotos, invocar polícia e denunciar. Com árvores, silenciam e tornam-se cúmplices. Árvores tem a ver com a ancestralidade, e por isso, usada como símbolo do crescimento familiar: a árvore genealógica. Lajeado... Vive uma crise de cárater sem precedentes. E tem uns que ainda querem concorrer à prefeito. Para terminar de destruir o que não conseguiram como secretario desambiental.
Tu achavas que os direitos foram feitos pelos janotas que têm assento nos
parlamentos e tribunais?
Engana-te! O direito é feito com a carne do povo!
Quando se revoga um direito, desperdiça-se milhares de vidas ...
Os governantes que usurpam direitos, como abutres, alimentam-se dos restos
mortais de todos aqueles que morreram para se converterem em direitos!
Quando se concretiza um direito, meus jovens, eterniza-se essas milhares vidas!
Quando concretizamos direitos, damos um sentido à tragédia humana e à nossa
própria existência!
O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve
algum significado!
“Não cairá uma folha das árvores
Do Eclesiastes: E nasce o sol, e põe-se o sol, e apressa-se a voltar ao seu lugar de onde nasceu. Enquanto o governo Caumo-Schumacher licencia o abate de mata virgem na Av. Castelo Branco, a fiel engenheira florestal da prefa planta 50 mudas de árvore na mesma avenida.
É impressionante q ninguém se manifeste. Principalmente, a promotoria. Desmatar como esse governo vem fazendo é crime. E a gente sabe que a impunidade gera cada vez mais crimes ambientais. Agora surgiu um insta anônimo q tá postando algumas coisas - @contadordeponto. Embora eu acredite q anonimato é covardia.
Antes de Eva houve uma Lilith - dizem. Sendo assim, Eva seria a segunda esposa de
Adão?
Fui pesquisar. Cruzes... É um dizqdizq milenar. Mas resumo:
Lilith, criada por Deus com o mesmo barro usado para Adão. Lá pelas tantas, se rebelou e se recusou a "ficar sempre por baixo durante as suas relações sexuais".
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Mas Lilith cai em si daquela relação tóxica e se manda da chatice do Jardim do Éden.
Depois, alguns autores, homens, claro, a transformam em diaba, em cobra, claro!
(Um bom tema para o desfile das escolas de samba no
carnaval!)
E Adão? Desesperado, reza pra Deus, a ladainha toda, de choramingas & lágrimas, que a mulher presenteada havia fugido. O machista Todo Poderoso, o que faz?
Manda três anjos atrás de Lilith para trazê-la de volta
para o bocó do Adão.
Mas nada a convence, e aí os alados ameaçam Lilith com afogamento. Ela dá um corridão nos três patetas. Escandalizado, e pra moralizar, o Patriarca-mór a condena perder cem filhos por dia. Jura, né?
Seguinte: dependendo do ponto de vista de quem pesquisa, principalmente, os homens, Lilith é apresentada como uma diaba. Já para as pesquisadorAs, Lilibeth é considerada a primeira feminista da história da humanidade! É pra ver que o sexismo tá presente na criação do mundo e no inconsciente desde a criação deste mundo vasto mundo.
E a Eva? Surgiu da costelinha do Adão “à imagem de Deus”.
Enganada pela cobra astuta q ofereceu a maçã proibida da árvore do conhecimento, Eva aceitou, mordeu a maçã farinhenta e alcançou para Adão. Na mesma hora ficaram de cara, envergonhados porque descobriram que não viviam em uma praia de nudismo. Logo trataram de se cobrir com folhas de figueira chilena.
Mas Deus, o insensível, descobriu a trairagem de ambos e
rogou praga pra cima da serpente e da Eva. E Adão, o sonso? Foi suar e trabalhar
fora do paraíso! A propósito: tá na
Bíblia que foi Adão quem nomeou Eva, a sua segunda mulher. Pode?
Caríssimas irmãs e irmãos, pra ver como é antiga essa discriminação contra as mulheres, né? Sem falar na Pandora, a diva da fecundidade na mitologia grega! Vencida pela curiosidade, abriu a caixa ou um cântaro e todas as dores do mundo se espalharam.
Sim... Lilith, a independente. Eva, a insubordinada. Pandora, a investigadora.
Mas se depender da visão estreita dos machos... As mulheres
só ferraram a humanidade.
Ai, que saco tudo isso q a gente convive desde os
primórdios bíblicos, né? As punições, via de regra, sempre recaíam sobre as mulheres
desobedientes. TNC.
Acho que não...
Lula assumiu a presidência, em janeiro.
Acho que sim...
Uma semana depois, os bozonarentos depredaram as sedes
dos três poderes!
Contabilizaram a covid: 700 mil mortos.
Vimos cenas chocantes da desnutrição indígena – legado do
demo.
Daí veio o carnaval, daí enxurradas no Rio e Sampa.
O ano foi pedreira?
Acho que sim...
Em março uma profe assassinada por um aluno de 13 anos,
na escola.
Dia depois, em abril, um homem matou 4 crianças em uma
creche de Blumenau.
