10 ANOS SEM SEBALDO
Era uma quarta-feira de janeiro. O dia mais quente da
história desta cidade de raras árvores no centro. A burguesia lajeadense curtia
o mar chocolatão do sul, ou o nordestão de Santa Catarina. Os ricos, em Nova
Iorque, ou em algum resort nordestino. Dilma, ungida pelas urnas mais uma vez, ainda
não sofrera o golpe decretado pelos fascistas. Meu horóscopo incentivava a falar
as coisas certas às pessoas certas – mas sem ironia. Olho no olho, com
elegância. Não sou boa nos salamaleques.
Raramente ironizo, esfrego na cara: roubaram muito do Sebaldo. E quando digo
muito, não é sobre fotografias nos estúdios bolorentos onde trabalhava, mas
terreno no Alto do Parque. Incomodo seus pudores, suas vergonhas? Bom, dito
isso, calo. Não vale a pena remoer o passado e Sebaldo não deixou descendente.
No ultimo encontro em dezembro, disse que só queria arrumar os dentes. Eu
respondi que na volta das férias a gente ia dar um jeito. Não deu tempo. E lá
se vão dez anos...
+ 29 de janeiro de 2014
Dois depoimentos de Sebaldo aqui:
http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2009/07/o-fotografo.html
e http://guardachuvadelaura.blogspot.com.br/2011/07/roteiro-para-o-um-curta.html
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