Acho que não...
Em maio, o ex-presidente Collor é condenado a
quase 9 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mas, deve
estar em casa, curtindo sua grana.
Acho que sim...
O tal ciclone extratropical aterrorizou três vezes o RS
nesse ano de 2023.
Os vento sopraram tão forte que deixaram Bostanaro inelegível por 8 anos.
Reflexos de seu governo violento ainda ecoaram:
Assassinaram a ialorixá e líder quilombola baiana, Mãe
Bernadete.
Foi um ano de eclipse.
E eclipses não fazem previsões.
Um planeta em guerra. E a gente não sabe da verdade.
Um planeta incendiado, um planeta abalado por terremotos.
Um planeta sucumbido por inundações e secas.
Um planeta devastado pela corrupção dos governos,
pela violência policial e pelas facções.
O ano foi pedreira?
Definitivamente sim, morreram grandes inspirações: Gloria Maria e Rita Lee.
A miscigenação da nossa aldeia ítalo-alemã, aos poucos ganha outras vozes. Outras culturas. Outros sonhos. A característica marcante do povo brasileiro é a miscigenação, mas eles devem sofrer muito aqui. Lajeado - que já chegou a reunir nos anos 30 um grupo grande de simpatizantes nazistas - no transcorrer de sua história contaminou os filhos e os netos com ódio e preconceito.
Caso você se interesse por saber mais, leia: https://quipaeditora.com.br/migracao-trajetoria da autoria da antropóloga e professora Margarita Rosa Gaviria Mejía.
Morte é uma situação intrigante que interessa aos
escritores. A gente sabe que a passagem final é um sopro para o Nada. Antes de morrer, as últimas palavras de:
“Ninguém me entende?”
Jane Austen
“Não quero nada mais que a morte”
“Deem-me café, eu quero escrever”
Franz Kafka
“Mata-me! Ou serás um assassino!”
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Emily Dickinson
“Eu devo ir, o nevoeiro está aumentando.”
Charlotte Brontë
“Não vou morrer. É verdade? Ele não nos separará. Nós somos muito felizes.”
Thomas Hobbes
“Eu estou para tomar a minha última viagem. Um grande salto no escuro”
Lewis Carroll
“Afasta essas pastilhas. Não preciso mais delas.”
Karl Marx
“Últimas palavras são para tolos que não disseram o suficiente.”
Alfred Hitchcock
“Nunca se sabe o final. É preciso morrer para saber exatamente o que acontece depois da morte, embora os católicos tenham suas esperanças”
Truman Capote
“Sou eu, sou Buddy… Tenho frio.”
George Orwell
“Aos cinquenta, todo mundo tem o rosto que merece”.
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Liev Tolstói
“Amo tantas coisas, tanta gente…”.
“Faz muito tempo que não bebo champanhe…”.
“Eu sabia, eu
sabia… Nasci num quarto de hotel e morrerei num quarto de hotel.”
“Agora
eu irei dormir.”
“Vocês não me encontrarão vivo no nascer do sol”
Em dezembro, uma exposição bonita de bonsais no Shopping
Benoit. Em Lajeado, no bairro Conventos, uma escola ensina como torcer
essas árvores em miniaturas.
Eu já tentei umas quatro vezes “criar” um bonsai. Mas fiz tudo errado.
Pensei que existiam para o meu deleite dentro de casa, mas não – um rapaz explicou. “Precisam
de sol, chuva como todas as demais árvores.”
A técnica do bonsai tem suas raízes na Índia, só depois se espalhou pela China e no Japão.
E nos anos 30 desembarcou no Brasil pelas mãos do imigrante Tyotaro
Matsui.
Na cultura chinesa caiu como uma luva... Desde o século X ou XI, eles já enfaixavam os pés das mulheres a fim de mudar o formato dos pés e continuarem pequenos. Capaz que perderiam a oportunidade de criar árvores diminutas também! Aliás, só com a revolução chinesa em 1912, que tamanha barbárie física foi abolida.
Em Lajeado criar bonsais é uma boa. Porque se o povo e o governo detonam com as árvores nos quintais e calçadas, ainda assim poderemos curtir as miniaturas em exposição.
Para minha surpresa, nesse exato momento que escrevo, ouço o som da motosserra rugindo no bairro. Fui espiar. Extirparam uma árvore na calçada da vizinha.
Nada restará dessa cidade, um dia. Eu espero encontrar todos
vocês no inferno.
Em 1960, a geógrafa Maria Teresa Craveira Pereira fez o
inventário do patrimônio de Lisboa. Porque até 1990 os prédios vinham sendo
demolidos "perdendo a identidade por uma pretensa modernidade que já
estava até fora do tempo."
Imagina Lajeado, então!!!
Bem que podiam começar a retirada dos retalhos asfálticos dos lindos paralelepípedos, um postal turístico em varias cidades do mundo.
Vai custar uma fortuna enterrar fio?
Acabem com as ferragens cafonas da Júlio que já ajuda.
E não coloquem nunca mais.
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